26/Nov/2021

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), novas legislações ambientais na União Europeia podem fazer com que o Brasil perca mercado de farelo de soja no bloco. Caso novas leis, em especial o Pacto Ecológico Europeu, dificultem a exportação do Brasil, a Europa pode fazer desvio de comércio e comprar mais farelo de soja dos Estados Unidos. E os Estados Unidos iriam adorar isso, porque estão estimulando o diesel verde, então vão ter de processar muita soja, já que o óleo é a principal matéria-prima, e vai sobrar muito farelo. Se isso acontecer, o Brasil pode passar a exportar mais grão e menos farelo, o que é ruim. Hoje, a Europa tem participação de aproximadamente 50% da exportação brasileira de farelo de soja.

A possível dificuldade é que a Europa planeja classificar o risco de países, e nações consideradas de alto risco precisarão de um due dilligence mais extenso, ou seja, deverão apresentar informações mais detalhadas sobre a origem e o impacto de produtos que estão vendendo. Se disserem que o Brasil é de alto risco e os Estados Unidos, de baixo, isso muda o padrão de comércio. A situação pode ser comparada ao que aconteceu com o óleo de palma da Indonésia, que foi excluído do mercado de biodiesel na Europa por ser considerado um produto de alto impacto. O Brasil corre o risco de viver a mesma coisa, inclusive de política discriminatória contra o País, o que poderia ser discutido até na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O ideal seria o governo brasileiro se comprometer a reduzir o desmatamento e, em contrapartida, a Europa reduziria o risco atribuído ao Brasil. O problema é o 'timing', porque, desde que a Europa começou essa discussão, há dois anos, o nosso desmatamento só sobe. E não dá para controlar o desmatamento em um mês, isso demanda mais tempo. A entidade fez críticas ao projeto europeu, afirmando que as medidas podem ir além da redução do impacto ambiental e acabar impedindo o mercado de operar. Se isso acontecer, os preços vão subir. A comida muda de padrão, a indústria europeia que usa farelo de soja brasileiro vai ter alta de custos. Vai haver um incentivo negativo enorme para a indústria de proteína animal da União Europeia. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.