16/Nov/2021
A tendência é de pressão baixista para os preços da soja no médio e longo prazos, com o bom andamento do plantio da safra brasileira 2021/2022, queda dos prêmios nos portos brasileiros, entrada da safra dos Estados Unidos no mercado e aumento da oferta interna, com os produtores desovando os estoques antes do início da colheita da safra nacional – que deverá ocorrer a partir do final de dezembro deste ano. As cotações futuras seguem sustentadas em Chicago, com futuros para 2022 oscilando entre US$ 12,40 e US$ 12,70 por bushel para os vencimentos janeiro a novembro do próximo ano. A semeadura da safra 2021/2022 de soja está em ritmo acelerado no Brasil, tendo atingido mais de 65% da área prevista. O clima vem favorecendo as lavouras, o que já vem gerando expectativa de maior produtividade. Nesse cenário, os vendedores se mostram mais dispostos a negociar o restante da temporada 2020/2021, liberando os armazéns para a chegada da nova safra, que, por sua vez deverá ter as atividades de colheita iniciadas a partir do final de dezembro/2021 e começo de 2022.
Esses agentes também têm interesse em fechar contratos a termo, especialmente diante da possibilidade de maior oferta. Ressalta-se, contudo, que as negociações desta temporada estão bem lentas frente a anos anteriores. 67% do total da área de soja do Brasil havia sido semeada até o dia 6 de novembro, contra 55% no mesmo período do ano passado. Dentre as regiões brasileiras, 96% da área estimada havia sido semeada em Mato Grosso; 75%, em São Paulo; 88%, em Mato Grosso do Sul; 78%, no Paraná; 76%, em Goiás, 46,9%, em Santa Catariana; 40%, na Bahia e Maranhão, 65%, no Tocantins; e, 12%, no Rio Grande do Sul e no Piauí. Quanto às negociações, em Mato Grosso, 44% da produção estimada para 2021/2022 está comprometida, contra 64% no mesmo período de 2020. No Paraná, apenas 8% da nova safra foi negociada, contra 40% no ano passado. Com cultivo acelerado, expectativa de maior oferta e produtores se mostrando mais dispostos a negociar, os preços da oleaginosa estão recuando.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta baixa de 3,8%, cotado a R$ 159,17 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ também registra queda de 3,8% nos últimos sete dias, a R$ 156,39 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram baixas de 4,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 4,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). De médio a longo prazos, observa-se queda nos preços FOB da soja, com base no Porto de Paranaguá (PR). Enquanto as negociações para embarques de soja para novembro/2021 e dezembro/2021 registram média de US$ 496,30 por tonelada, as negociações para março/2022 e abril/2022 tem média de US$ 461,61 por tonelada, queda de 7% nos últimos sete dias. Esta variação negativa se deve também à menor receita com os derivados. O farelo de soja FOB Paranaguá é negociado a US$ 386,00 por tonelada para dezembro/2021 e a US$ 362,00 por tonelada para março/2022 e abril/2022, expressiva queda de 6,2% nos últimos sete dias.
O óleo de soja está cotado US$ 1.380,00 por tonelada para embarques até o final deste ano e a US$ 1.261,00 por tonelada de março a abril de 2022, diminuição de 8,6% no mesmo comparativo. Assim, o crush margin para 2022 está inferior ao atual, passando de US$ 66,00 por tonelada. Houve valorização de 16% nos últimos sete dias, para US$ 60,00 por tonelada entre março e abril de 2022. No mercado doméstico, os preços do farelo e de óleo estão em baixa. Os valores do farelo apresentam recuo de 2,9% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) acumula desvalorização de 2,5% no mesmo comparativo, indo para R$ 8.273,23 por tonelada. A área destinada à cultura deverá ultrapassar os 40 milhões de hectares e crescer 4% em relação à temporada passada. A produtividade está estimada em 3,5 toneladas por hectare, em linha com a temporada anterior. Assim, a oferta esperada deverá superar 145 milhões de toneladas. O esmagamento interno de soja deve ter leve queda de 0,2%, para 47,1 milhões de toneladas. A exportação de 2022 está estimada em 93 milhões de toneladas.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), por sua vez, estima a produção brasileira de 2021/2022 em 144 milhões de toneladas e a mundial, em 384 milhões de toneladas (5% acima da safra anterior). O esmagamento mundial de soja deve crescer 4%, para 328,8 milhões de toneladas; o consumo alimentício deve aumentar 4,1% (para 21,9 milhões de toneladas) e o para ração animal, 5,2% (para 27,3 milhões de toneladas). Isso vai exigir que as transações externas também subam, mas as estimativas são de que a China compre volume equivalente ao da safra anterior, de 100 milhões de toneladas. Em nível mundial, a relação estoque final/consumo está prevista em 27,5%, contra 27,6% na temporada 2020/2021. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2021 da soja registra avanço de 0,2% nos últimos sete dias, a US$ 12,12 por bushel. Para o farelo, o contrato Dezembro/2021 acumula alta de 2,6% no mesmo comparativo, a US$ 379,74 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja apresenta recuo de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 1.303,80 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.