08/Nov/2021
A tendência é baixista para os preços da soja no mercado brasileiro, com a queda das cotações futuras em Chicago e dos prêmios nos portos brasileiros, além do bom andamento da colheita nos Estados Unidos e do plantio da safra 2021/2022 no Brasil. O dólar encerrou a primeira semana de novembro em queda de 2,19%, após encerrar outubro em alta de 3,67%. Nos últimos 15 dias, o preço da soja no Brasil recuou, em média, R$ 8 por saca de 60 Kg. As cotações futuras da soja na Bolsa de Chicago estão sendo pressionadas pelos dados que apontam para maior produtividade, produção e estoque final nos Estados Unidos na safra 2021/2022, bem como para exportações menos expressivas do país. Esses dados atualizados serão apresentados no relatório mensal de oferta e demanda que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgará nesta próxima terça-feira (09/11). A desvalorização considerável do óleo de soja, que nas últimas semanas ajudou nos ganhos do grão, também vem pressionando os futuros.
A tônica baixista também tem relação com o tempo seco, que favorece o rápido avanço dos trabalhos de colheita nos Estados Unidos e com as chuvas que seguem favorecendo regiões agrícolas do Brasil. Mesmo em período de entressafra, os preços de soja estão em queda no mercado brasileiro, registrando os menores patamares desde julho/2021, um cenário atípico para esta época do ano. A pressão está atrelada à necessidade de liberar estoques para a chegada de uma nova safra, que pode ser recorde e que deve elevar a relação estoque/consumo final. As condições climáticas seguem favoráveis à semeadura no Brasil – as atividades já entram na reta final nas principais regiões. O maior interesse de venda nas últimas semanas pressionou os valores dos prêmios de exportação no Brasil, mesmo diante da queda nos preços externos. Além disso, com a intenção de aumentar a liquidez no spot nacional, os produtores prolongaram o prazo de pagamento, em alguns casos para o primeiro trimestre de 2022.
Com base no Porto de Paranaguá (PR), a oferta de prêmio de exportação de soja em grão, com embarque em dezembro/2021, é de +US$ 1,35/bushel, abaixo dos +US$ 1,55/bushel na semana anterior. No mesmo período de 2020, não havia negociações de prêmios para o último bimestre daquele ano. Quanto ao embarque em fevereiro/2022, as ofertas estão em +US$ 0,50/bushel, abaixo dos +US$ 0,70/bushel negociados no mesmo período de 2020, para embarque em fevereiro/2021. Nos últimos sete dias, o Indicador ESALQ/BM&F – Paranaguá caiu expressivos 4,0%, para R$ 165,21 por saca de 60 Kg, o menor valor desde o dia 9 de julho. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná registrou significativa queda de 3,7%, no mesmo comparativo, para R$ 162,28 por saca de 60 Kg, o menor desde o dia 12 de julho. Na média das regiões, os valores recuaram 1,3% no mercado de balcão (pago ao produtor) e 2,4% no de lotes (negociações entre empresas) no mesmo comparativo.
A queda nos preços domésticos foi limitada pela continuidade das importações da China, mesmo com a entrada da safra nos Estados Unidos. O fato é que, devido à taxa cambial elevada, o produto brasileiro ainda é competitivo no mercado internacional. Em outubro, o Brasil exportou 3,295 milhões de toneladas de soja em grão. Apesar de ser 32% inferior ao volume escoado em setembro, supera em 36% a quantidade embarcada em outubro/2020. Na parcial do ano (janeiro a outubro), as exportações de soja em grãos totalizaram 80,820 milhões de toneladas, 0,5% menores que as do mesmo período de 2020. Já nos Estados Unidos, na parcial da safra 2021/2022 (setembro a outubro), as exportações totalizaram 10,86 milhões de toneladas, 36,7% inferiores às do mesmo período da temporada passada. As atividades no campo brasileiro seguem em ritmo acelerado, favorecidas pelo clima. A semeadura já terminou nas regiões do oeste do Paraná, norte e oeste de Mato Grosso e da Mogiana, em São Paulo.
Até o dia 30 de outubro, a semeadura de soja já havia atingido mais da metade da área nacional (53,5%). Dentre os estados, 96% foram semeados em Mato Grosso; 72% em Mato Grosso do Sul; 65%, em São Paulo; 60% em Goiás e no Paraná; 40% em Tocantins e em Minas Gerais; 35% em Santa Catarina; 9% na Bahia; e 6% no Maranhão, Piauí e Rio Grandes do Sul. Na Argentina, as recentes chuvas permitiram o avanço na semeadura da safra 2021/2022. As atividades no país atingiram 7,1% da área, estimada em 16,5 milhões de hectares, avanço semanal de 2,5 pontos percentuais. Nos Estados Unidos, a colheita segue para a reta final, com 79% da área colhida até o último final de semana, abaixo dos 86% em igual período de 2020 e um pouco atrás da média dos últimos cinco anos (81%), conforme relatório de acompanhamento de safras do USDA. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.