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01/Nov/2021

Tendência de alta com demanda pelo óleo aquecida

A disposição das indústrias em pagar mais pela soja em grão é dependente da receita que estas obtêm com derivados, com destaque para óleo e farelo. Desde 2020, os preços do óleo registram elevações expressivas, sendo mais recentemente sustentados pela maior demanda, pela valorização do petróleo, pelas altas externas e pelos avanços dos prêmios de exportação do Brasil. No mês de outubro, em especial, as cotações do óleo renovaram os recordes nominais da série do Cepea, iniciada em julho de 1998. Em termos reais (médias deflacionadas pelo IGP-DI de setembro/2021), os atuais preços do óleo de soja são os maiores em um ano. Apesar das variações no percentual da mistura de biodiesel no óleo diesel neste ano, o consumo de óleo de soja para o segmento industrial passou superar o consumo para a produção de alimentos. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o óleo de soja é matéria-prima para pouco mais de 70% do biodiesel produzido no Brasil.

O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) teve média de R$ 8.221,87 por tonelada em outubro, expressivos 9,7% superior à média de setembro e a maior desde outubro/2020, em termos reais. Ressalta-se que o avanço mensal ainda foi limitado pelo recuo de 1,2% nos preços nos últimos sete dias. No Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação do óleo de soja, com embarque em dezembro/2021 registra alta. Assim, ao se computar as receitas geradas com as vendas de farelo e de óleo, o valor obtido com a venda do óleo passou a ter maior participação na margem de lucro das indústrias, sendo, inclusive, a maior desde janeiro/2012 no estado de São Paulo. Com base nos preços de São Paulo no dia 28 de outubro, a margem de lucro das indústrias está sendo composta por 56,4% das vendas de farelo de soja e de 43,6% das de óleo de soja. Vale ressaltar que, para cada tonelada de grão processado, o rendimento é de 78% para o farelo e de 19% para o óleo.

Como comparação, no mesmo período do ano passado, as participações eram de 63,3% para o farelo e de 36,7% para o óleo. Para 2022, há otimismo por parte das empresas com a elevação de mistura de biodiesel, já que isso deve elevar o consumo industrial. A mistura de biodiesel ao óleo diesel deve passar para 13% (B13) em janeiro e fevereiro e para 14% (B14) de março a dezembro de 2022. O que preocupa agentes, por outro lado, é a finalização prevista para os leilões públicos na comercialização de biodiesel, que deverá passar a ser realizada entre empresas produtoras de biodiesel e negociantes de combustíveis. A demanda mundial também segue crescente, atingindo volumes recordes. Na safra 2020/2021, a produção global de óleo de palma (principal concorrente do óleo de soja) foi a menor desde a temporada 2017/2018, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), levando os consumidores a adquirirem maior volume de óleo de soja.

Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento do óleo de soja subiu expressivos 6,8% entre as médias de setembro e de outubro, a US$ 1.347,44 por tonelada em outubro. Com base nos preços externos, a participação do óleo de soja na margem de lucro das indústrias seria de 47,3% e a de farelo, de 52,7%. Normalmente, a participação do farelo passava de 60% e a de óleo, portanto, não chegava a 40%. O aumento na demanda por óleo limita a queda nos preços domésticos da soja. No geral, a desvalorização do grão está relacionada ao maior excedente interno e à expectativa de safra 2021/2022 mundial recorde. Nos últimos dias, os produtores brasileiros elevaram o volume de oferta, aumentando a liquidez no spot. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,4%, cotado a R$ 172,17 por saca de 60 Kg.

Considerando-se as médias de setembro e de outubro, este Indicador recuou 0,9%. Porém, na comparação com outubro de 2020, verifica-se avanço, de expressivos 7,2%, em termos nominais. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1% nos últimos sete dias, a R$ 168,21 por saca de 60 Kg. Em outubro, a média do Indicador foi de R$ 168,21 por saca de 60 Kg, baixa de 0,8% frente ao mês de setembro, mas com aumento de 6,2% em relação a outubro/2020. Nos últimos sete dias, os valores registram baixa de 0,8% no mercado de balcão (preços pago ao produtor) e de 0,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre setembro e outubro, as médias avançaram 0,1% no mercado de balcão, mas recuaram 1,2% no mercado de lotes. As médias atuais estão 12% e 5,5% acima, respectivamente, das verificadas há um ano.

Quanto à safra 2021/2022 do Brasil, embora os altos índices pluviométricos tenham interrompido os trabalhos de campo na Região Sul, as atividades seguem avançadas quando comparadas às da safra passada. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a semeadura da safra 2021/2022 já havia alcançado 36,8% da área nacional até o dia 23 de outubro, contra 20,5% no mesmo período de 2020. Dentre as regiões brasileiras, 67% da área estimada havia sido semeada em Mato Grosso, 41% em Mato Grosso do Sul, 45% em Goiás, 40% em São Paulo e 38% no Paraná. Mato Gross é o Estado mais adiantado em relação à safra 2020/2021, com avanço anual de 39%, seguido por São Paulo e Goiás, com progressos anuais de quase 30%. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, as chuvas impediram que os trabalhos fossem mais intensos. Até o dia 23 de outubro, apenas 5% da área total estava semeada, em linha com o mesmo período do ano passado. Na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), as precipitações ainda são insuficientes para o avanço da semeadura. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.