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18/Out/2021

Tendência de baixa da soja com mercado ofertado

A tendência é de baixa para os preços da soja no mercado brasileiro, diante da retração dos contratos futuros na Bolsa de Chicago, que declinaram de patamares entre US$ 14 a US$ 15 por bushel nos primeiros meses deste ano, para o patamar atual ao redor dos US$ 12 por bushel. No curto prazo, o dólar em patamares próximos de R$ 5,50 e os prêmios em alta nos portos brasileiros limitam as quedas de preços no mercado interno. No longo prazo, para a próxima temporada, o viés é baixista para os preços domésticos da soja. O clima segue favorecendo a colheita de soja nos Estados Unidos e a semeadura da oleaginosa em grande parte das regiões brasileiras. Esse cenário somado às estimativas indicando maior relação estoque/consumo final na safra 2021/2022, em termos mundiais, ao ambiente de otimismo em relação à oferta e ao certo pessimismo sobre a demanda estão pressionando os contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago.

No dia 13 de outubro, especificamente, o contrato Novembro/2021 da soja operou no menor valor do ano, a US$ 11,95 por bushel. Agora, o mesmo vencimento está cotado a US$ 12,06 por bushel, com queda de 3,3% nos últimos sete dias. Com isso, os compradores brasileiros estão afastados das aquisições no spot, na expectativa de adquirir lotes a preços menores nas próximas semanas. Entretanto, produtores também estão retraídos nas vendas do remanescente da safra 2020/2021, atentos aos trabalhos de campo da temporada 2021/2022 e temendo os impactos do fenômeno climático La Niña sobre as lavouras de soja, o que, por sua vez, pode ser registrado no principal período de desenvolvimento da oleaginosa. Os prêmios de exportação estão avançando no Brasil, limitando as baixas nos preços domésticos. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,1%, cotado a R$ 168,55 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,9% nos últimos sete dias, a R$ 166,48 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram recuo de 1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Segundo o relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção global de soja deve atingir volume recorde na temporada 2021/2022, de 385,1 milhões de toneladas, puxada por estimativas de produções recordes nos Estados Unidos e no Brasil, de respectivos 121 milhões de toneladas e de 144 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, dos 34,97 milhões de hectares cultivados com soja, 49% haviam sido colhidos até o dia 10 de outubro, acima dos 40% na média dos últimos cinco anos. No Brasil, 14% dos 40,4 milhões de hectares foram semeados até o dia 9 de outubro.

Dentre as regiões brasileiras, 21% da área estimada havia sido semeada em Mato Grosso; 20%, em São Paulo; 20%, em Mato Grosso do Sul; 16%, no Paraná; 14%, em Santa Catariana; 13%, em Goiás; e 2%, na Bahia e em Tocantins. A semeadura só não foi mais intensa na Região Sul do Brasil devido às recentes chuvas, que interromperam os trabalhos de campo. Com isso, os produtores do Rio Grande do Sul aproveitaram o clima para tratar sementes e regular máquinas e equipamentos para a semeadura. Na região oeste do Paraná, entretanto, os produtores anteciparam o plantio, antes das chuvas, e, com isso, 50% da área já foi semeada na região. Na Argentina, o USDA reduziu a projeção de produção em 1,9% frente ao volume estimado no mês passado, agora indicada em 51 milhões de toneladas, a maior desde a safra 2018/2019. Mesmo com recuos nas estimativas de transações e esmagamento neste mês, em âmbito global, esses segmentos devem registrar quantidades recordes nesta temporada, previstas pelo USDA em 173,1 milhões de toneladas e em 328,4 milhões de toneladas, respectivamente.

A relação estoque/consumo mundial deve ser de 27,72%, a maior desde a safra 2018/2019, em virtude dos maiores estoques. O USDA indica que a China deve registrar o maior estoque de passagem da história, de 35,9 milhões de toneladas em setembro/2022. O Brasil pode apresentar o maior volume de soja em estoque desde a safra 2018/2019, em 28,2 milhões de toneladas, também em setembro/2022. Os Estados Unidos, por sua vez, podem somar estoque de 8,7 milhões de toneladas de soja, 24,9% acima da safra passada. Os estoques da Argentina devem totalizar 25,7 milhões de toneladas da oleaginosa na safra 2021/2022, abaixo das 25,75 milhões de toneladas projetadas para a 2020/2021. Os consumos mundiais de farelo e de óleo de soja na temporada 2021/2022 são previstos em volumes recordes, de 253,3 milhões de toneladas e 61,2 milhões de toneladas, respectivamente.

O consumo de farelo deve crescer 3,2% entre as duas últimas safras e o de óleo, 1,27% na área alimentícia e 9,9% no segmento industrial. Este aumento se deve às menores produções de óleos de girassol e de palma. Esse cenário gera um desafio para as indústrias comercializarem o farelo de soja. Diante disso, os preços de farelo registram baixa de 1,4% nos últimos sete dias. No caso do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), os preços apresentam alta de 2,8% no mesmo comparativo, indo para R$ 8.107,42 por tonelada. No dia 11 de outubro, o preço do óleo de soja atingiu R$ 8.154,94 por tonelada, o maior valor nominal da série histórica. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros de farelo e óleo de soja, referentes ao contrato Dezembro/2021, registram quedas de 1,6% e de 2,6%, indo para US$ 346,23 por tonelada e US$ 1.332,46 por tonelada, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.