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27/Set/2021

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é preços sustentados para a soja em grãos no mercado brasileiro, com cotações futuras relativamente estáveis, dólar firme na faixa entre R$ 5,30 e R$ 5,30, prêmios elevados nos portos brasileiros e baixos estoques disponíveis da safra 2021. As cotações futuras da soja em grãos na Bolsa de Chicago para os contratos com vencimentos em 2022 oscilam entre US$ 12,50 e US$ 13,00 por bushel. As chuvas nas regiões produtoras de soja têm sido irregulares e abaixo do esperado, e previsões indicam que esse cenário pode persistir até outubro. Diante disso, os produtores diminuíram o ritmo de semeadura da nova safra, que havia sido iniciada na semana passada em diferentes Estados, especialmente em Mato Grosso e no Paraná. Ao mesmo tempo, incertezas relacionadas ao crescimento da China e a uma empresa do segmento imobiliário daquele país acabaram pressionando os valores brasileiros do grão, apesar da valorização dos derivados. Os produtores se afastam do mercado, e há aumento na disparidade entre as ofertas de compra e de venda.

Nos últimos 30 dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 4,1%, cotado a R$ 173,73 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 3,4% nos últimos 30 dias, a R$ 170,06 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações registram leve recuo de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas). No campo, as previsões do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) indicam mais de 70% de probabilidade de chuvas em diversas regiões do Brasil nesta semana, mas de forma irregular. Esse clima adverso pelo segundo ano consecutivo vem preocupando agentes, tendo em vista que pode voltar a prejudicar a 2ª safra de 2022, especialmente de milho.

Há confirmação da ocorrência de La Niña, fenômeno climático que pode diminuir o volume de chuva e elevar as temperaturas nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul e aumentar as precipitações na Região Norte e em parte da Região Nordeste. Caso esse cenário se confirme, a safra 2021/2022 da soja pode ser prejudicada, visto que haveria restrição hídrica entre dezembro e janeiro (principal período de enchimento de grãos). No Paraná, do total da área a ser cultivada no Estado, 3% haviam sido semeadas até o início da semana passada, avanço de apenas 2% em relação ao período anterior. Em Mato Grosso, os trabalhos de campo foram interrompidos em muitas regiões, com produtores à espera de novas chuvas para dar continuidade à semeadura. Do total da área destinada à soja no Estado, 0,3% haviam sido semeadas até o dia 17 de setembro, acima dos 0,1% da média dos últimos cinco anos. Em Goiás e em Minas Gerais, o período de vazio sanitário terminou no dia 24 de setembro, mas a escassez de chuva não anima os produtores a darem início aos trabalhos.

Em São Paulo e em Mato Grosso do Sul, o cultivo também não foi iniciado, visto que os produtores aguardam chuvas. Nos últimos sete dias, os preços do farelo de soja registram alta de 0,9%, impulsionados pelo elevado patamar dos prêmios de exportação, que, por sua vez, é influenciado pela firme demanda externa, especialmente da China. Neste caso, notícias indicam que as principais indústrias de esmagamento de soja na China estão com algumas fábricas paradas, devido às restrições de consumo de energia naquele país. Esse cenário está elevando as cotações do farelo na América do Sul. Os preços do óleo de soja estão em queda no mercado brasileiro, mesmo com o aumento no prêmio de exportação deste produto, pois a procura doméstica está reduzida. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) apresenta recuo de 0,8% nos últimos sete dias. Segundo o relatório de acompanhamento de safra divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 20 de setembro, 6% da safra 2021/2022 havia sido colhida, em linha com a média dos últimos cinco anos. Das lavouras implantadas, 58% apresentaram condições boas ou excelentes, melhora de 1% ante a semana anterior.

Em igual período do ano passado, a parcela era de 63%. Até o dia 19 de setembro, 58% das lavouras apresentavam queda de folhas, contra 48% na média de cinco anos. Quanto às exportações, o relatório de inspeção e exportação do USDA indica que, no atual ano safra (que se iniciou agora em setembro/2021), os Estados Unidos embarcaram 498,9 mil toneladas de soja, bem abaixo das 3,7 milhões de toneladas escoadas no mesmo período de 2020. Na Bolsa de Chicago, nos últimos sete dias, o farelo de soja para outubro/2021 apresenta desvalorização de 1,1%, a US$ 371,03 por tonelada. O mesmo contrato do óleo tem avanço de 0,5% nos últimos sete dias, indo para US$ 1.258,83 por tonelada. Esse aumento se deve à valorização do petróleo, que faz com que as refinarias tenham mais incentivo de misturar biodiesel ao óleo diesel, e o óleo de soja é uma das principais matérias-primas usadas na fabricação do biocombustível. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.