06/Set/2021
A pressão baixista se acentua sobre os preços da soja em grãos no mercado brasileiro, diante do recuo contínuo das cotações futuras na Bolsa de Chicago e da queda do dólar no Brasil para o patamar ao redor dos R$ 5,20. A aproximação da colheita da safra 2021/2022 dos Estados Unidos, que deverá ficar acima das estimativas de agosto do USDA pesa sobre os futuros. Os preços da soja em grão caíram no mercado brasileiro, pressionados pelas desvalorizações cambial (USS/R$) e externa. A queda nos Estados Unidos esteve atrelada às condições climáticas favoráveis às lavouras de soja e às expectativas de safra volumosa naquele país. E, mesmo com a proximidade da entrada da safra, os embarques norte-americanos podem ser menores neste mês, devido ao furacão Ida, que passou pelos Estados Unidos na semana passada e causou danos à infraestrutura do principal canal de escoamento de grãos do país (Costa do Golfo de Mississipi).
Com isso, os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago voltaram aos menores patamares desde 28 de dezembro de 2020, quando considerado o contrato de primeiro vencimento, indo para US$ 12,83 por bushel, expressiva queda de 6,5% nos últimos sete dias. Quanto ao farelo de soja, o preço atual é o menor nominal desde 29 de setembro de 2020, com fechamento a US$ 372,47 por tonelada, baixa de 5,2% em sete dias. Para o contrato de óleo de soja, o recuo foi de 3,8% em sete dias, para US$ 1.300,93 por tonelada). Os embarques de soja da safra 2020/2021 nos Estados Unidos também podem ficar abaixo dos previstos pelo USDA. Isso porque a temporada se encerrou no dia 30 de agosto e, até o dia 26, os Estados Unidos haviam escoado 59,3 milhões de toneladas da oleaginosa, 2,2 milhões de toneladas abaixo do volume previsto pelo USDA para esta temporada. Atentos aos problemas logísticos nos Estados Unidos, os sojicultores brasileiros ficaram cautelosos nas negociações, com expectativa de que a demanda internacional seja redirecionada ao Brasil nas próximas semanas.
Esse cenário aumentou a disparidade entre os valores pedidos por compradores e ofertados pelos vendedores, resultando em dias de baixa liquidez. E os embarques brasileiros já seguem aquecidos. O Brasil exportou 6,499 milhões de toneladas de soja em agosto, 11% acima do volume embarcado há um ano e a segunda maior quantidade já escoada para este mês (atrás apenas da de agosto/2018, quando as vendas somaram 8,1 milhões de toneladas). Já na parcial do ano (de janeiro a agosto), o Brasil embarcou 76,5 milhões de toneladas, volume 3% acima do exportado no mesmo período de 2020. Além disso, parte dos sojicultores domésticos indica preferência em guardar o remanescente da safra 2020/2021, para comercializar no último trimestre, em detrimento de vender no spot. Alguns produtores, inclusive, sinalizam intenção de guardar um volume para comercializar na entrada da temporada 2021/2022.
Nos últimos sete dias, o Indicador ESALQ/BM&F Paranaguá caiu 2,4%, para R$ 170,42 por saca de 60 Kg. O Indicador da soja CEPEA/ESALQ Paraná recuou 2,2% no mesmo período, para R$ 167,63 por saca de 60 Kg. Na média das regiões acompanhadas, os valores recuaram 2,6% no mercado de balcão (pago ao produtor) e 3,1% no de lotes (negociações entre empresas). A posição retraída de produtores se deve às expectativas de ocorrência do fenômeno La Niña no Brasil, que pode diminuir o volume de chuva e elevar as temperaturas no Centro-Oeste, Sudeste e Sul e aumentar as precipitações no Norte e em parte do Nordeste. Esse cenário tende a prejudicar a safra 2021/2022 de soja, especialmente entre dezembro e janeiro (principal período de enchimento de grãos). Assim, sojicultores já estão atentos ao clima, e muitos devem iniciar o cultivo assim que o período de vazio sanitário for encerrado e novas chuvas ocorrerem.
Segundo a Embrapa, o período de vazio sanitário deve se encerrar em 10 de setembro no Paraná e em 15 de setembro sem São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Santa Catarina e Rondônia. O CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) prevê chuvas no Sul do País neste mês, mas, nas demais regiões, ainda não há indicativos de novas precipitações. Diante disso, os prêmios de exportação com embarque em fevereiro de 2022 subiram nos últimos sete dias. Com base no porto de Paranaguá (PR), a cotação é de +US$ 0,42 por bushel. Diante da queda nos valores externos e da desvalorização da matéria-prima no Brasil, os preços dos derivados também caíram. Além disso, a demanda doméstica está menor. Em São Paulo, o valor do óleo de soja (com 12% de ICMS) registrou forte queda de 4,4% nos últimos sete dias, para R$ 7.469,78 a tonelada. Quanto ao farelo de soja, na média das regiões, houve recuo de 1,4% no mesmo comparativo. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.