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30/Ago/2021

Tendência de pressão baixista sobre preço da soja

A pressão baixista sobre a soja se acentua, com a combinação da queda das cotações futuras na Bolsa de Chicago para próximo dos US$ 13,50 por bushel, queda do dólar no Brasil e prêmios estáveis nos portos brasileiros. Em Chicago, os futuros com vencimento em 2021 oscilam entre US$ 13,20 e US$ 13,60 por bushel, recuando para a faixa entre US$ 12,60 e US$ 13,30 por bushel para os contratos com vencimentos em 2022. O dólar marcou a quinta queda em seis sessões na sexta-feira (27/08), indo à mínima em mais de duas semanas e ficando abaixo de R$ 5,20 na esteira de um enfraquecimento global da moeda norte-americana após o banco central dos EUA sinalizar alguma postergação do corte de estímulos e minimizar chances de alta de juros. O dólar no mercado à vista fechou em baixa de 1,15%, a R$ 5,1965, menor valor desde 10 de agosto. Na semana, o dólar recuou 3,50%. Nas três semanas anteriores, todas de alta, a cotação havia somado ganho de 3,39%.

O forte ajuste no câmbio sugere que o mercado está começando a "queimar" parte do prêmio de risco acumulado desde o fim de junho, quando o dólar chegou a cair abaixo de R$ 4,90. No Brasil, os preços da soja em grão estão em baixa, pressionados especialmente pela desvalorização do dólar frente ao Real, uma vez que os prêmios não compensaram a baixa cambial. No campo, o cultivo da nova safra de soja se aproxima, e, apesar da boa rentabilidade atual da cultura, as condições climáticas e os elevados custos de produção ainda geram preocupações entre produtores. Nos Estados Unidos, as cotações da soja registram avanço nos últimos dias, influenciadas por dados apontando piora nas condições das lavouras, que, por sua vez, passam pela fase de maturação, o que pode reduzir a produtividade, em um ambiente já de baixos estoques mundiais. O ritmo das exportações brasileiras de soja segue firme, com praticamente 5 milhões de toneladas escoadas na parcial de agosto (três primeiras semanas do mês).

A média diária de embarques está 20% acima da observada em agosto/2020, com preço em dólar 36,4% maior que há um ano. No balanço de 2021, foram exportadas 71 milhões de toneladas do grão. No spot nacional, com as vendas da soja da safra 2020/2021 bem adiantadas, muitos produtores se afastam das negociações. No Paraná e em Mato Grosso, 83% e 93% das respectivas produções já foram comercializadas. Diante disso, nos portos, os vendedores estão praticamente ausentes, o que deixa os valores FOB nominais. Quanto aos prêmios de exportação, estão inferiores aos praticados há um ano. Para embarque em setembro, há compradores indicando +US$ 1,60 por bushel, enquanto em período equivalente de 2020 as ofertas de compra estavam acima de +US$ 1,70 por bushel. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,6%, cotado a R$ 169,53 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,9% nos últimos sete dias, a R$ 166,96 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram recuo de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). As cotações do farelo de soja também estão em baixa, pressionadas pela desvalorização da matéria-prima e pela diminuição na demanda doméstica, tendo em vista que parte dos consumidores indica ter estoques para médio prazo. Com isso, os preços do farelo apresentam queda de 1,4% nos últimos sete dias. O óleo de soja segue em valorização, influenciado pela maior disputa entre indústrias alimentícias e de biodiesel. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 7.809,74 por tonelada.

No mercado internacional, além da piora das condições das lavouras norte-americanas, a valorização do óleo de soja está elevando os preços do grão na Bolsa de Chicago. O derivado de soja, por sua vez, é influenciado pelo avanço do petróleo, que gera maior incentivo para que as refinarias misturem biodiesel ao óleo diesel. De acordo com o relatório do dia 23 de agosto do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 56% da safra norte-americana apresentou condição boa ou excelente até o dia 22 de agosto, queda de 1% frente à semana anterior, enquanto 16% da safra registrava condições ruins ou muito ruins, aumento de 1%. No mesmo período da safra passada, 69% estavam em condições entre boas e excelentes, e apenas 8%, em condições ruins. Quanto aos estágios, 97% floresceram e 88% estão em formação de vagens, em linha com a média dos últimos cinco anos.

Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2021 do óleo de soja apresenta valorização de 1,2% em sete dias, a US$ 1.352,08 por tonelada. Para o farelo de soja, a alta é de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 392,97 por tonelada. No Brasil, a área cultivada com a oleaginosa segue em crescimento consecutivo há 15 anos, ou seja, desde a temporada 2007/2008. Para a safra 2021/2022, as estimativas da nossa Consultoria indicam área de 40,4 milhões de hectares, incremento de 4,5% sobre a safra passada. A produção brasileira de soja pode alcançar 144,7 milhões de toneladas, ante 135,9 milhões de toneladas na safra 2020/2021, mantendo o Brasil como o maior produtor de soja em 2022. As expectativas são de maior demanda chinesa. Além disso, o custo de produção de soja no Brasil segue elevado, influenciado também pela alta cambial. Esse cenário mantém os produtores cautelosos nas negociações da safra 2021/2022, que somam 30%, contra 60% no mesmo período da temporada passada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.