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23/Ago/2021

Tendência é altista para o preço da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no Brasil, com cotações futuras relativamente firmes, prêmios em alta nos portos brasileiros e dólar spot e futuro em alta. O dólar fechou em queda na sexta-feira (20/08), mas chegou a bater em R$ 5,47. O dólar caiu 0,70%, para R$ 5,38. Na semana passada, o dólar subiu 2,65%, valorização mais forte desde a semana finda em 9 de julho. Em agosto, a moeda ganha 3,39%, elevando a alta no ano para 3,73%. O dólar segue se valorizando frente ao Real, e esse cenário vem sustentando as altas nos preços da soja em grão no mercado interno, à medida que deixa o produto brasileiro mais barato aos importadores. Além da demanda firme, a baixa disponibilidade da oleaginosa nos mercados doméstico e internacional também influencia os avanços nos preços. Com a proximidade do cultivo da nova safra e finalização dos ajustes de planejamento, os produtores brasileiros aproveitam para negociar maiores volumes de soja da safra 2020/2021, assim como da temporada 2021/2022.

Entretanto, alguns agentes ainda apostam em novas valorizações e, com isso, mantêm o produto em estoque, visando a venda no último trimestre do ano. No geral, há certa preocupação quanto ao clima para a nova temporada, diante da previsão de ocorrência de La Niña mais forte. Para a soja, os valores também são os maiores nominais desde maio deste ano. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 3,2%, cotado a R$ 174,94 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço 2,4% nos últimos sete dias, a R$ 172,24 por saca de 60 Kg, o maior, em termos nominais, desde 13 de maio. Nos últimos sete dias, os valores registram elevações de 2,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,0% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Os preços do óleo de soja estão em alta no mercado brasileiro, impulsionados pela valorização da matéria-prima e por expectativas de maior demanda para a produção de biodiesel. Neste mês, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou o novo modelo de comercialização de biodiesel em substituição aos leilões públicos, que deve entrar em vigor a partir de janeiro de 2022. Sendo assim, as distribuidoras poderão comprar o biodiesel diretamente de produtores. Essas negociações deverão ocorrer por meio de contratos de fornecimento e de transações à vista (mercado spot). Esse novo modelo deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2022, e, até lá, seguem as comercializações de biodiesel por meio de leilões. Como o óleo de soja é a principal matéria-prima na produção de biodiesel no Brasil, os preços desse derivado podem subir no spot nacional. Atentos a isso, representantes de indústrias já elevaram os valores de venda do óleo de soja no mercado brasileiro.

Os prêmios de exportação registraram significativas altas. Diante disso, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 3,6% nos últimos sete dias, a R$ 7.686,84 por tonelada, o maior valor nominal desde o dia 24 de maio deste ano. As cotações do farelo de soja também seguem em alta, influenciadas pela firme demanda externa. Os compradores domésticos, entretanto, estão cautelosos nas aquisições, sinalizando ter estoques para o médio prazo, cenário que limita altas nos preços do derivado. Ressalta-se que os consumidores estão atentos à maior procura por óleo de soja, que tende a elevar a oferta de farelo, tendo em vista que 19% de cada tonelada de grão processado produz óleo, e 80%, farelo. Nos últimos sete dias, os valores do farelo apresentam avanço de 0,9%. Nos Estados Unidos, os preços da soja registram significativas quedas. As cotações da oleaginosa foram influenciadas pela desvalorização do óleo de soja, que, por sua vez, acompanhou o enfraquecimento do petróleo.

Neste caso, a queda do valor do combustível fóssil desestimula refinarias a misturar biodiesel ao óleo diesel, e o óleo de soja é uma das principais matérias-primas utilizadas na fabricação do biocombustível. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2021 de soja apresenta recuo de 1,8%, para US$ 13,23 por bushel. Os contratos de mesmo vencimento do farelo e do óleo acumulam baixas de 1,0% e 2,7%, indo para US$ 387,46 por tonelada e US$ 1.335,99 por tonelada, respectivamente. Vale ressaltar, no entanto, que, de acordo com relatório de acompanhamento de safra do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 16 de agosto, 57% da safra norte-americana apresenta condição boa ou excelente, queda de 3% ante a semana anterior. No mesmo período do ano passado, essa parcela era de 72%. Das lavouras, 94% floresceram, em linha com a média dos últimos cinco anos, e 81% estão em formação de vagens, acima da média dos últimos anos (79%). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.