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26/Jul/2021

Tendência altista impulsionada por prêmios e dólar

A tendência é altista para os preços da soja no mercado físico brasileiro ao longo deste segundo semestre, impulsionados pelas cotações futuras mais firmes na Bolsa de Chicago, com o clima adverso nos Estados Unidos, prêmios subindo nos portos brasileiros e alta do dólar. O dólar à vista fechou a sexta-feira (23/07) teve variação negativa de 0,02%, para R$ 5,2101. Na semana, a divisa ganhou 1,82%, elevando os ganhos de julho para 4,70%. O aumento dos prêmios de exportação, a valorização cambial, os baixos estoques das indústrias brasileiras e a firme demanda doméstica, têm elevado os preços da soja no mercado brasileiro. Além disso, grande parte dos produtores domésticos já se capitalizou e, agora, está retraída da comercialização de grandes lotes. Uma parte dos produtores prefere estocar o remanescente da safra 2020/2021 e comercializar a partir de setembro.

Sazonalmente, é comum os preços ficarem mais firmes ou até mesmo registrarem altas mais expressivas no quarto trimestre do ano, devido aos baixos estoques domésticos. Mais de 80% da safra 2020/2021 já foi comercializada no Brasil, e da temporada 2021/2022, mais de 25%. Em Mato Grosso, a negociação de soja já está em 90% da safra 2020/2021 e em 35% da safra 2021/2022. No Paraná, 80% da atual safra do Paraná foi vendida. Embora as exportações tenham se reduzido neste mês, cenário comum para o período, os embarques diários ainda estão 6,9% superiores aos de julho de 2020. A média diária de importações está 30,7% abaixo do registrado em julho de 2020. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação de soja para embarque em agosto/2021 tem comprador a +US$ 0,78 por bushel e vendedor a +US$ 0,90 por bushel. Para embarques em setembro/2021, os compradores indicam +US$ 1,28 por bushel, e os vendedores, US$ 1,40 por bushel.

Com isso, enquanto os valores no mercado spot (Indicador ESALQ/BM&F – Paranaguá) tem média de R$ 169,07 por saca de 60 Kg, a paridade de exportação indica preços em R$ 173,13 por saca de 60 Kg para agosto e R$ 174,15 por saca de 60 Kg para setembro. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram alta de 2,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,0% nos últimos sete dias, a R$ 164,31 por saca de 60 Kg. As indústrias brasileiras já começam a sinalizar dificuldade nas aquisições da soja em grão. Diante disso, os preços de farelo e de óleo de soja voltaram a subir no mercado brasileiro. Os compradores de São Paulo afirmam que a oferta de farelo de soja no Estado é escassa e, por isso, têm demandado o produto dos estados de Goiás e Mato Grosso.

No geral, a alta nas cotações deste coproduto é limitada pela cautela de consumidores, que, mesmo atentos às compras para o próximo mês, ainda indicam ter estoques para curto prazo. Com isso, os preços do farelo de soja apresentam alta de 0,2% nos últimos sete dias. Quanto ao óleo de soja, as cotações voltaram a superar os patamares de R$ 7.000,00 por tonelada, o que não era visto desde a primeira quinzena de junho. Essa alta se deve às expectativas de maior demanda pelo derivado para a produção de biodiesel. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 1,7% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.314,59 por tonelada. Os contratos futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago estão sendo influenciados pela menor demanda internacional. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques de soja dos Estados Unidos recuaram 28,4% sobre a semana anterior e 68,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Essa queda se deve à menor demanda da China. Vale ressaltar, no entanto, que, na parcial desta safra (setembro/2020 até 15 de julho/2021), saíram dos portos dos Estados Unidos 57,8 milhões de toneladas de soja, volume 50,8% superior ao escoado em igual período da temporada passada. Os futuros também estão sendo influenciados pelo desempenho do óleo de soja, que, por sua vez, é pressionado pela expectativa de maior oferta global. Na Argentina, o Senado aprovou um projeto de lei que reduz de 10% para 5% a mistura de biodiesel de soja no diesel. Com isso, é possível um aumento no volume de óleo de soja disponível para exportação, o que pode pressionar as cotações internacionais. Vale lembrar que a Argentina é a principal exportadora mundial de farelo e de óleo de soja. Nos últimos sete dias, na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2021 da soja apresenta desvalorização de 2,2% nos últimos sete dias, indo para US$ 14,00 por bushel.

O contrato de mesmo vencimento do óleo registra recuo de 3,4%, indo para US$ 1.432,99 por tonelada. O farelo de soja permanece praticamente estável, com leve avanço de 0,1%, indo para US$ 400,36 por tonelada. A queda nos preços externos foi limitada pelo clima seco nas principais áreas de cultivo de soja nos Estados Unidos. Ainda assim, segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, as lavouras em condições entre boas e excelentes subiram 1% em relação à semana anterior, indo para 60% até o dia 18 de julho, porém, ainda inferior aos 69% observados no mesmo período de 2020. Em condições medianas estão 29% da área de soja, 1% abaixo da semana anterior, mas acima dos 24% no mesmo período da safra passada. Entre condições ruins e muito ruins estão 11% das lavouras, estável em relação à semana anterior, mas mais que os 7% verificados no mesmo período da safra passada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.