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19/Jul/2021

Tendência é altista para preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no Brasil, com clima adverso nos Estados Unidos elevando as cotações futuras em Chicago, oferta restrita da safra 2020/2021 no mercado interno, exportações aquecidas e prêmios em alta nos portos brasileiros. O dólar fechou perto da estabilidade ante o Real na sexta-feira (16/07), mas apresentou baixa no acumulado da semana passada. A moeda norte-americana encerrou a semana passada em queda de 2,6% frente ao Real. O clima adverso previsto para o Meio Oeste dos Estados Unidos nas próximas semanas foi destaque nos últimos dias e puxou altas de mais de 5% para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago no acumulado semanal. O contrato agosto subiu 5,4% na semana, fechando a sexta-feira (16/07) a US$ 14,54 por bushel, enquanto novembro subiu 4,7% para US$ 13,91 por bushel. O mercado se mantém atento às temperaturas elevadas e as chuvas escassas e mal distribuídas nos Estados Unidos, especialmente na região oeste do país.

No Brasil, o 81º leilão de biodiesel contará com 12% na mistura, o que pode impulsionar a demanda interna e intensificar a disputa pela oleaginosa no segundo semestre entre exportação e esmagadores nacionais. A volta da mistura B12 pode dar sustentação às altas do preço da soja no mercado interno, diante dos baixos volumes ainda a serem comercializados da safra 2020/2021. Os produtores brasileiros de soja estão afastados do mercado spot nacional, evitando negociar grandes volumes de oleaginosa. Esses agentes estão atentos à alta nos preços externos, que, por sua vez, está relacionada à falta de chuvas em áreas de soja nos Estados Unidos e à estimativa de menor produção na Argentina, que colheu o volume mais baixo das últimas três safras. Os vendedores brasileiros também estão com expectativas de maior demanda doméstica nos próximos meses, uma vez que indústrias indicam não dispor de estoques longos da matéria-prima.

Além disso, os produtores não apontam necessidade de caixa neste momento e mostram preferência em estocar o volume remanescente da safra 2020/2021. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,6%, cotado a R$ 168,90 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2,1% nos últimos sete dias, a R$ 165,25 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja apresentam alta de 2,3% no mercado de balcão (preços pago ao produtor) e de 3,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). As altas nos preços domésticos foram limitadas pela desvalorização do dólar frente ao Real nos últimos sete dias. Os preços do farelo e do óleo também estão em alta no mercado brasileiro.

Além da firme demanda, as indústrias seguem elevando os valores dos subprodutos, devido à baixa oferta da matéria-prima. Os preços do farelo de soja registram alta de 1,4% nos últimos sete dias. Quanto ao óleo de soja, no dia 12 de julho, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) confirmou o aumento da mistura obrigatória de biodiesel ao Diesel A de 10% para 12% no 81º Leilão de Biodiesel. Nos leilões anteriores, o percentual havia sido reduzido de 13% a 10% em decorrência dos efeitos da alta do custo do óleo de soja nos mercados brasileiro e internacional, combinados com a desvalorização do Real frente ao dólar, que havia impulsionado as exportações de soja e encarecido o valor do biodiesel produzido nacionalmente. Com o aumento do preço do óleo diesel, foram demonstradas justificativas para que o percentual de mistura de biodiesel fosse fixado em 12%. Esse anúncio vem em momento de entressafra brasileira e tende a reforçar o aumento da demanda doméstica pelo óleo de soja.

Além disso, nos últimos dias, houve valorização externa do óleo de soja. Assim, os preços do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registram expressivo avanço de 7,9% nos últimos sete dias, a R$ 7.192,95 por tonelada. Relatório divulgado no dia 12 de julho pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostrou leve ajuste negativo na estimativa da produção de soja da Argentina na temporada 2020/2021, para 46,5 milhões de toneladas. Em termos globais, a estimativa é de oferta de 363,6 milhões de toneladas em 2020/2021. A demanda mundial para esmagamento está prevista em 322 milhões de toneladas e outras 46,9 milhões de toneladas devem ser destinadas para consumos humano ou ração animal. Os estoques finais da temporada 2020/2021 deverão se reduzir, resultando em relação estoque/consumo total de 24,8%, a menor desde 2014/2015. Ainda para a temporada 2020/2021, a China deve importar 98 milhões de toneladas de soja em grão e a União Europeia, 15 milhões de toneladas.

As exportações do Brasil foram estimadas em 83 milhões de toneladas; a dos Estados Unidos, em 61,8 milhões de toneladas; e, as da Argentina, em 3,7 milhões de toneladas, o menor volume escoado pelo país vizinho desde a temporada 2017/2018, quando houve forte quebra na safra de soja naquele país. Para a temporada 2021/2022, em andamento nos Hemisfério Norte, só houve reajuste negativo para a safra do Canadá. No agregado mundial, a previsão é de produção de 385,2 milhões de toneladas, com consumo de 332,0 milhões de toneladas para esmagamento e outros 49,05 milhões de toneladas para consumos humanos e ração animal. Apesar de o estoque crescer, a relação estoque/consumo deve permanecer em 24,8%, o que pode manter as cotações firmes. Na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2021 do farelo de soja apresenta alta de 1,7% em sete dias, para US$ 399,80 por tonelada. O contrato Agosto/2021 do óleo de soja acumula avanço expressivo de 11,3% nos últimos sete dias, para US$ 1.483,92 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.