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29/Jun/2021

China preocupada com a sustentabilidade da soja

Segundo a Associação da Indústria de Soja da China, o país tem necessidade de importar soja, mas deve levar em conta a proteção ao meio ambiente dos países fornecedores na aquisição da oleaginosa. A entidade considera que o Brasil está fazendo muito desmatamento para plantar soja. Em geral, a produção agrícola é feita por meio do desmatamento, mas a China está preocupada com o desmatamento da Amazônia. Essa prática é considerada insustentável. A importação de soja pelo país asiático cresceu 13% nos primeiros cinco meses do ano e tem aumentado cerca de 90% por vários anos consecutivos. A soja é bem-vinda na China e é essencial no sistema agroalimentar. A oleaginosa é fonte de proteína para 35% da população chinesa. Mas, o país asiático tem papel importante também em relação à produção sustentável do produto. Nesse aspecto de práticas sustentáveis, a China tem experiência, mas precisa fazer muito mais no futuro.

A China produz soja há 5 mil anos e processa há mais de 2 mil anos. O desenvolvimento sustentável precisa ser implementado por meio de leis e padrões globais. O compromisso do país com o desenvolvimento sustentável pode ser comprovado, entre outros exemplos, pelo fato de a cobertura florestal da China ter aumentado 6,8% nos últimos anos. Segundo a Ulster University, quanto às práticas sustentáveis, a China, como grande comprador de soja precisa ficar atenta a fatores externos relacionados à cadeia da oleaginosa. É preciso avaliar o fornecimento do exterior e ver como os países de origem, que produzem a soja, são legislados. Deve haver certificações verdes de soja e, para isso, os países produtores também são importantes. O Ministério da Ecologia e Meio Ambiente da China enfatizou que o país tem focado na biodiversidade e está implantando mecanismos para tornar as cadeias de abastecimento mais ecológicas.

Como a soja faz parte do sistema alimentar com uso para rações, aditivos, alimentos e como farelo de soja, a produção e o comércio da oleaginosa estão sujeitas a estes mecanismos. Neste sentido, no sistema agroalimentar, há fixação da meta de diminuição da emissão de carbono em vários setores e incentivo às finanças responsáveis e verdes, para estar em linha com as metas de biodiversidade e neutralidade do carbono. Também é preciso focar na implantação dos sistemas de certificação nos mercados. P Programa Florestal do CDP China apontou que um dos desafios para avaliar a sustentabilidade da cadeia de soja é a falta de informações divulgadas pelas empresas. Os dados do CDP de soja em comparação com as informações de madeira e óleo de palma estão mais atrasados. Poucas companhias divulgam informações sobre a soja e o manejo da floresta. Ainda há muito a melhorar nas práticas sustentáveis.

Segundo o Iseal Alliance, além da Europa, China e Índia, como grandes consumidores de soja, também têm papel importante na adesão da sustentabilidade da cadeia da oleaginosa. Os mercados consumidores não são responsáveis pela cadeia de fornecimento, mas podem criar marco para os produtores e fazer com que sejam mais sustentáveis ao participar do mercado. A Europa é um grande importador de soja da América Latina, especialmente do Brasil e da Argentina. Além da Europa, é importante trabalhar essas questões em conjunto com outros grandes mercados como China e Índia. Isso pode fazer com que outros países participem, pode pressionar partes do mercado que ainda não adotam práticas sustentáveis. É importante uma abordagem global de adoção de práticas de sustentabilidade, interligada, considerando a base da legislação de cada país e ligando os elos da cadeia, da produção ao consumo.

Há cada vez mais interesse no mundo na questão da sustentabilidade e no compromisso dos governos com metas de desenvolvimento sustentável. Isso vai mudar as regras do jogo não só na Europa, mas em legislações no resto do mundo. A cadeia de soja pode adotar padrões e certificações sustentáveis semelhantes a outros setores que tem retrospecto na questão como a cadeia do óleo de palma. O grande desafio é que, ao mesmo tempo em que os grandes países consumidores estão engajados na sustentabilidade da cadeia de soja, falta maior transparência na cadeia de fornecimento. A questão é como rastrear o abastecimento e os grandes países produtores têm muito a contribuir nesse ponto. Na mesma linha, a Unidade de Cooperação Ambiental Multilateral da Direção de Desenvolvimento Global Sustentável da Comissão Europeia destacou que é importante garantir que os países consumidores não contribuam mais com o desmatamento.

É preciso dar ênfase aos dados primários, em saber de onde vem a commodity. Há grande disponibilidade do setor em limpar a cadeia de abastecimento e criar oportunidades econômicas para os produtores que estão indo na direção certa. É preciso também ver como outros países consumidores, além dos países europeus, vão agir na escolha e controle de sustentabilidade da cadeia como a China. Para o Instituto de Gestão e Avaliação Ambiental (IEMA) apontou que um dos principais desafios do setor é a transparência, especialmente na ponta fornecedora das commodities. No caso do Brasil, as emissões da Amazônia preocupam. É preciso saber quanta soja está sendo produzida responsavelmente e olhar outros números além do desmatamento, como o uso de pesticidas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.