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25/Jun/2021

Brasil seguirá competitivo ante os EUA até agosto

Na quarta-feira (23/06), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou uma nova venda 330 mil toneladas de soja em 2021/2022 para a China. As empresas chinesas estavam ausentes de compras dos Estados Unidos há oito semanas. As compras estão sendo destinadas para as reservas chinesas. A compradora foi a estatal Sinograin e ela chega para marcar o mercado e puxar mais compradores, inclusive as empresas privadas. Não foram compras por necessidade, mas para recomposição de reservas. No entanto, os volumes que que devem ser adquiridos para atender a demanda de julho e agosto (de cerca de 8 milhões de toneladas) poderiam ser comprados no Brasil, diante da competitividade do produto nacional. Para cobrir setembro, outubro e novembro, a soja norte-americana ficará mais barata e deve seguir atraindo a demanda da China. No período de janeiro a maio, a China importou 38,240 milhões de toneladas de soja, 13% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Em maio, o volume importado foi de 9,610 milhões, volume 2,5% maior do que em maio de 2020. Apesar da necessidade de mais soja para manter o abastecimento adequado, as margens estão muito apertadas para o esmagamento da oleaginosa na China, cenário que tem se dado, principalmente, pelos fretes marítimos elevados e pelos preços pressionados do farelo de soja, refletindo o mau momento da suinocultura no país. As margens do suinocultor chinês estão muito desfavoráveis neste momento, com os preços da carne suína tendo acumulado baixa de 60% neste ano. Os suinocultores estão desovando os suínos, abatendo suínos mais jovens e descartando matrizes menos lucrativas. Além disso, os custos para o controle de zoonoses também estão mais altos. Devido ao atual momento, o consumo de farelo de soja é menor, o que faz com que a necessidade por soja se mostre limitada. Mas, é passageiro, pois a demanda deve voltar ao normal.

A recomposição do plantel suíno chinês no pós-pico da epidemia de peste suína africana (PSA), também pesa sobre os preços. De janeiro a maio, a população de suínos na China cresceu 24% e está quase completamente recuperada. No mesmo período, aproximadamente 3,5 milhões de fêmeas reprodutivas foram abatidas. Há um efeito “manada” no mercado chinês de suínos, que já provocou prejuízos para cerca de 10% dos suinocultores do país. De toda forma, a recente e acentuada baixa nos preços da soja na Bolsa de Chicago atrai a demanda chinesa novamente ao mercado norte-americano. Ainda assim, o Brasil segue contando com a soja mais competitiva para os importadores, e parte do que eles ainda precisam adquirir para atender suas necessidades no final do ano poderiam ser garantidos no mercado brasileiro. O governo chinês tem ampliado seu espaço no macrocenário, dando continuidade às investigações sobre preços e comercialização dos preços das commodities.

Parte das baixas extremamente agressivas entre as commodities veio depois dessa movimentação. Nos últimos meses, houve menos aquisições de soja norte-americana porque as compras estavam concentradas no Brasil. A partir deste momento, quando a safra brasileira já está bem escoada e a colheita norte-americana ganha ritmo, é natural que haja mais vendas dos Estados Unidos para a China. Além disso, há a questão cambial e a competitividade mais limitada do produto brasileiro com a baixa do dólar frente ao Real. A soja brasileira para julho ainda está mais barata, mas, para agosto, já está no mesmo valor que a norte-americana, inclusive os prêmios estão semelhantes. A partir de setembro, os prêmios para a soja brasileira já são mais elevados e, naturalmente, a soja norte-americana fica mais atraente. Embora este seja um cenário em construção, os embarques do Brasil não deverão ser comprometidos. No curto prazo não há preocupação, mas, para 2022, o cenário pode ser diferente.

De acordo com os últimos dados reportados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou nas três semanas de junho 7,56 milhões de toneladas de soja em grão. O volume mostra que os embarques nacionais perderam o ritmo e a projeção de que mais de 12 milhões de toneladas fossem embarcadas no mês pode não se concretizar. Em receita, o total acumulado chega a US$ 3,65 bilhões. O ritmo está mais lento em relação às semanas anteriores, quando o embarque médio era de 637,5 mil toneladas por dia. Agora, a média é de 582 mil toneladas por dia. Restam 8 dias úteis para fechar o mês de junho e, nesse ritmo, os embarques devem chegar a 11,5 milhões de toneladas, abaixo de 12,7 milhões de junho do ano passado. Apesar da desaceleração, o acumulado de soja exportado pelo Brasil neste ano mantém o recorde histórico, com 57,8 milhões de toneladas contra 52,4 milhões do ano passado, neste mesmo período. Fonte: Notícias Agrícolas. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.