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21/Jun/2021

Tendência baixista para preços internos e externos

Desde o dia 12 de maio, quando atingiu o maior valor nominal do ano, com o Indicador Cepea atingindo R$ 177,48 por saca de 60 Kg, o preço da soja acumula um expressivo recuo de 14%, fechando a sexta-feira (18/06) em R$ 148,08 por saca de 60 Kg, uma perda de quase R$ 30 por saca. As fortes quedas dos futuros em Chicago, com a melhoria do clima nos Estados Unidos, e a queda do dólar para um patamar próximo de R$ 5 foram os fatores determinantes dessa forte queda. Na sexta-feira (18/06), o dólar chegou a cair abaixo de R$ 5, acompanhando o fortalecimento global da divisa norte-americana na esteira de comentários “hawkish” (duro com a inflação) de uma autoridade do Federal Reserve. O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que a inflação nos Estados Unidos está mais intensa do que o esperado, sinalizando um aumento de juros já no ano que vem. Após os comentários, o dólar devolveu suas perdas iniciais contra o Real e manteve um movimento de alta até o fechamento. A moeda norte-americana registrou ganho de 0,92%, fechando a R$ 5,0712.

Com a discussão em torno de um aperto monetário mais cedo do que o esperado na maior economia do mundo, o mercado fica na expectativa de que poderá começar uma migração dos investidores para ativos dos Estados Unidos em detrimento de ativos de países emergentes. Juros mais altos nos EUA tendem a favorecer a moeda norte-americana com o ingresso de recursos de investidores que buscam retornos mais altos e, ao mesmo tempo, segurança. Por outro lado, o Brasil também conta com perspectivas de elevação de juros, o que ajudou o Real a tocar R$ 4,9823 na mínima intradiária da sexta-feira. O Banco Central promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic na quarta-feira passada, a 4,25%, e anunciou a intenção de dar sequência ao aperto monetário com uma nova alta de pelo menos a mesma magnitude em sua próxima reunião. A moeda norte-americana teve queda de 0,9% ante o Real no acumulado da semana. Até agora em 2021, o dólar recuou 2,3% em relação ao Real.

As cotações externas e domésticas da soja registram forte recuo no Brasil, os valores estão operando nos patamares nominais observados em janeiro deste ano. A pressão vem do clima favorável à safra de soja nos Estados Unidos, da recente melhora nas condições das lavouras do país norte-americano e de especulações indicando menor demanda pela oleaginosa por parte da China, que tem estoques alongados. Além disso, uma possível alteração na política de biodiesel nos Estados Unidos reforçou a queda dos preços, tendo em vista que essa mudança pode resultar em diminuição da demanda por óleo de soja para a produção do combustível. Nos últimos sete dias, as cotações registram queda de significativos 7,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 8,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Com receio de quedas ainda mais acentuadas nos próximos dias, parte dos produtores está elevando a oferta do grão no Brasil. Entretanto, os compradores estão afastados das negociações no spot e de contratos a termo, resultando em baixa liquidez interna.

Além da pressão vinda da queda do preço da soja no Brasil e no mercado externo, as desvalorizações internas dos derivados também são influenciadas pelo encerramento da colheita na Argentina (principal exportadora global de farelo e óleo de soja). O esmagamento de soja na Argentina deve somar 41 milhões de toneladas na safra 2020/2021, o que seria 8% superior à estimativa anterior. No Brasil, a demanda doméstica por farelo de soja está mais aquecida nos últimos dias, mas a oferta ainda se sobressai à demanda. Com isso, os consumidores relatam facilidade nas aquisições do derivado, mas não mostram interesse em fazer estoques longos, na expectativa de preços ainda menores nos próximos dias. Nos últimos sete dias, os valores do farelo de soja registram recuo de 2%. Quanto ao óleo de soja, a desvalorização se deve à menor demanda doméstica, especialmente pelo setor de biodiesel, uma vez que a mistura obrigatória de biodiesel ao óleo diesel fóssil está em 10% (B10), contra 13% (B13) no primeiro trimestre deste ano.

O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é negociado a R$ 6.863,04 por tonelada, forte queda de 6,5% nos últimos sete dias e o menor valor desde 8 de março deste ano. A queda, no entanto, é limitada pelo aumento dos prêmios brasileiros. Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja registraram forte queda nos últimos dias. O contrato Julho/2021 da soja apresenta desvalorização de 14% nos últimos sete dias, para US$ 13,96 por bushel, o valor mais baixo desde 22 de janeiro deste ano. O primeiro vencimento (Julho/2021) do óleo registra recuo expressivo de 19,7% nos últimos sete dias, indo para US$ 1.247,14 por tonelada, o menor valor desde 19 de abril deste ano. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja acumula baixa de 5,3% no mesmo comparativo, a US$ 398,48 por tonelada, o menor valor desde 14 de outubro 2020. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques da oleaginosa recuaram 46,5% entre as duas últimas semanas e 70,6% na comparação com período equivalente de 2020.

Ainda assim, na parcial desta safra (2020/2021), os Estados Unidos escoaram 56,8 milhões de toneladas de soja, 56,8% a mais que o escoado no mesmo período da safra passada. Agora, os agentes estão preocupados com possíveis quedas no escoamento da temporada 2021/2022, tendo em vista que a China sinaliza ter estoques para consumo de médio prazo e a possível diminuição no consumo norte-americano. Dados do USDA indicam que a semeadura da soja nos Estados Unidos atingiu 94% da área até o dia 13 de junho, avanço semanal de 4% e acima do visto no ano passado (92%) e da média dos últimos cinco anos (88%). Além disso, 86% da safra já emergiu, acima dos 79% há um ano e dos 74% na média de cinco anos. Das lavouras já implantadas, 72% estavam em condições boas a excelentes até o dia 13 de junho, contra 67% na semana anterior; em condições médias estavam 24% da área, contra 27% na anterior; e 4% estavam ruins ou muito ruins, conta 6% na semana anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.