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07/Jun/2021

Tendência é baixista para os preços no curto prazo

Desde o dia 12 de maio passado, quando a média ponderada da soja no Paraná – o Indicador CEPEA/ESALQ atingiu R$ 177,48 por saca de 60 Kg –, o recuo até a sexta-feira (4 de junho) é de R$ 9,22 por saca, para R$ 168,26. A recente reação dos futuros em Chicago foi anulada pela forte queda do dólar. O dólar se aproxima do patamar de R$ 5,00. O dólar fechou em uma mínima em um ano na sexta-feira (04/06), engatando o terceiro pregão de firme queda que levou a cotação à casa de R$ 5,03, com o câmbio repercutindo um rali global de ativos de risco que intensifica nos negócios o efeito do otimismo em curso sobre o Brasil. O dólar à vista caiu 0,93%, para R$ 5,037, o menor patamar desde 10 de junho de 2020. Os futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam em alta expressiva na sexta-feira (04/06).

Os ganhos foram sustentados pelo clima desfavorável no Meio Oeste dos Estados Unidos. O calor no norte das Grandes Planícies e no norte do Meio Oeste está ameaçando as lavouras recém-implantadas. Sem dúvida, o clima se tornou a principal influência sobre o mercado. Os próximos dias serão bastante voláteis para os futuros da soja em Chicago. O vencimento julho da oleaginosa subiu 34,50 cents (2,23%) e fechou a US$ 15,83 por bushel. Com isso, os preços da soja estão recuando no mercado brasileiro nos últimos dias. A pressão vem da queda nos prêmios de exportação da soja no Brasil e da forte desvalorização do dólar frente ao Real. Diante disso, os compradores estão mais cautelosos, com expectativas de adquirir novos volumes a preços menores nos próximos dias, contexto que deixou baixa a liquidez. Os prêmios de exportação de soja, com base no Porto de Paranaguá (PR), são ofertados a -US$ 0,15 por bushel, abaixo dos -US$ 0,10 por bushel ofertados no dia 27 de maio.

O contrato julho/2021 saiu de paridade (zero) para -US$ 0,13 por bushel atualmente. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,6%, cotado a R$ 173,21 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 168,26 por saca de 60 Kg. A queda nos preços internos é limitada pela valorização externa e pela retração de vendedores. Isso porque, com mais da metade da safra 2020/2021 comercializada no Brasil, os produtores já se capitalizaram e mostram interesse em armazenar o grão em detrimento de negociar no spot. No Paraná, 70% da safra 2020/2021 da soja já está vendida. Na região oeste do Estado, 75% da safra já foi negociada. Em Mato Grosso, 83,4% da safra 2020/2021 está comercializada, mas ainda abaixo dos 88,9% vendidos no mesmo período do ano passado. Para a safra 2021/2022, 27,7% da produção estimada em Mato Grosso já está comprometida.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em maio, o Brasil exportou 16,403 milhões de toneladas de soja em grão, 5,6% inferior ao volume de abril, mas um recorde para um mês de maio. Na parcial deste ano, de janeiro a maio, o Brasil exportou 50,224 milhões de toneladas de soja, 9,1% superior ao do mesmo período do ano passado e um recorde para o período. Os preços do óleo de soja também estão caindo no mercado brasileiro. Com a menor demanda para a produção de biodiesel no Brasil, as indústrias tentam incentivar as exportações deste subproduto. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso), tem preço médio de R$ 7.475,17 por tonelada, queda de 1,1% nos últimos sete dias. Quanto ao farelo de soja, grande parte dos consumidores relata ter lotes para os próximos 15 dias, mas já indica que indústrias começaram a reduzir a oferta. Os prêmios de exportação deste subproduto, com base no Porto de Paranaguá (PR), registram alta nos últimos sete dias.

A valorização externa se deve ao clima quente e seco em parte do Meio Oeste dos Estados Unidos. E previsões indicam que temperaturas elevadas devem persistir nos primeiros dias de junho, mantendo o cenário de estresse hídrico. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a semeadura de soja alcançou 84% da área prevista no país até o dia 30 de maio, avanço semanal de 9%, acima dos 74% registrados no mesmo período do ano passado e da média de cinco anos, de 62%. Além disso, os baixos estoques norte-americanos seguem dando suporte às cotações externas. Segundo o relatório de inspeção e exportação do USDA, os Estados Unidos embarcaram 56,43 milhões de toneladas de soja de setembro de 2020 a 27 de maio deste ano, 59% a mais que em igual período da temporada anterior.

Os contratos futuros da oleaginosa também são influenciados por expectativas de aumento na demanda do óleo de soja nos Estados Unidos, especialmente para a produção de biodiesel. Com isso, no dia 2 de junho, o contrato Julho/2021 do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago atingiu o segundo maior valor nominal da série história, abaixo apenas do valor registrado no dia 3 de março de 2008, em termos nominais. Nos últimos sete dias, o preço futuro do óleo apresenta avanço de 3,1%, indo para US$ 1.517,87 por tonelada. O contrato Julho/2021 do farelo de soja apresenta avanço de 0,3% nos últimos sete dias, para US$ 431,66 por tonelada. Na Argentina, de acordo com o último relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita de soja no país atingiu 96,6% da área até o dia 3 de junho, avanço semanal de 5,2%. A produção de soja argentina está estimada em 43,5 milhões de toneladas em 2020/2021. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.