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24/Mai/2021

Tendência baixista para os preços no curto prazo

No curto prazo, há uma pressão baixista sobre os preços domésticos da soja, puxados pelo dólar em níveis mais baixos nas últimas semanas, recuos das cotações futuras da Bolsa de Chicago – diante das melhores condições climáticas sobre a safra dos Estados Unidos, prêmios negativos nos portos brasileiros e desaquecimento da demanda interna. Para o segundo semestre, permanece o viés altista para os preços da soja em grãos no mercado brasileiro, com a projeção de uma oferta interna mais restrita e reação dos prêmios nos portos brasileiros. Os preços da soja estão recuando no Brasil, pressionados pela ausência de compradores no mercado doméstico e pelas desvalorizações externa e cambial. A menor procura interna pela oleaginosa está atrelada à também baixa demanda por farelo de soja no Brasil, visto que grande parte dos compradores indica estar abastecida. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,4%, cotado a R$ 173,91 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 3,2% nos últimos sete dias, a R$ 167,40 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações registram recuo de 3,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Para o farelo de soja, as cotações apresentam queda de 2,6% nos últimos sete dias. Quanto ao óleo de soja, as expectativas são de menor demanda para a produção de biodiesel no quarto bimestre deste ano, fundamentadas na decisão do governo federal de manter a redução da mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel em 10% (B10). Mesmo assim, o setor alimentício ainda indica ter dificuldades nas compras desse coproduto, o que tem elevado os preços no mercado doméstico. O valor médio do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é de R$ 7.824,26 por tonelada, alta de 2,2% nos últimos sete dias. Vale ressaltar que, no dia 18 de maio, as cotações do derivado renovaram a máxima nominal, fechando a R$ 7.842,14 por tonelada.

Esse cenário de menor oferta de óleo está atrelado ao fato de algumas indústrias brasileiras terem entrado em manutenção antes do período programado, como estratégia para manter a margem de esmagamento. Com base nos preços FOB da soja, do farelo e do óleo de soja, a margem de esmagamento das indústrias (crush margin) referente ao contrato de vencimento em junho subiu 0,8%, mas cedeu 16,9% para o contrato com vencimento em julho. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o processamento de soja no primeiro trimestre deste ano foi 20,4% inferior ao do mesmo período do ano passado. Esses dados correspondem a 85% da amostra do processamento mensal. A Abiove reajustou negativamente as estimativas de processamento de soja, para 46,8 milhões de toneladas, 0,1% inferior à safra passada, resultando em produções de 35,76 milhões de toneladas de farelo e de 9,45 milhões de toneladas de óleo. O consumo doméstico de farelo está estimado em 17,4 milhões de toneladas, 8,2% inferior ao da temporada passada. As exportações de farelo de soja estão previstas em 17,1 milhões de toneladas, um recorde.

Quanto ao óleo de soja, os embarques devem recuar 9,9% frente aos do ano passado, estimados em 1 milhão de toneladas neste ano. O consumo doméstico do derivado deve ser recorde, previsto em 8,9 milhões de toneladas, volume 4,3% superior ao consumido em 2020. Condições climáticas favoráveis à semeadura de soja nos Estados Unidos e à colheita da oleaginosa na Argentina estão pressionando as cotações do grão no mercado externo. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 16 de maio, a semeadura havia alcançado 61% da área estimada para os Estados Unidos, avanço de 19 pontos percentuais na semana, acima dos 51% cultivados há um ano e dos 37% na média dos últimos cinco anos. De acordo com as previsões, o clima deve ser favorável às atividades nos próximos dias, visto que há expectativas de chuvas bem distribuídas e temperaturas acima da média para o período.

Na Argentina, 85,4% da área total de soja foi colhida no país, avanço de 14,8% frente à semana anterior. A produção está mantida em 43 milhões de toneladas. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento da soja apresenta desvalorização de 3,2% nos últimos sete dias, indo para US$ 15,33 por bushel. Para o farelo, a queda é de 4,8% no mesmo período, para US$ 442,13 por tonelada. Quanto ao óleo de soja, o contrato de primeiro vencimento se mantém em US$ 1.449,74 por tonelada. O processamento da oleaginosa nos Estados Unidos recuou 9,9% entre março e abril, segundo a Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas (Nopa), passando de 4,84 milhões para 4,36 milhões de toneladas. Esse total frustrou as expectativas do mercado, que esperava um volume maior, de 4,59 milhões de toneladas. Frente a abril de 2020, quando foram processadas 4,68 milhões de toneladas, o recuo foi de 6,7%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.