17/Mai/2021
A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com as cotações futuras em alta e sustentados em níveis elevados na Bolsa de Chicago, riscos climáticos sobre a safra dos Estados Unidos, demanda interna e externa aquecidas, comercialização avançada da atual safra doméstica e dólar em patamares ainda elevadas. Os contratos futuros da soja, negociados na Bolsa de Chicago, registraram os maiores patamares nominais desde setembro/2012, chegando a operar em US$ 16,60 por bushel no dia 12 de maio. Essa alta se deve às expectativas de maior consumo de soja nos Estados Unidos e aos baixos estoques naquele país (que seguem estimados nos menores volumes dos últimos sete anos). Entretanto, notícias indicando interrupção no tráfego pelo Rio Mississippi limitaram as valorizações externas. Esse cenário tem elevado a movimentação nos portos brasileiros. E os vendedores nacionais demonstram maior interesse em comercializar a soja em detrimento do milho, fundamentados na safra recorde da oleaginosa e nas expectativas de maior estoque de passagem.
Nos últimos sete dias, os valores registram alta de 1,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta leve recuo de 0,1%, cotado a R$ 178,27 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 173,00 por saca de 60 Kg. Agora, as atenções já se voltam para a temporada 2021/2022 no Hemisfério Norte. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a área a ser cultivada com soja no mundo é estimada em 132,5 milhões de hectares, 3,6% superior à temporada 2020/2021 e um recorde. Como resultado, a produção também deve ser recorde, estimada em 385,5 milhões de toneladas, 6,2% acima da safra 2020/2021 (362,9 milhões de toneladas).
As transações mundiais devem crescer 0,9%, a 172,9 milhões de toneladas de soja, e o esmagamento deve avançar 2,88%, para 331,7 milhões de toneladas. O aumento no esmagamento da soja está atrelado à maior demanda global por óleo. O consumo deste coproduto deve ser recorde, previsto em 61,86 milhões de toneladas na safra 2021/2022, 3,7% acima das 59,66 milhões de toneladas estimadas para a safra 2020/2021. O aumento no consumo pelo setor alimentício deve ser de 2,0% e no industrial, de 10,8%, também entre as temporadas 2020/2021 e 2021/2022. Assim como para o óleo, o consumo global de farelo de soja segue crescente, estimado em 248,7 milhões de toneladas na safra 2020/2021 e em 255,3 milhões de toneladas em 2021/2022, ambos recordes. As transações mundiais devem somar 68,1 milhões de toneladas de farelo na atual temporada e 69,6 milhões de toneladas na próxima, este último é um recorde.
A área de cultivo de soja nos Estados Unidos deve ser a maior das últimas três temporadas, prevista em 35,08 milhões de hectares, com produção estimada em 119,88 milhões de toneladas. Desse total, 42% haviam sido semeadas até o dia 9 de maio, acima dos 36% no mesmo período do ano passado e dos 22% na média dos últimos cinco anos. A semeadura foi beneficiada pelas recentes chuvas nos Estados Unidos. Agora, as previsões indicam dias mais quentes, que ajudarão na germinação e no crescimento dos grãos. O processamento norte-americano deve somar 60,55 milhões de toneladas, 1,6% superior às 59,6 milhões de toneladas estimadas para a atual temporada 2020/2021 (que se encerra em agosto de 2021). Em contrapartida, as exportações norte-americanas de soja em grão são esperadas em 56,47 milhões de toneladas, 9% abaixo das 62,05 milhões de toneladas estimadas para a atual temporada (2020/2021). Ressalta-se que, até o dia 6 de maio, os Estados Unidos já haviam exportado 55,69 milhões de toneladas da oleaginosa.
No Brasil, a área de soja em 2021/2022 é prevista pelo USDA em 40,4 milhões de hectares, um novo recorde, resultando em produção de 144 milhões de toneladas, 5,8% a mais que a da safra 2020/2021, estimada em 136 milhões de toneladas. As exportações brasileiras são estimadas em volume recorde, saindo de 86 milhões de toneladas na atual safra para 93 milhões de toneladas na próxima. Ainda assim, o estoque é previsto em 23,33 milhões de toneladas, 5,9% superior ao da temporada anterior, de 22,03 milhões de toneladas. A Argentina também deve elevar a área de cultivo, prevista pelo USDA em 17,2 milhões de hectares (+2,7%), resultando em produção de 52 milhões de toneladas, 10,6% superior às 47 milhões de toneladas estimadas para a atual temporada (2020/2021). Os embarques do grão podem somar 6,35 milhões de toneladas, estável em relação à temporada atual.
O esmagamento, principal segmento da Argentina, deve ser o maior desde a safra 2016/2017, sendo 2,4% a mais que os 41,5 milhões de toneladas previstos para a safra 2020/2021. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima a produção da Argentina em 43 milhões de toneladas em 2020/2021, tendo em vista o clima desfavorável em grande parte do ciclo da oleaginosa. Da área cultivada, 70,6% haviam sido colhidos até o dia 13 de maio. As importações da China podem somar quantidades históricas de 100 milhões de toneladas em 2020/2021 (outubro de 2020 a setembro de 2021) e de 103 milhões de toneladas em 2021/2022 (de outubro de 2021 a setembro de 2022). A União Europeia deve importar 14,95 milhões de toneladas na safra 2020/2021 e 15 milhões de toneladas na safra 2021/2022. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.