10/Mai/2021
A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com as cotações futuras sustentadas em patamares elevados em Chicago, exportações aquecidas, demanda interna e externa firmes e projeção de oferta restrita para o segundo semestre deste ano. Diante da firme demanda global, os preços da soja seguem em alta nos Estados Unidos e no Brasil, operando acima dos US$ 16,00 por bushel na Bolsa de Chicago e em patamar recorde nominal no mercado interno. A valorização no mercado internacional também está atrelada a preocupações com o clima seco e com previsões indicando baixas temperaturas, que elevam o risco de geadas nos Estados Unidos. Relatório divulgado no dia 3 de maio pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostra que a semeadura da soja soma 24% do total da área esperada, acima dos 21% do mesmo período do ano passado e dos 11% na média dos últimos cinco anos.
Outro fator de sustentação aos valores nos Estados Unidos foi a estimativa indicando menor relação estoque/consumo final. Segundo o relatório de inspeção e exportação do USDA, os Estados Unidos embarcaram 55,45 milhões de toneladas de soja na parcial da safra 2020/2021 (de setembro/2020 a 29 de abril/2021), 64,2% superior ao mesmo período da temporada passada. A demanda doméstica pelo grão nos Estados Unidos também segue aquecida. Neste caso, verifica-se alta procura por óleo de soja, especialmente para a produção de biodiesel. E as expectativas são de que a política norte-americana de incentivo ao biocombustível possa incrementar a demanda por óleo. Nesse cenário, o contrato Maio/2021 da soja na Bolsa de Chicago registra valorização de 4,1% nos últimos sete dias, para US$ 16,05 por bushel, o maior valor nominal desde 9 de julho de 2013. O contrato de mesmo vencimento do farelo apresenta alta de 1,2% no período, a US$ 471,45 por tonelada, e o do óleo de soja tem avanço de 0,4%, a US$ 1.460,55 por tonelada.
No Brasil, os preços não conseguiram absorver totalmente a valorização externa. Além da desvalorização de 1,4% do dólar frente ao Real nos últimos dias, a colheita da safra nacional ainda está em andamento, e agentes têm vencimentos de dívidas de custeio. A valorização doméstica também foi limitada pela queda nos prêmios de exportação, que registram deságio sobre os preços norte-americanos. Esse cenário deixou os produtores domésticos afastados das negociações envolvendo grandes lotes. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,6%, cotado a R$ 178,51 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 174,18 por saca de 60 Kg. Aqui ressalta-se que, no dia 5 de maio, este Indicador atingiu R$ 176,96 por saca de 60 Kg, recorde nominal da série do Cepea, iniciada em julho/1997.
Nos últimos sete dias, a alta é de 0,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em abril, saíram dos portos brasileiros 17,38 milhões de toneladas de soja, um recorde mensal, 34% superior ao de março e 17% acima do volume de abril/2020. Na parcial do ano, de janeiro a abril, os embarques somam 33,06 milhões de toneladas, recorde para um primeiro quadrimestre. Diante do aumento nas exportações do grão e dos altos preços internos, as indústrias nacionais têm elevado as importações de soja. Isso porque, mesmo com os elevados preços da matéria-prima, a margem de esmagamento (crush margin) segue alta, inclusive nos maiores patamares desde 2018 quando considerado este mesmo período.
Em abril, o Brasil importou 40,2 mil toneladas de soja, 49,2% a menos que em março, mas a maior quantidade para um mês de abril desde 2016. Na parcial de 2021, o Brasil importou 252,0 mil toneladas de soja, o maior volume para um primeiro quadrimestre desde 2003. Desse total, 210,4 mil toneladas (83,5%) vieram da Argentina, e outras 30,5 mil toneladas (12,1%), dos Estados Unidos. Neste último caso, a isenção na taxa de importação para países fora do Mercosul resultou em compra histórica da soja norte-americana. Quanto aos derivados, as exportações de óleo de soja totalizaram 271,7 mil toneladas em abril, o maior volume desde junho/2020 e mais que o dobro do embarcado em março/2021. Os embarques de farelo de soja cresceram 21,4% entre março e abril, somando 1,44 milhão de toneladas em abril, o que representa o maior volume desde setembro/2021. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.