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26/Abr/2021

Tendência de alta da soja com demanda aquecida

A tendência é de alta dos preços da soja no mercado brasileiro, com a disparada das cotações futuras na Bolsa de Chicago – que ultrapassaram o patamar de US$ 15 por bushel, prêmios em alta gradual nos portos brasileiros, demanda interna e externa aquecidas e grande parte da safra 2020/2021 já comercializada pelos produtores. Mesmo em período de finalização de colheita no Brasil, os preços da soja operam em patamares recordes nominais. Quando deflacionados, os valores são os maiores desde janeiro deste ano. O impulso vem das demandas interna e externa aquecidas e, especialmente, das valorizações internacionais. Depois de subirem por oito pregões consecutivos, os contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago superaram os US$ 15,00 por bushel, o maior valor nominal desde julho de 2013. A alta externa, por sua vez, está atrelada ao baixo excedente da safra 2020/2021 nos Estados Unidos. Os produtores norte-americanos estão retraídos para novos negócios.

Relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que o país embarcou 54,990 milhões de toneladas na parcial deste ano-safra (setembro/2020 a 15 de abril/2021), 67,5% a mais que o escoado no mesmo período da temporada passada e correspondendo por 88,6% da estimativa de exportação para a safra toda, que finaliza em agosto. O clima desfavorável à semeadura de soja da safra 2021/2022 nos Estados Unidos também elevou os valores da oleaginosa. Ainda assim, o USDA estima que 3% da área destinada à soja nos Estados Unidos havia sido semeada até o dia 18 de abril, acima dos 2% cultivados na média dos últimos cinco anos. O fato é que as baixas temperaturas e o excesso de umidade podem prejudicar a continuidade da semeadura. Além disso, a alta no preço do grão foi influenciada pela valorização do óleo de soja. A demanda por este subproduto segue se sobressaindo à oferta norte-americana e, com isso, o preço externo do óleo de soja é o maior desde julho de 2008, em termos nominais. O contrato Maio/2021 da soja na Bolsa de Chicago registra valorização de expressivos 8,1% nos últimos sete dias, subindo para US$ 15,33 por bushel.

O contrato de mesmo vencimento do óleo apresenta significativa alta de 13,9%, para US$ 1.378,32 por tonelada. Quanto ao farelo, o avanço é de 8,1%, para US$ 465,17 por tonelada. No Brasil, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 3,1% nos últimos sete dias, cotado a R$ 181,20 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 3,7% nos últimos sete dias, a R$ 175,64 por saca de 60 Kg, ambos recordes nominais das respectivas séries. Nos últimos sete dias, as cotações registram alta de 2,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A alta doméstica ainda foi limitada pelas quedas nos prêmios de exportação de soja e de óleo e pela desvalorização do dólar. Os produtores do Paraná e de Mato Grosso estão retraídos nas vendas. Em Mato Grosso, 70% da safra 2020/2021 já foi negociada. No Paraná, 78% da colheita já foi comercializada.

Além de não terem necessidade em liberar espaço nos armazéns, grande parte desses produtores está capitalizada e à espera de novas altas nos valores. No MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os produtores estão em ritmo intenso de colheita da soja. Parte dos produtores destas regiões prefere negociar a soja em detrimento do milho, resultando em maior liquidez no mercado da oleaginosa. Quanto às exportações, a média diária de embarque de soja em grão na parcial deste mês está 30% acima da observada em abril/2020. Até o momento (11 dias úteis), foram exportadas 10,6 milhões de toneladas. O preço em dólares está 20,5% acima do de abril/2020. Diante dos elevados preços da matéria-prima, da alta externa e da firme demanda doméstica por derivados, os valores do óleo e do farelo também estão avançando no mercado brasileiro. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 4,2% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.516,43 por tonelada, recorde nominal. Quanto ao farelo, na média das regiões, as cotações apresentam valorização de 1,1% nos últimos sete dias.

Para conter a alta nos preços nacionais, o governo brasileiro suspendeu, novamente, a alíquota de importação do complexo soja de países fora do Mercosul. Essa decisão foi anunciada pelo Ministério da Agricultura no dia 19 de abril. Entretanto, diante da oferta interna e dos alinhamentos entre os valores domésticos e internacionais, as importações não devem ser intensas neste primeiro semestre. O governo brasileiro também aprovou a Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que estabelece a redução do teor de mistura obrigatória do biodiesel no óleo diesel de 13% (B13) para 10% (B10), válida no 79º Leilão de Biodiesel. Caso essa medida perdure durante este ano, estimativas do Imea indicam que o consumo de soja para a produção do biodiesel em Mato Grosso pode cair 8,68% em relação ao de 2020, retornando aos patamares de 2019. Relatório divulgado no dia 22 de abril pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica a colheita na Argentina atingia 18,5% do total da área plantada com soja, avanço de 11,2% em relação à semana anterior, mas ainda 37,9% abaixo do mesmo período do ano passado. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.