19/Abr/2021
A tendência é de alta dos preços da soja em grãos no Brasil, com os futuros em Chicago sustentados no patamar de US$ 14 por bushel, prêmios em alta nos portos brasileiros, dólar em patamares elevados, elevado percentual da safra atual (70%) já comercializados, aumento de área abaixo da expectativa na safra 2021/2022 dos Estados Unidos e demanda internacional aquecida – especialmente por parte da China. As quebras na safra Argentina – que é o maior exportador global de farelo e de óleo – deverão estimular as exportações brasileiras de farelo, além do recorde previsto para os embarques de soja em grãos. A decisão do governo de reduzir a mistura do biodiesel no diesel, de B13 (13% de biodiesel no óleo diesel) para B10 poderá reduzir o volume projetado para esmagamento no Brasil em 2021, mas também restringirá ainda mais a oferta interna de farelo, o que deve gerar pressão altista sobre esse coproduto. Para o 1º semestre de 2022, caso se confirme a projeção de uma safra recorde nos Estados Unidos em 2021/2022, o viés é baixista para os futuros, que recuariam para uma faixa entre US$ 12,20 a US$ 12,60/bushel.
No Brasil, as cotações deverão permanecer sustentadas ao longo de 2021, com previsão de embarques recordes e de oferta restrita de grão para esmagamento no 2º semestre deste ano. Os preços da soja estão em alta no Brasil, influenciados pelas maiores demandas doméstica e externa. Parte dos produtores mostra preferência em comercializar a soja em detrimento do milho, o que eleva a liquidez no mercado da oleaginosa. Diante disso, mesmo sendo período de finalização de colheita no Paraná, a média ponderada da soja no Estado, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ atingiu R$ 172,66 por saca de 60 Kg, o maior valor nominal da série histórica. Nos últimos sete dias, o Indicador registra avanço de 2,2%. No mesmo comparativo, o preço da soja apresenta aumento de 0,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Já outra parcela dos vendedores não mostra interesse em fechar negócios para entrega no curto prazo, atentos à maior paridade de exportação para embarques nos próximos meses.
Além disso, o frete rodoviário já volta a recuar e a colheita está na reta final na Região Centro-Oeste, Paraná e Região Sudeste do Brasil. O frete de soja de Cascavel (PR) para o Porto de Paranaguá (PR), que estava por volta de R$ 200,00 por tonelada no final de março, caiu para R$ 170,00 por tonelada atualmente. No mercado spot, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá (PR), apresenta alta de 1,8% nos últimos sete dias, cotado a R$ 177,94 por saca de 60 Kg. A paridade de exportação, por sua vez, indica preços de R$ 177,82 por saca de 60 Kg, para embarque em maio/2021, de R$ 179,95 por saca de 60 Kg para junho, de R$ 182,62 por saca de 60 Kg para julho e de R$ 184,55 por saca de 60 Kg para agosto. Para 2022, a paridade de exportação indica preços acima de R$ 160,00 por saca de 60 Kg, com base no dólar futuro negociado na B3. Entretanto, em alguns casos, mesmo com a alta nos preços domésticos, a renda final do produtor nesta safra foi limitada pelas negociações antecipadas.
Em Mato Grosso, a comercialização de soja no Estado atingiu 78,7% da produção estimada na temporada 2020/2021. Na mesma época do ano passado, o percentual negociado era de 81,9%. Quanto à safra 2021/2022, Mato Grosso conta com 24,7% da produção já vendida. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aumentou as estimativas de produção brasileira de soja para 136 milhões de toneladas, um recorde. O USDA também elevou as estimativas de exportação para 86 milhões de toneladas, e as de esmagamento, para 46,75 milhões de toneladas. O USDA manteve a estimativa de produção de soja na Argentina em 47,5 milhões de toneladas. Já a Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima safra de 43 milhões de toneladas, deste total, 7,2% foram colhidos até o dia 15 de abril. As chuvas dos últimos dias dificultaram os trabalhos de campo. Com isso, a produção mundial de soja é prevista pelo USDA em 363,2 milhões de toneladas, e as transações internacionais, em 170,9 milhões de toneladas, ambos recordes. O esmagamento também segue estimado em volume recorde, de 322,5 milhões de toneladas.
O USDA revisou o consumo mundial de farelo de soja, para 249,1 milhões de toneladas, 0,8% inferior ao estimado em março. Essa diminuição se deve à queda no consumo da China (-2,0%), dos Estados Unidos (-0,5%) e da Rússia (-5,4%), parte destes países tem substituído o subproduto da soja pela farinha de colza. Em contrapartida, o USDA elevou as estimativas de consumo mundial de óleo de soja, para 59,99 milhões de toneladas, um recorde. As transações internacionais deste coproduto também devem ser históricas, projetadas em 12,57 milhões de toneladas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2021 da soja registra leve valorização de 0,2% nos últimos sete dias, cotado a US$ 14,18 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja registra avanço de 2,8% no mesmo período, a US$ 1.210,10 por tonelada, neste caso, os valores são impulsionados pela maior demanda para produção de biodiesel nos Estados Unidos. O contrato Maio/2021 do farelo de soja acumula baixa de 1,2% nos últimos sete dias, caindo para US$ 443,01 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.