29/Mar/2021
A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com a esperada recuperação dos prêmios nos portos brasileiros, dólar em patamares elevados, cotações futuras sustentadas em Chicago ao redor dos US$ 14 por bushel e parcela expressiva (62%) da safra brasileira 2020/2021 já comercializados, além da confirmação de quebra da safra argentina. Os preços da soja estão em alta no mercado brasileiro. Esse movimento está atrelado às valorizações externa e cambial e à retração de produtores. Com mais de 60% da safra 2020/2021 já comercializada, os produtores preferem colher e armazenar o grão, na expectativa de vender a oleaginosa a valores maiores nos meses posteriores. Essa expectativa de vendedores, por sua vez, está fundamentada nos maiores prêmios de exportação a partir de junho em detrimento do mercado spot. Enquanto o prêmio de exportação de soja para embarque em abril/2021, pelo Porto de Paranaguá (PR), está negativo, ofertado a -US$ 0,15 por bushel, o prêmio para junho/2021 está positivo, em +US$ 0,22 por bushel.
Com isso, a paridade de exportação de soja indica preços a R$ 175,19 por saca de 60 Kg para abril, abaixo dos R$ 179,12 por saca de 60 Kg para junho. Para este cálculo, foi utilizado o dólar futuro negociado na B3. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,7%, cotado a R$ 170,99 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 164,48 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram alta de 0,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O elevado patamar do frete, que implica em menor receita ao produtor, também deixa os produtores resistentes em realizar novos negócios. O frete de soja de Cascavel (PR) para o Porto de Paranaguá (PR) está em R$ 200,00 por tonelada. O frete rodoviário de Sorriso (MT) para o Porto de Paranaguá (PR) registra alta de 6,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 340,00 por tonelada.
A colheita de soja alcançou 91,7% da área em Mato Grosso, abaixo dos 98,3% há um ano. A região norte é a mais avançada, mas recentes chuvas limitaram os trabalhos. A produtividade média no Estado é 2,2% inferior à da safra passada. A colheita segue para a reta final também no Paraná, especialmente na região oeste, onde a qualidade e a produtividade estão acima da esperada. No Rio Grande do Sul, o maior índice pluviométrico favoreceu as lavouras implantadas. Se a umidade continuar dentro do ideal nos próximos dias, a produtividade pode ser maior que a da safra anterior. A Emater-RS estima que a produção do Estado seja recorde, acima de 20 milhões de toneladas, significativo aumento de 80% sobre a temporada anterior. 60,1% da área cultivada com soja no Brasil havia sido colhida até o dia 19 de março. Dentre os Estados, 92% da área de Mato Grosso havia sido colhida, 82% de Goiás, 81% de Mato Grosso do Sul, 72% de Minas Gerais, 65% de São Paulo, 58% do Paraná, 48% de Santa Catarina, 37% do Tocantins, 40% do Maranhão, 19% da Bahia, 24% do Piauí e 5% do Rio Grande do Sul.
A demanda por derivados está menor. Os consumidores de farelo de soja indicam ter estoques para médio prazo. Uma parte dos compradores, inclusive, tem lotes de farelo para receber no próximo mês. Diante disso, as cotações de farelo de soja registram recuo de 3,6% nos últimos sete dias. A liquidez no mercado de óleo de soja também está menor. Porém, as indústrias mantêm firmes os preços pedidos, na expectativa de maior procura nos próximos dias. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso), registra recuo de 1,3% nos últimos sete dias, a R$ 7.275,51 por tonelada. Na Argentina, agricultores iniciaram a colheita da soja. Embora as recentes chuvas tenham recuperado parte das lavouras de cultivo mais tardio, as primeiras áreas semeadas na região central, que começaram a ser colhidas na semana passada, apresentam produtividade abaixo da média dos últimos cinco anos, devido ao déficit hídrico na principal fase de desenvolvimento do grão.
Ainda assim, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires mantém a estimativa de 44 milhões de toneladas de soja na safra 2020/2021, sendo 10,2% inferior à da temporada passada. A menor produção na Argentina pode favorecer as exportações de farelo e de óleo de soja do Brasil e dos Estados Unidos. O país norte-americano deve iniciar a semeadura da oleaginosa no próximo mês. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2021 da soja registra valorização de 1,6% nos últimos sete dias, mantendo-se acima do patamar de US$ 14 por bushel. Os contratos de mesmo vencimento do farelo e do óleo de soja apresentam avanço de 1,6% e 2,7%, respectivamente, indo para US$ 445,99 por tonelada e a US$ 1.212,09 por tonelada, na mesma ordem. Essa alta se deve à firme demanda de soja para processamento, devido à elevada procura por farelo e óleo de soja nos Estados Unidos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.