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22/Mar/2021

Tendência é de pressão baixista para o curto prazo

A pressão é baixista sobre os preços da soja no curto prazo, com prêmios em baixa nos portos brasileiros, recuos dos futuros em Chicago e, também, do dólar no Brasil. No médio prazo, entretanto, a tendência é de alta para os preços da soja em grãos no Brasil, com cotações futuras em Chicago ainda sustentadas ao redor dos US$ 14 por bushel, atraso dos embarques do grão brasileiro, quebras na safra da Argentina e demanda externa e interna aquecidas, com parte expressiva da atual safra brasileira já comercializada. Para o segundo semestre deste ano, o viés é baixista para os futuros em Chicago, para uma faixa entre US$ 12,20 a US$ 12,70 por bushel, caso se confirme a projeção de safra recorde nos Estados Unidos em 2021/2022. A projeção de aumento da área e safra recorde nos Estados Unidos em 2021/2022 poderá levar o patamar dos futuros em Chicago para US$ 11,80 a US$ 12,00 por bushel no primeiro semestre de 2022. No Brasil, as cotações deverão permanecer sustentadas ao longo deste ano, com previsão de embarques recordes e de oferta restrita de grão para esmagamento no segundo semestre de 2021.

No curto prazo, o avanço da colheita de soja no Brasil, a melhora do clima na Argentina e a falta de cota para embarcar o grão nos portos nacionais estão pressionando os prêmios de exportação da oleaginosa. Além disso, expectativas de que a China diminuirá o processamento de soja, devido à redução na quantidade de farelo a ser usado na ração animal, também pesa sobre os valores domésticos do grão. Assim, os prêmios de exportação de soja operam nos menores patamares nominais desde junho de 2014, quando considerados os embarques de primeiro vencimento pelo Porto de Paranaguá (PR). Para embarque em abril/2021, os compradores indicam -US$ 0,15 por bushel. O preço FOB da soja com embarque em abril/2021 apresenta queda de 2,1% nos últimos sete dias, com paridade de exportação a R$ 168,67 por saca de 60 Kg. A partir do contrato Maio/2021, por sua vez, a paridade de exportação indica aumento nos preços, sendo de R$ 173,83 por saca de 60 Kg para maio; de R$ 175,89 por saca de 60 Kg para junho; de R$ 178,14 por saca de 60 Kg para julho; e de R$ 181,64 por saca de 60 Kg para agosto (cálculo a partir do dólar futuro negociado na B3).

Entretanto, no médio prazo, os prêmios de exportação da oleaginosa estão positivos para os vencimentos de junho/2021 a julho/2022. No mercado spot, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,9%, cotado a R$ 169,79 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,0% nos últimos sete dias, a R$ 161,82 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram recuo de 1,8% e, no mercado de lotes (negociações entre empresas), a queda é de 2,7%. Nos Estados Unidos, os contratos futuros do complexo soja também registram recuos. A pressão vem da menor demanda externa pela oleaginosa norte-americana, especialmente por parte da China.

Além disso, a recente queda externa está atrelada também à desvalorização do petróleo, que faz com que refinarias nos Estados Unidos tenham menos incentivo para misturar biodiesel ao diesel (o óleo de soja é a principal matéria-prima na produção do biodiesel). Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2021 da soja apresenta desvalorização de 1,5% nos últimos sete dias, para US$ 13,92 por bushel. Os contratos de mesmo vencimento do farelo e do óleo de soja acumulam queda de 1,6% e 2,0%, respectivamente, a US$ 438,94 por tonelada e a US$ 1.179,90 por tonelada, na mesma ordem. No Brasil, 48,6% da área cultivada com soja no Brasil havia sido colhida até o dia 12 de março. Dentre os Estados, 82% da área de Mato Grosso havia sido colhida, 73% de Goiás, 63% de Mato Grosso do Sul, 52% de Minas Gerais, 50% de São Paulo, 38% do Paraná, 37% de Santa Catarina, 35% do Tocantins, 20% do Maranhão, 17% da Bahia, 13% do Piauí e apenas 1% do Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso, o baixo volume de chuva no início da semeadura de soja e, depois, o excesso das precipitações no período de colheita elevaram a quantidade de grãos avariados e com excesso de umidade.

Esse contexto deve resultar em descontos nos valores pagos aos produtores. No Paraná, um pequeno percentual dos primeiros grãos colhidos estava avariado, mas isso não deve impactar na produção total do Estado. Os produtores do Paraná, da região de Francisco Beltrão, estão na reta final da colheita, com 95% da área já retirada; em Toledo, as atividades chegam a 85%, em Cascavel, a 87%, em Maringá, a 76% e em Laranjeiras do Sul, a 75%. No Rio Grande do Sul, é o déficit hídrico que tem gerado preocupações aos produtores, além de aumentos de pragas e fungos nas lavouras de soja. O Estado é o que mais apresentou focos de ferrugem asiática nesta temporada. Só neste mês, foram 14 novos focos do fungo e, no total da safra, são 135 registros de ferrugem asiática no Rio Grande do Sul, segundo dados do Consórcio Antiferrugem/Embrapa. 59% das lavouras estão em fase de enchimento de grãos, 24%, de maturação e 5% foram colhidas, contra 25% colhidas em igual período de 2020. Na Argentina, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, as recentes chuvas beneficiaram as lavouras de soja, gerando expectativas de recuperação nas áreas que apresentavam condições ruins. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.