17/Mar/2021
O ressurgimento de surtos de peste suína africana (PSA) está atrapalhando os esforços da China para recompor seu plantel de suínos e diminuindo a expectativa de agricultores dos Estados Unidos de vender mais soja para o país asiático neste ano. Segundo relatório do Rabobank, o plantel de fêmeas vem diminuindo entre 3% e 5% ao mês desde dezembro. Autoridades chinesas previam que o número de suínos retornaria aos níveis anteriores à doença este ano. Com os novos surtos, porém, isso só deve ocorrer depois de 2023. A peste suína africana, uma doença inofensiva para humanos, mas quase sempre fatal para os suínos, afetou significativamente a oferta da China nos últimos anos. Em 2019, a propagação da doença reduziu o plantel do país em cerca de 40%, para 260 milhões de suínos.
O novo surto vem pressionando as cotações de farelo de soja na Bolsa de Chicago, já que o derivado é comumente utilizado em ração animal. Em 12 de janeiro, os preços futuros do farelo de soja atingiram US$ 474,10 por tonelada, o maior nível intraday desde junho de 2014. Desde então, os preços caíram cerca de 14%. O ressurgimento da doença ameaça a forte demanda esperada para a soja dos Estados Unidos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que as vendas externas de soja totalizarão 61,2 milhões de toneladas no ano comercial de 2020/2021, um terço a mais do que no ciclo anterior. Os preços da soja atingiram seus níveis mais altos desde junho de 2014 neste mês, a quase US$ 14,50 por bushel, impulsionados pela perspectiva de forte exportação.
Como resultado, os agricultores dos Estados Unidos devem plantar mais soja, 36,4 milhões de hectares nesta primavera do Hemisfério Norte, a maior área desde 2017. Se a PSA prejudica substancialmente o plantel de suínos na China, há dúvidas se as expectativas de demanda por milho e soja são exageradas ou o cronograma está mais truncado. Enquanto isso, os preços de suínos nos Estados Unidos subiram, com o contrato futuro mais negociado na Bolsa de Chicago ganhando 18% desde o início do ano. A percepção é de que a China precisa de muita carne suína, tanto no curto quanto no longo prazo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.