08/Mar/2021
A tendência é de alta dos preços da soja no mercado brasileiro, com a forte alta do dólar, cotações futuras em Chicago acima do patamar de US$ 14 por bushel, problemas climáticos que estão afetando a colheita no Brasil e a safra da Argentina e demanda internacional aquecida. As cotações futuras da soja na Bolsa de Chicago fecharam em alta na sexta-feira (05/03). Os traders ajustaram posições antes do relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado nesta terça-feira (09/03). O vencimento maio subiu 19,50 cents (1,38%) e fechou a US$ 14,30 por bushel. O clima desfavorável na América do Sul também dá suporte às cotações. A previsão ainda é de clima quente e seco nas principais áreas de cultivo da Argentina, enquanto as chuvas muito fortes continuam em parte de Mato Grosso. O dólar fechou na máxima em quatro meses ante o Real na sexta-feira (05/03), aproximando-se de R$ 5,70 e engatando a terceira semana consecutiva de valorização, com investidores replicando os ganhos da moeda norte-americana no exterior e ainda no aguardo das próximas votações da PEC Emergencial.
O dólar à vista subiu 0,40%, para R$ 5,6841, depois de atingir até R$ 5,72. O patamar atual é o mais alto desde 3 de novembro do ano passado. Na semana, a cotação apreciou 1,45%. Em três semanas seguidas de alta, o dólar se fortaleceu 5,77%. Com isso, a soja em grãos acumula uma alta no Brasil de 6,7% desde a última semana de fevereiro. O atraso das exportações se deve à baixa disponibilidade de caminhões, o que tem gerado filas de navios nos portos. O frete rodoviário saltou de R$ 110,00 por tonelada no início de fevereiro para R$ 200,00 por tonelada na primeira semana de março. Diante disso, as exportações de soja em fevereiro somaram 2,890 milhões de toneladas, 40% abaixo do escoado em fevereiro/2020 e o menor volume para o mês desde 2018. Com o atraso na colheita e na entrega da soja, o volume disponível no mercado spot segue baixo, elevando as cotações. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 3,1%, cotado a R$ 174,34 por saca de 60 Kg.
A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2,8% nos últimos sete dias, a R$ 166,40 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram alta de 3,1% e, no de mercado lotes (negociações entre empresas) o avanço é de 2,9%. As chuvas interromperam a colheita da soja em grande parte do Brasil. Até o dia 26 de fevereiro, 23,4% da área havia sido colhida no País, abaixo dos 44,4% do mesmo período de 2020. Nos Estados, os percentuais de área colhida, no mesmo período, eram de 15% em Mato Grosso do Sul, 38% em Goiás, 20% em São Paulo, 15% em Minas Gerais, 14% em Santa Catarina, 16% em Tocantins, 8% no Maranhão e 7% na Bahia. Um aspecto preocupante é o aumento dos focos de ferrugem asiática, especialmente na Região Sul do Brasil. Segundo dados da Embrapa, 124 focos do fungo haviam sido registrados no Rio Grande do Sul até o dia 4 de março, contra 22 no mesmo período do ano passado.
No Paraná, foram 100 registros, contra 67 há um ano. Em Santa Catarina, foram 17 focos, acima dos 4 de 2020. Na Bahia, 14 focos da doença foram tabulados, também superior aos 6 casos nesse mesmo período da safra passada. Na Argentina, as altas temperaturas e o baixo índice pluviométrico têm gerado expectativa de menor produtividade. Isso porque grande parte das lavouras está em fase de desenvolvimento do grão, período em que há necessidade de chuvas. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica que 40,8% das lavouras estão em fase de enchimento de grãos, e que a produção segue estimada em 46 milhões de toneladas, mas um reajuste pode ocorrer nas próximas semanas. Os preços do óleo de soja registram alta significativa no mercado brasileiro, influenciados pela valorização externa e pela maior demanda, especialmente por parte do setor de biodiesel. Com isso, os preços do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresentam alta de expressivos 7,5% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.497,46 por tonelada.
Em contrapartida, as cotações de farelo de soja apresentam baixa de 1,2% nos últimos sete dias. Uma parte dos consumidores domésticos indica estar abastecida para o médio prazo, enquanto outra parcela sinaliza ter lotes de contratos a serem recebidos no decorrer de março. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2021 do óleo de soja apresenta queda de 2,1% nos últimos sete dias, indo para US$ 1.117,95 por tonelada, este é o maior valor nominal para o primeiro vencimento desde 27 de março de 2013. Com o aumento na demanda por óleo de soja, espera-se maior processamento do grão, gerando, então, aumento na oferta de farelo de soja. Diante disso, o contrato de primeiro vencimento do farelo na Bolsa de Chicago registra recuou de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 460,87 por tonelada, o menor valor deste ano, em termos nominais. O grão, por sua vez, segue sustentado pelas expectativas de maior demanda para esmagamento. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.