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22/Fev/2021

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é de sustentação dos preços, com viés altista no mercado brasileiro, neste 1º semestre de 2021, com o dólar sustentado em patamares elevados, cotações futuras oscilando entre US$ 13,20 e US$ 13,80/bushel em Chicago, demanda aquecidas por parte da China e expressiva parcela da safra atual (60%) já comercializada no Brasil, anteriormente ao início da colheita. Para os coprodutos – farelo e óleo de soja, a tendência é de preços sustentados em patamares elevados ao longo de 2021, com oferta restrita do grão no mercado interno. A melhoria das condições climáticas sobre lavouras da América do Sul e a confirmação da expectativa do aumento de 8,3% da área de soja nos Estados Unidos em 2021/2022 reduzem o patamar das cotações futuras em Chicago para US$ 11,50 a US$ 11,90/bushel no 1º semestre de 2022. Dessa forma, para o 2º semestre de 2021, o viés é baixista para as cotações futuras em Chicago, com a tendência de novo aumento de área no Brasil e na América do Sul em 2021/2022. A colheita de soja começa a se intensificar no Brasil, mas dificuldades logísticas já preocupam agentes.

Além de filas de caminhões em algumas estradas nacionais, como nas de Itaituba (PA), que têm acesso ao Porto de Miritituba (PA), agentes relatam filas de navios nos portos brasileiros. Muitos produtores têm pressa em colher a oleaginosa, no objetivo de conseguir cumprir os contratos. As tradings, por sua vez, estão atentas ao recebimento da soja contratada dentro do prazo. Atrasos nas entregas podem limitar os embarques e resultar em multas nos carregamentos portuários. Com isso, a logística para março já está comprometida e grande parte dos agentes mostra interesse em negociar a soja com entrega apenas a partir do segundo trimestre deste ano. Esse cenário está pressionando os prêmios de exportação de soja no Brasil. Com referência no Porto de Paranaguá (PR), há compradores que indicam, para abril, -US$ 0,05 por bushel, patamares que não eram observados desde junho de 2014. Ressalta-se, contudo, que os prêmios de exportações para o segundo semestre seguem elevados frente aos do mesmo período de anos anteriores.

Com isso, a paridade de exportação se mantém acima dos valores negociados no spot nacional, e agentes seguem com boas expectativas para a temporada 2020/2021. A paridade de exportação de soja no Porto de Paranaguá (PR) indica preços a R$ 167,13 por saca de 60 Kg para março/2021; a R$ 167,51 por saca de 60 Kg para abril/2021; a R$ 168,87 por saca de 60 Kg para maio/2021; a R$ 170,27 por saca de 60 Kg para junho/2021; a R$ 172,34 por saca de 60 Kg para julho/2021 e a R$ 174,50 por saca de 60 Kg para embarque em agosto. Para 2022, os preços são calculados em R$ 149,14 por saca de 60 Kg para fevereiro e em R$ 146,84 por saca de 60 Kg para abril (com base no dólar futuro negociado na B3). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,2%, cotado a R$ 162,96 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 157,66 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, os valores da soja registram leve recuo de 0,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os prêmios de exportação e os preços domésticos dos derivados também estão recuando. Embora as ofertas de farelo e de óleo de soja sejam escassas, os consumidores desses subprodutos indicam estar utilizando os volumes em estoques e/ou ter novos lotes contratados para receber a partir de março. Com isso, as cotações de farelo de soja apresentam queda de 0,9% nos últimos sete dias. Quanto ao óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), os preços registram baixa de 2,0% no mesmo comparativo, a R$ 5.865,25 por tonelada. No campo, a colheita em Mato Grosso somava 22,2% até o dia 12 de fevereiro, mais que o dobro do volume colhido na semana anterior, mas ainda 35,9 pontos percentuais abaixo do mesmo período do ano passado. Os produtores da Região Centro-Oeste pretendem intensificar as atividades, diante de previsões de clima favorável aos trabalhos de campo. Há significativo avanço na colheita em Mato Grosso, passando de 8,9% para 25,5% em uma semana.

Para São Paulo, a estimativa é de que 18% da área havia sido colhida até o dia 12 de fevereiro; 15% em Tocantins, 10% em Minas Gerais, 7% em Santa Catarina, 6% em Goiás, 5% na Bahia, 4% em Mato Grosso do Sul, 3% no Maranhão e apenas 1% no Paraná. 3% da área no Paraná havia sido colhida até o dia 15 de fevereiro. Do total da área semeada, 6% estão em fase de floração, 61%, em frutificação e 33%, em período de maturação. A soja estará pronta para ser colhida no Paraná a partir do início de março. No Rio Grande do Sul, embora as recentes chuvas tenham sido benéficas ao desenvolvimento das lavouras, elas impediram a aplicação de fungicidas em várias regiões, o que preocupa os produtores que têm enfrentado problemas como ferrugem asiática e mofo branco nas lavouras de soja. 11% das lavouras do Estado estão em fase de desenvolvimento vegetativo, 36%, em floração, 50%, de enchimento de grãos e 3%, em maturação.

Nos Estados Unidos, mesmo com as expectativas de aumento de área a ser cultivada com soja na temporada 2021/2022, os preços futuros estão em alta, influenciados pela valorização do óleo de soja. Essa alta, por sua vez, está atrelada à maior demanda externa pelo coproduto norte-americano e argentino. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2021 do óleo de soja registra alta de 2,8% nos últimos sete dias, para US$ 1.019,63 por tonelada. Vale ressaltar que, no dia 16 de fevereiro, essa commodity atingiu o maior valor nominal desde 10 de julho de 2013, a US$ 1.027,56 por tonelada. Para a soja, o contrato Março/2021 da oleaginosa apresenta valorização de 0,5% no mesmo comparativo, a US$ 13,75 por bushel. Os preços futuros do farelo de soja acumulam baixa de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 469,47 por tonelada. Na Argentina, o índice pluviométrico tem favorecido as lavouras de soja. Segundo dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 57,3% dos 17,2 milhões de hectares cultivados estão em formação de vagens. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.