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17/Fev/2021

Tendência de sustentação do preço interno da soja

A tendência é de preços sustentados para a soja em grãos no mercado brasileiro, com o dólar se mantendo em patamares elevados, cotações futuras firmes na Bolsa de Chicago, parte expressiva da safra brasileira 2020/2021 comercializada antecipadamente e vendedores retraídos. A diminuição das chuvas nas principais regiões produtoras de soja permitiu o avanço da colheita da safra 2020/2021. Esse cenário atrelado às desvalorizações externas e do dólar vêm pressionando as cotações domésticas do completo soja. Entretanto, no médio e longo prazo, a paridade de exportação no Brasil e os valores futuros internacionais apontam preços firmes para a oleaginosa, o que se deve à rápida diminuição nos estoques norte-americanos da soja. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,4%, cotado a R$ 165,73 por saca de 60 Kg.

No interior, no acumulado de fevereiro, os preços da soja ao produtor recuaram entre R$ 5,00 e R$ 6,00 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 3,2% nos últimos sete dias, para R$ 160,06 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja apresentam alta de apenas 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Para os derivados, expectativas de maior oferta de soja têm deixado os consumidores cautelosos nas aquisições, os quais têm utilizado a matéria-prima em estoque. Com isso, as cotações de farelo de registram queda de 1,6% nos últimos sete dias. A liquidez de óleo também segue baixa, e os preços desse subproduto (posto em São Paulo com 12% de ICMS) se mantêm estáveis no mesmo comparativo, a R$ 5.982,17 por tonelada. Quanto às cotações externas, estão sendo influenciadas por expectativas de aumento na área a ser semeada com soja nos Estados Unidos na temporada 2021/2022, como resultado dos preços atrativos.

Além disso, há expectativas de baixa demanda da China para os próximos dias, diante do feriado de Ano Novo chinês, que se iniciou no dia 11 de fevereiro. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos de curto prazo da soja apresentam leves recuos, sendo de 0,4% para Março/2021 e de 0,2% para Maio/2021, enquanto os demais contratos avançaram. O contrato Agosto/2021 tem sido negociado acima dos US$ 13,00 por bushel e os vencimentos a partir de setembro, na casa dos US$ 12,00 por bushel, período de colheita de soja nos Estados Unidos. Diante disso, a paridade de exportação de soja no Brasil, para os embarques de março a agosto deste ano, indica preços acima dos valores ofertados no spot. A paridade é de R$ 166,47 por saca de 60 Kg para março, em R$ 166,16 por saca de 60 Kg para abril, em R$ 167,13 por saca de 60 Kg para maio, em R$ 169,43 por saca de 60 Kg para junho, em R$ 169,68 por saca de 60 Kg para julho e em R$ 172,80 por saca de 60 Kg para agosto (considerando o dólar futuro negociado na B3).

Na parcial da atual ano-safra (setembro/2020 a fevereiro/2021), as exportações dos Estados Unidos somaram 49,2 milhões de toneladas, 80,4% acima do escoado no mesmo período da temporada passada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou as estimativas de exportação de soja dos Estados Unidos, nesta temporada (2020/2021) para 61,23 milhões de toneladas. Com isso, a previsão é de que o estoque de passagem norte-americano seja de 3,25 milhões de toneladas em agosto deste ano, 14,3% inferior ao estimado em janeiro/2021 e o menor em sete anos. No geral, a competitividade entre os Estados Unidos e o Brasil no abastecimento global deve se manter acirrada neste ano, assim como foi no último trimestre de 2020. A produção brasileira segue estimada pela nossa Consultoria em volume recorde, de 133,9 milhões de toneladas. A qualidade a ser colhida ainda é incerta e isso pode impactar os derivados.

A demanda por coprodutos brasileiros da soja deve ser recorde, com exportações previstas em 18,5 milhões de toneladas de farelo e 1,15 milhão de toneladas de óleo. Na Argentina, as condições climáticas estiveram mais favoráveis às lavouras de soja e a produção está estimada em 46 milhões de toneladas pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Do lado da demanda, a China deve importar 100 milhões de toneladas de soja, um recorde. Em contrapartida, as estimativas de importação da União Europeia se reduziram em 1,6% sobre o relatório passado, indo para 15,15 milhões de toneladas. A Argentina deve importar 4,5 milhões de toneladas de soja na safra 2020/2021, 12,5% a mais que o estimado no relatório de janeiro. No campo, até o dia 5 de fevereiro, 13% da área de soja havia sido colhida em São Paulo; 9% em Mato Grosso; 5% em Minas Gerais, 3% na Bahia e em Santa Catarina, 2% em Goiás e 1% no Maranhão. As constantes chuvas em Mato Grosso do Sul têm impossibilitado os trabalhos de campo. Em Mato Grosso, a colheita soma 11,2% até o dia 5 de fevereiro, bem abaixo dos 44,5% em igual período de 2020. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.