08/Fev/2021
A tendência é de sustentação dos preços da soja no mercado brasileiro, com as cotações futuras em Chicago sustentadas acima do patamar de US$ 13,50 por bushel, dólar em patamares elevados, fortes embarques dos Estados Unidos para a China, atrasos na colheita da safra brasileira e parte expressiva da atual colheita já comercializada pelos produtores do País. Dentre as regiões produtoras de soja no Brasil, o estado de São Paulo apresenta ritmo mais acelerado na colheita nesta temporada. Esse cenário é atípico, uma vez que Mato Grosso e Paraná são historicamente os primeiros Estados a cultivar e, consequentemente, colher a oleaginosa. No entanto, frequentes chuvas nas Regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil têm atrasado os trabalhos de campo. Em Mato Grosso e no Paraná, os produtores já se preocupam com a formação de grãos ardidos. Ressalta-se que, mesmo com uma possível quebra na produtividade, os produtores esperam produção recorde na temporada 2020/2021, tendo em vista a maior área cultivada, de 38,2 milhões de hectares, 3,4% a mais que na safra anterior.
Até o final de janeiro, 11,0% da área de soja havia sido colhida em São Paulo; 4,9% em Mato Grosso; 2,0% em Minas Gerais, na Bahia e em Santa Catarina, e 1,0% em Goiás e no Maranhão. Em Mato Grosso, a colheita no Estado somava 4,9% até o final de janeiro, bem abaixo dos 26,6% em igual período de 2020. A região norte de Mato Grosso está com os trabalhos de campo mais adiantados, com 10,7% da área colhida, mas ainda inferior aos 25,3% colhidos há um ano. O excesso de umidade aumentou a proliferação de fungos e de grão ardido. Segundo dados da Embrapa, são 53 focos de ferrugem asiática em lavouras do Paraná, contra 35 no mesmo período da safra passada. Em Mato Grosso, são 15 focos, acima dos 8 focos há um ano. No Rio Grande do Sul, são 9 focos do fungo, contra 4 no ano passado. Em São Paulo, surgiram 8 pontos de ferrugem, contra 2 em 2020. Em Goiás, são 6 focos de ferrugem neste ano, contra nenhum em igual período da safra passada. No Rio Grande do Sul, por sua vez, as recentes chuvas têm beneficiado as lavouras em desenvolvimento. 1% da área de soja já está em fase de maturação.
Para as próximas semanas, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) prevê diminuição das precipitações, tanto na Região Centro-Oeste quanto na Região Sul do Brasil, o que deve permitir o avanço da colheita. Algumas cooperativas e cerealistas de São Paulo já estão recebendo soja, mas a comercialização no spot ainda é lenta. A soja recém-colhida está sendo destinada à entrega de contratos. Como parte dos consumidores tem lotes da oleaginosa para receber nos próximos dias, segue retraída das aquisições no curto prazo. As exportações brasileiras de soja em grão em janeiro deste ano somaram apenas 49,5 mil toneladas, 96,4% inferiores às de dezembro/2020 e 96,4% abaixo dos embarques de janeiro/2020, sendo o menor volume desde janeiro de 2014. Os embarques de óleo de soja totalizaram somente 51,7 toneladas em janeiro de 2021, 99,6% inferiores aos de dezembro/2020 e 99,6% abaixo do volume escoado há um ano.
Os embarques de farelo de soja estão mais aquecidos. O Brasil exportou 1,02 milhão de toneladas do derivado no mês passado, 8,5% a mais que em dezembro/2020 e 0,8% acima da quantidade de janeiro de 2020. A menor demanda tem pressionado os prêmios de exportação no Brasil e, consequentemente, as cotações domésticas, mesmo com as valorizações externa e cambial (US$/R$). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,1%, cotado a R$ 167,67 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 165,39 por saca de 60 Kg.
Nos últimos sete dias, os valores da soja registram leve queda de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Diante da baixa oferta do grão, os preços dos derivados seguem em alta. Além disso, os consumidores de farelo de soja relatam dificuldades em adquirir novos lotes para curto prazo. Com isso, as cotações de farelo de soja apresentam alta de 0,5% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra valorização de 0,9% no mesmo comparativo, indo para R$ 5.982,13 por tonelada. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2021 da oleaginosa apresenta valorização de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 13,72 por bushel. Para o farelo de soja, o mesmo vencimento registra alta de 1,4%, a US$ 477,41 por tonelada. O contrato Março/2021 do óleo de soja acumula valorização de 1% no mesmo período, cotado a US$ 975,32 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.