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01/Fev/2021

Tendência altista para preços da soja e derivados

A tendência é altista para os preços da soja e dos coprodutos no mercado brasileiro, com as cotações futuras sustentadas em patamares elevados em Chicago – entre US$ 13,50 e US$ 13,70 por bushel –, dólar também se mantendo em níveis altos e próximo dos R$ 5,50, oferta interna restrita com atrasos na colheita e grande parte (60%) da safra atual comercializada antes da colheita. Após a falta de chuva no ano passado ter atrasado a semeadura de soja, agora é o excesso de precipitação que tem impedido a colheita e preocupado os produtores brasileiros, os quais têm contratos para serem cumpridos a partir desta semana. O line up do Porto de Paranaguá (PR), por exemplo, aponta que os navios devem começar a chegar no local na primeira dezena de fevereiro. Assim, tradings passaram a negociar um novo prazo de entrega com os compradores estrangeiros. Esse cenário deve manter a oferta de soja restrita no curto e médio prazos no Brasil.

As indústrias domésticas estão atentas à baixa disponibilidade de matéria-prima. Por enquanto, as esmagadoras trabalham com o grão em estoque. Essas indústrias também dispõem de contratos de matéria-prima para serem recebidos, assim como há contratos de entrega de farelo e de óleo para serem cumpridos, e a demanda por novos lotes está firme no Brasil. Em Mato Grosso, apenas 2,2% da área com soja foi colhida, bem abaixo dos 14,4% no mesmo período de 2020. Com o clima desfavorável, a estimativa é de queda na produtividade em relação à safra passada. Mais de 65% da produção estimada para o Estado (de 35,5 milhões de toneladas) já foi negociada. No Paraná e em Mato Grosso do Sul, as previsões indicam chuvas para os próximos dias, o que deve seguir impedindo o avanço da colheita. Em Minas Gerais e em Goiás, as lavouras prontas devem ser colhidas, tendo em vista que não há previsão de chuvas.

No Rio Grande do Sul, o maior índice pluviométrico tem beneficiado as lavouras em desenvolvimento, recuperando, inclusive, áreas prejudicadas pela estiagem. Até 28 de janeiro, 46% da soja estava em germinação/desenvolvimento vegetativo; 36%, em floração; 17%, em enchimento de grãos e 1% estava em maturação. Em São Paulo, algumas cooperativas começam a receber pequenos volumes da soja da nova safra (2020/2021). A colheita no Estado alcançou 10% da área cultivada, mais adiantada do que no ano passado. Indústrias de São Paulo, contudo, relatam ainda não estar recebendo soja, o que as mantêm fora das negociações envolvendo os derivados. Os preços da oleaginosa se mantêm praticamente estáveis e a liquidez é baixa. O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, acumulou alta de significativos 9,9% em janeiro/2021 ante dezembro/2020, cotado, em média, a R$ 164,87 por saca de 60 Kg, valor este que ficou 61,5% acima da média de janeiro/2020 e um recorde, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de dezembro/2020).

A média ponderada da soja no Paraná em janeiro, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registrou avanços de 12,9% em relação à média de dezembro/2020 e 66,8% frente a janeiro/2020 (em termos reais), a R$ 163,81 por saca de 60 Kg. Além disso, a média de janeiro está abaixo apenas da registrada em novembro do ano passado, também em termos reais. De dezembro/2020 para janeiro/2021, os preços da soja subiram 11,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 10,1% no mercado de lotes (grão negociados entre empresas). Em um ano, as respectivas elevações são de 95,1% e de 98,1%, em termos nominais. A alta nos preços da soja esteve atrelada também à valorização do dólar sobre o Real, de 4,1% entre dezembro/2020 e janeiro/2021. Em um ano, o avanço da moeda norte-americana é de 28,9%. Quanto aos derivados, os valores do farelo de soja subiram 9,9% entre dezembro/2020 e janeiro/2021. Em um ano, os preços desse derivado mais que dobraram, em termos nominais.

O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) se valorizou 3,7% de dezembro/2020 para janeiro/2021, com média de R$ 6.607,96 por tonelada no mês passado. Em relação ao mesmo período de 2020, este subproduto está 67,3% mais caro, em termos nominais. Na Bolsa de Chicago, os preços médios mensais da soja e do farelo de soja em janeiro/2021 são os maiores desde junho de 2014. No caso do óleo, é o maior desde julho de 2013. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento da soja em grãos se valorizou 13,7% entre dezembro/2020 e janeiro/2021, com média a US$ 13,72 por bushel em janeiro. Em um ano, o aumento é de 49,6%. Para o farelo de soja, as altas foram de 10,6% no mês e de 49,1% em um ano, a US$ 488,97 por tonelada em janeiro. Quanto ao óleo de soja, os avanços foram de 7,5% entre dezembro/2020 e janeiro/2021 e de 30,1% entre janeiro/2020 e janeiro/2021, com preço médio a US$ 947,62 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.