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18/Jan/2021

Tendência é de alta da soja no mercado brasileiro

A tendência é altista para a soja em grãos no mercado brasileiro, com o dólar sustentado em patamares elevados, cotações futuras firmes acima dos US$ 14 por bushel em Chicago, revisão para baixo da safra e dos estoques dos Estados Unidos, ameaça climática persistindo sobre áreas da América do Sul e grande parte da safra atual (60%) já comercializada pelos produtores brasileiros antes do início da colheita. Além disso, a maior demanda da China pela soja dos Estados Unidos, que exportou volume recorde em 2020, e a expectativa de estoques reduzidos no final do ano-safra deram o tom altista aos preços do grão e do farelo de soja na Bolsa de Chicago, que operam nos maiores patamares desde junho de 2014. O contrato Março/2021 da oleaginosa opera acima dos US$ 14,00 por bushel e registra valorização de 5,6% em sete dias. Para o farelo, o mesmo vencimento apresenta expressiva alta de 7,6%, a US$ 512,46 por tonelada. O contrato Março/2021 do óleo de soja acumula recuo de 1,6% no mesmo período, indo para US$ 950,40 por tonelada. A desvalorização do dólar no mercado internacional, que atrai importadores aos Estados Unidos, também dá suporte aos preços externos. Frente ao Real, a moeda norte-americana recuou 3,4% nos últimos sete dias.

A produção mundial de soja na temporada 2020/2021 foi projetada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 361 milhões de toneladas, 0,3% abaixo do indicado em dezembro/2020. Em contrapartida, a demanda global para processamento e para ração também foi estimada em volumes recordes, que, juntos, somam 369,82 milhões de toneladas, ou seja, acima da produção. Assim, os estoques mundiais tendem a se reduzir, levando a uma relação estoque final/consumo de 22,8%, semelhante ao da temporada 2013/2014. Para os Estados Unidos, além de a produção 2020/2021 ter sido reajustava negativamente, para 112,54 milhões de toneladas, as estimativas de exportação são recordes, de 60,69 milhões de toneladas. Em 2020, os Estados Unidos exportaram 63,16 milhões de toneladas, um recorde. Somente de setembro/2020 a dezembro/2020 (parcial da temporada 2020/2021), foram embarcadas 40,22 milhões de toneladas, equivalente a 65% do previsto para toda a safra, que se encerra em agosto/2021.

O consumo de soja em grão norte-americano é previsto em 63,28 milhões de toneladas, crescimento de 5,9% frente à safra anterior. Esse aumento se deve às expectativas de que o país tenha uma maior fatia nas exportações de farelo de soja, estimadas em volume recorde de 12,92 milhões de toneladas (aumento de 1,8% sobre o relatório passado). O consumo doméstico do farelo de soja também segue previsto em quantidade recorde, de 34,74 milhões de toneladas. A estimativa de exportação de óleo de soja é mantida em 1,24 milhão de toneladas, enquanto o consumo doméstico foi elevado em 0,8% sobre o relatório passado, para 10,52 milhões de toneladas, um recorde. Na Argentina, as expectativas são de quebra na produção, devido às chuvas irregulares. Com isso, a estimativa de produção é de 48 milhões de toneladas, a menor desde a safra 2017/2018. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima produção ainda menor, de 46,5 milhões de toneladas. A semeadura da nova temporada está em 97,5%, faltando ser concluída na região norte do país. No Brasil, com o cultivo praticamente finalizado, faltam pequenas áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Maranhão, a previsão da nossa Consultoria para a produção nacional é de 133,6 milhões de toneladas, pouco acima da esperada pelo USDA, de 133,0 milhões de toneladas.

Nossa estimativa de exportação é de 85,5 milhões de toneladas na temporada 2020/2021. A mistura de biodiesel no diesel passará de B12 (12%) para B13 (13%) neste ano. Inclusive, o USDA prevê consumo brasileiro recorde de farelo de soja (18,5 milhões de toneladas) e de óleo de soja (7,7 milhões de toneladas) na safra 2020/2021. Agora, a atenção se volta à colheita no Brasil, que já foi iniciada em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais. Entretanto, o ritmo das atividades ainda é lento, tendo em vista o cultivo tardio. A expectativa é de que os trabalhos de campo se intensifiquem entre o final de janeiro e o começo de fevereiro. As áreas de cultivo precoce têm registrado baixa produtividade, diante das chuvas tardias. Os preços internos estão em alta, influenciados pela valorização externa e pelo baixo excedente doméstico. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 3,8%, cotado a R$ 170,08 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 4,9% nos últimos sete dias, a R$ 166,99 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram elevação de 5,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 8,0% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A demanda por farelo de soja está aquecida. Os consumidores indicam não ter estoques para longo prazo e esperam preços menores, à medida que a colheita se intensifique. Nos últimos sete dias, os valores de farelo apresentam valorização de 7,0%. Os preços de óleo de soja estão recuando, já que indústrias brasileiras voltaram a ofertar novos volumes. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra recuo de 1,1% nos últimos sete dias, caindo para R$ 6.221,95 por tonelada. A paridade de exportação de soja indica contínua alta no decorrer de 2021, a R$ 172,50 por saca de 60 Kg para fevereiro; R$ 169,00 por saca de 60 Kg de março a maio; R$ 171,11 por saca de 60 Kg em junho; R$ 173,12 por saca de 60 Kg em julho; e a R$ 174,72 por saca de 60 Kg em agosto. Para abril de 2022, a paridade indica preços a R$ 139,90 por saca de 60 Kg. Para este cálculo, foi utilizado o dólar futuro negociado na B3. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.