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11/Jan/2021

Preços da soja estão em alta no mercado interno

Com a forte alta das cotações futuras na Bolsa de Chicago, que já se aproximam do patamar de US$ 14 por bushel e a taxa de câmbio se aproximando novamente de R$ 5,40, os preços da soja estão em alta no mercado interno neste início da colheita da safra 2020/2021. As ameaças climáticas persistem tanto no Sul do Brasil, como na Argentina, com riscos de estiagens persistindo nas próximas semanas. O ano de 2021 se iniciou com preços da soja em forte alta no Brasil. O impulso vem da interrupção dos embarques na Argentina, de expectativas de menor produção no país vizinho e das valorizações externas e cambial. Em apenas uma semana, as cotações da soja chegaram a subir mais de R$ 10 por saca de 60 Kg em diversas regiões brasileiras. O Indicador ESALQ/BM&F Paranaguá (PR) está cotado a R$ 163,85 por saca de 60 Kg, avanço de 6,5% em janeiro e 86,2% superior ao registrado há um ano. O Indicador CEPEA/ESALQ para o produtor do Paraná subiu 9,8% em janeiro e 92,2% em um ano, para R$ 159,16 por saca de 60 Kg. Na média das regiões, as altas em janeiro são de 9,8% no mercado de balcão e de 9,6% no de lotes.

Em um ano, os preços no mercado de balcão e de lotes subiram 87% e 91,4%, respectivamente. O fato é que compradores externos voltaram a demandar soja do Brasil. Contudo, o remanescente da safra nacional 2019/2020 é baixo, e a colheita da temporada 2020/2021 ainda está no começo – por enquanto, os trabalhos foram iniciados apenas em Mato Grosso. Produtores do oeste do Paraná relataram que algumas lavouras já estarão prontas para serem colhidas nesta semana. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os trabalhos de semeadura estão praticamente finalizados, e as recentes chuvas beneficiaram as lavouras. A região de Matopiba também está com o cultivo na reta final, mas a baixa umidade do solo preocupa sojicultores. Há previsão de chuva para essa semana, segundo dados do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos). No Sudeste do Brasil, embora as lavouras estejam em boas condições, ainda é preciso mais umidade para um melhor desenvolvimento vegetativo. O Cptec prevê grande possibilidade de chuvas para os próximos dias.

Na Argentina, as precipitações ainda têm ocorrido de forma irregular, gerando receios de quebra na safra 2020/2021. A Bolsa de Cereales informa que, mesmo com o aumento da área cultiva, a produção da oleaginosa deve ser de apenas 46,5 milhões de toneladas, a menor desde 2017/2018. Ainda segundo a Bolsa, a semeadura da soja atingiu 93,5% da área estimada até o dia 7 de janeiro. Após o governo da Argentina suspender as exportações de milho, agentes do setor agrícola fizeram greves nos portos, impedindo o escoamento de soja e derivados – o país é o principal exportador global de farelo e óleo de soja. Diante dos problemas de produção e comercialização na Argentina e das expectativas de maior demanda da China em 2021, os contratos futuros de soja negociados nos Estados Unidos registraram significativas altas na Bolsa de Chicago, se aproximando dos US$ 14 por bushel – cenário que não era visto desde julho de 2014. No mesmo período de 2020, a cotação era de US$ 9,35 por bushel.

Diante da valorização externa, os prêmios de soja recuaram no Brasil, mas não o suficiente para impedir a alta no preço FOB. Com isso, o preço FOB em Paranaguá – principal porto de formação de preço de soja – registrou o maior patamar desde 22 de agosto de 2014 para o contrato de primeiro vencimento, a US$ 529,19 a tonelada, o que corresponde a R$ 170,36 por saca de 60 Kg– considerando o dólar futuro de fevereiro/2021 negociado na B3. Esse valor FOB está significativamente acima do ofertado no mercado spot. Parte das indústrias voltou a ofertar óleo de soja no mercado brasileiro. Em São Paulo, o valor do derivado (com 12% de ICMS) registrou alta de 6,4% em janeiro, subindo para R$ 6.293,79 a tonelada. Em 12 meses, os preços deste subproduto subiram 72%. A demanda por farelo de soja voltou a crescer, mas tanto indústrias como consumidores estão receosos nas negociações. Na média das regiões, os preços de farelo de soja subiram 7% em janeiro e 103,3% em um ano. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.