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11/Jan/2021

Tendência de preços sustentados da soja em 2021

A tendência é de cotações firmes para a soja no Brasil em 2021, com enxugamento dos estoques dos Estados Unidos e demanda aquecida pela oleaginosa no mercado interno e no exterior. Caso haja quebras de safra na América do Sul, o potencial de alta é maior, sustentando os futuros na Bolsa de Chicago (CBOT) acima dos US$ 13,50 por bushel e os prêmios no Brasil. O desempenho do dólar ante o Real, contudo, pode contrabalançar esse suporte caso a desvalorização da moeda norte-americana continue. O recuo do dólar foi o principal fator que contribuiu para a queda dos preços da soja no País no final de 2020, após o grão ter atingido recordes nominais e reais ao longo do ano passado. Outro motivo é o fato de que compradores, após terem elevado nos últimos meses os preços sem conseguir atrair ofertas expressivas, se abasteceram com o que conseguiram e saíram do mercado.

As cotações cederam ainda para uma aproximação entre os valores do spot e da negociação futura. Apesar do atraso do plantio, os preços devem convergir no curto e médio prazo, pois estávamos descolados dos parâmetros internacionais. As importações de soja do Brasil em 2020, de 747,9 mil toneladas, maior volume desde 2003 (1,189 milhão de toneladas), ajudaram a abastecer consumidores, mas tiveram menor impacto sobre preço interno do que o recuo do dólar. O governo zerou temporariamente o imposto de importação de soja de fora do Mercosul, porém o maior volume veio do Paraguai, 661,6 mil toneladas. Para 2021, as compras do exterior tendem a continuar pequenas diante da necessidade doméstica, mas a possibilidade de importar acaba colocando um teto para as cotações. Há uma possibilidade de aumento nas importações brasileiras de soja em 2021 para atender à demanda de esmagadoras da oleaginosa.

A previsão é de importação de 800 mil toneladas em 2021, abaixo do 1 milhão de toneladas estimado para 2020. No curto prazo, a tendência de preços no País dependerá do tamanho da safra e do câmbio. Na Bolsa de Chicago, se houver uma sinalização de quebra de safra no País, o preço deve voltar a subir com força porque os estoques norte-americanos estão muito baixos. Haveria uma volta da demanda para os EUA para eles suprirem o que Brasil deixasse de cumprir. Se as ameaças à safra sul-americana não se confirmarem, as cotações tendem a ceder. Se não tiver problema climático e o Brasil colher uma safra recorde, isso deve pesar nos preços, com a entrada da safra e o aumento da disponibilidade. Só que deve ser uma queda limitada, uma vez que boa parte da safra está vendida. Quando entrar a safra em 2021, apenas 40% do volume estará realmente disponível. Em janeiro, já há alguma disponibilidade da nova safra, mas em volume menor do que em anos anteriores.

Devido ao atraso no plantio, a volta do Brasil de forma mais robusta ao mercado de exportação só deve ocorrer a partir de fevereiro. Como o balanço global está apertado, uma apreciação adicional do câmbio no Brasil tende a ser ao menos parcialmente compensada por um aumento dos preços em Chicago. Os prêmios de exportação entre março e maio estão atualmente na faixa de +US$ 0,75 a +US$ 0,80 por bushel, abaixo dos níveis observados nos últimos meses, de até US$ 3,00 por bushel, mas estão acima da média histórica para o período, que é entre +US$ 0,45 a +US$ 0,50 por bushel. Outro fator que influenciará as cotações futuras em Chicago é a perspectiva para a safra 2021/2022 norte-americana, já que as primeiras sinalizações são de aumento de área de soja nos EUA. Um aumento da área nos EUA seria um fator de contenção para as cotações futuras.

Havia uma sinalização de parâmetros de preços menores para 2021, mas o mercado internacional mais firme, com demanda externa forte para os Estados Unidos e China extremamente compradora, acabou alavancando as cotações em dólar para 2021, com preços em US$ 480 a US$ 500 por tonelada para esse primeiro semestre. Em maio de 2020, os preços estavam na casa de US$ 340 por tonelada. Neste primeiro semestre, o mundo contará com a oferta da América do Sul em um ambiente de estoques menores nos EUA e persiste a dúvida sobre como o fenômeno climático La Niña vai afetar a produção de Paraguai, Argentina e Sul do Brasil. Temos um mercado firme do lado da demanda e algumas incertezas do lado da oferta. O desempenho do câmbio também deve ser fator determinante para as cotações no Brasil. Fonte: Cogo Inteligência em Agronegócio.