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11/Jan/2021

Demanda da China deve manter preço sustentado

A demanda chinesa por soja deve continuar acelerada no Brasil em 2021. A recuperação dos rebanhos dizimados pela peste suína africana (ASF) e o enxugamento dos estoques nos Estados Unidos contribuem para que, além dos volumes já adquiridos, os chineses reforcem as compras da soja brasileira, principalmente no primeiro semestre de 2021. As exportações do Brasil tendem a ser iguais ou maiores do que em 2020, mas o volume dependerá do tamanho da safra nacional, já que o estoque de passagem é limitado e a demanda interna deve continuar aquecida. A China deve fechar o ano civil com importação de 100 milhões de toneladas de soja, crescimento de 12,9% ante 88,6 milhões de toneladas em 2019. Embora o ritmo de crescimento na importação de soja em 2021 possa não ser tão acelerado, o país continua em plena recuperação do plantel de suínos. Não só a recuperação dos rebanhos como também a tecnificação da produção de carne no país são fatores que explicam o apetite por grãos.

A indústria de carnes chinesa está se profissionalizando cada vez mais. A produção de carne suína chinesa está crescendo rapidamente. Porém, o país vai para o mercado em busca de insumos para a ração em uma época em que EUA tiveram frustração de safra, Argentina pode ter algum problema também e, mesmo com uma safra brasileira bastante positiva, o cenário internacional é de oferta e demanda ajustadas. Em 2020, a China se antecipou a possíveis problemas logísticos e de oferta em virtude da pandemia do novo coronavírus, o que se refletiu na demanda firme. Esse é um elemento de risco ainda presente, que tende a se exaurir à medida que as vacinas forem adotadas pelos países. Mas persiste o aspecto da preocupação com segurança alimentar. A China deverá continuar importando grandes volumes da soja brasileira, sem deixar de lado os Estados Unidos. O Brasil deverá voltar a ser mais competitivo ao longo deste primeiro semestre e os EUA ao longo do segundo semestre de 2021.

Para a China, é importante ter dois grandes fornecedores para reduzir o risco de suprimento. Não há, por ora, sinais de recuo no interesse chinês por soja. Há muito produto vendido para 2022 e já iniciaram as negociações para 2023. Isso sinaliza um mercado de demanda muito firme, e, especialmente no caso da soja, temos um conjunto pequeno de países que conseguem ofertar grandes quantidades. Para 2021, a projeção é de embarques de 85 milhões de toneladas de soja em grãos pelo Brasil. Porém, o atraso na chegada da produção pode afetar a programação de embarques. Devemos começar esse mês de janeiro com 4 milhões de toneladas, e o normal seria começar com 8 milhões de toneladas embarcadas. A previsão é de processamento de 44,1 milhões de toneladas, o maior da história. A comercialização antecipada de soja está em níveis mais altos do que nos últimos cinco anos. A estimativa é de um estoque na passagem de 2020 para 2021 de apenas 300 mil toneladas. O cenário é positivo para as exportações em 2021, a depender do tamanho da safra do Brasil e da demanda doméstica.

Temos um cenário global de balanço apertado nos EUA, uma safra argentina abaixo de 50 milhões de toneladas e um consumo global que segue crescendo a reboque da demanda chinesa. A troca do comando no governo norte-americano não deverá influenciar a demanda chinesa. 2020 já foi um ano quase normal para as importações de soja da China. O país comprou tudo que podia do Brasil e adquiriu muita soja dos EUA. A tensão comercial China-EUA deve continuar, mas com o presidente Joe Biden o tom tende a ser mais moderado. Isso até poderia ser negativo para as exportações de soja brasileira, mas vai ser compensado pela grande necessidade que a China tem de importar. Por outro lado, uma relação comercial China-EUA mais harmoniosa tende a contribuir para a aceleração do crescimento global, o que aumenta o consumo de alimentos e é benéfico para um grande produtor como o Brasil. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.