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15/Dez/2020

Biodiesel: insatisfação com entrada da Petrobras

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) afirmou que se a Petrobras obtiver autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para comercializar o diesel verde, ou HVO (óleo vegetal hidrogenado), antes chamado de H-Bio, várias usinas de biodiesel devem parar de funcionar e a indústria verá uma redução significativa no processamento de soja. O processo produtivo é diferente, com o óleo passando por uma refinaria e sendo hidrogenado. Assim, passa a ser um substituto direto do diesel. Isso é uma evolução, mas a Petrobras quer entrar no mandato de biodiesel para viabilizar um processo que só ela vai fazer. Em vez de aumentar o mandato, a Petrobras quer entrar no que já existe e óbvio que com toda a agressividade e o tamanho da empresa, ela vai roubar mercado do biodiesel. Se isso for autorizado, será uma ameaça imediata ao mercado de biodiesel.

O argumento da Petrobras é o de que a indústria vai passar a vender o óleo de soja para a companhia, e não mais para as usinas. Entretanto, esse aspecto muda a tomada de decisão das empresas, por acabar com uma integração já definida na cadeia produtiva. O que a Petrobras deveria estar fazendo era brigar pelo B20 (mistura de 20% do óleo ao diesel) conosco, mas essa decisão de entrar com o novo produto vai gerar ociosidade nas usinas de biodiesel, podendo levar à quebra de muitas delas", criticou, ressaltando também que há uma falta de informação da companhia ao mercado, por exemplo, quanto ao volume de óleo que seria adquirido pela empresa. Desconsiderando essa investida da Petrobras, entretanto, a Abiove projeta um cenário em que o Brasil precisa processar mais soja, dado o crescimento do mandato de biodiesel. Essa expansão para 15% da mistura até 2023 tornou o biodiesel um grande vetor de industrialização.

A entidade vê o aumento da mistura como um fator que garantiu previsibilidade e estimulou o processamento da oleaginosa. Em 2021, a demanda por biodiesel vai crescer cerca de 650 milhões de litros por causa da subida para a B13, o que seria um crescimento de 10% em relação ao consumo em 2020, que deve somar 6,4 bilhões de litros. Com a escalada no percentual da mistura no diesel, ele destaca que as exportações de óleo no longo prazo não devem se manter firmes, considerando a tendência de um maior direcionamento da produção do óleo vegetal para o mercado interno, no sentido de atender à demanda do mandato que prevê 13% de mistura. Em 2022 será necessário haver um grande crescimento no processamento de soja para alcançar demanda por biodiesel. Isso se nós tivermos o aumento para 15% na mistura até 2023, conforme já foi garantido em regulamentação. O objetivo é que a mistura em 20% seja aprovada. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.