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09/Dez/2020

Grãos: mercados globais seguirão firmes em 2021

Segundo o banco holandês ING, o clima seco em regiões produtoras de soja na América do Sul pode prejudicar a produção 2020/2021. Com atraso no plantio, há preocupações sobre o que isso pode significar para a produtividade e certamente há risco de queda na estimativa de produção recorde prevista no Brasil. Os preços da soja no Brasil têm sido bem sustentados pela forte demanda chinesa, enquanto o Real mais fraco significa que os produtores têm visto margens mais fortes em Reais, porém, por causa do clima seco nos últimos meses, que atrasou o plantio, há preocupações sobre a produtividade. Na Argentina, o clima seco entre setembro e outubro atrasou o plantio de milho, com os agricultores tendo a opção de plantio de fim de temporada (a ser plantado ainda neste mês de dezembro) ou a mudança para a soja, que geralmente é plantada em outubro-dezembro. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires espera que a área total de soja este ano aumente marginalmente de 17,1 milhões hectares na última temporada para 17,2 milhões hectares em 2020/2021.

Espera-se que a área do milho caia 3% na safra 2020/2021 ante o período anterior e, juntamente com as expectativas de rendimentos mais baixos, isso significa que a safra de milho deve cair 9%, para 47 milhões de toneladas. As compras de grãos norte-americanos pela China e a força dos preços da soja sugerem que a área plantada com a oleaginosa deve continuar a crescer nos Estados Unidos em 2021/2022, enquanto a semeadura de milho provavelmente diminuirá. É provável um novo aumento no plantio de soja em 2021. Nos últimos anos, os Estados Unidos viram mudanças no plantio de soja, com a guerra comercial pressionando o mercado e os agricultores trocando sua área para o milho. Em 2020/2021, a área plantada de milho é estimada em 91 milhões de hectares, um pouco acima do nível anterior à guerra comercial em 2017/2018.

Se for considerado que as safras estão alinhadas com a média de cinco anos, a safra de nos Estados Unidos em 2021/2022 pode avançar atingindo os níveis vistos pela última vez durante temporada 2018/2019. Para o milho, assumindo um rendimento semelhante à média de cinco anos, provavelmente a safra de milho deve recuar na próxima temporada. A demanda da China por grãos deve continuar dando suporte aos mercados no próximo ano. Três fatores estão por trás disso: necessidade de segurança alimentar em meio à pandemia, recuperação do plantel de suínos chinês e o acordo comercial preliminar assinado entre China e Estados Unidos. Um maior apoio às compras agrícolas vem do fato de que o rebanho suíno na China está começando a se recuperar, após o surto de peste suína africana (PSA) em 2018 e 2019. O governo priorizou o aumento da produção de suínos no país, após o surto, e a demanda por ração animal tem crescido, dando suporte às cotações de milho e soja. Além disso, o acordo comercial Estados Unidos-China continua sustentando fortes compras chinesas de alimentos, embora os dados do comércio indiquem que a meta ainda será difícil de ser atingida este ano.

Até outubro, a China havia atingido apenas pouco mais de 52% de sua meta anual de US$ 36,6 bilhões em importações dos Estados Unidos. A primeira fase do acordo comercial é de dois anos, e o valor das exportações no segundo ano está previsto em US$ 43,6 bilhões, portanto as compras chinesas podem muito bem continuar a apoiar vários mercados agrícolas. Mas, se as importações ficarem aquém da meta neste ano, existe a possibilidade de que isso precise ser compensado no próximo ano. Ao observar as exportações dos Estados Unidos para a China, é possível perceber que os compromissos totais até agora no atual ano de comercialização (começando em setembro) totalizam um pouco mais de 11 milhões de toneladas, acima do registrado no mesmo estágio do ano passado, e a maior venda de milho que vimos para a China nesta época do ano, remontando à temporada 2012/2013.

Embora algumas dessas vendas possam ser canceladas nos próximos meses, 2,9 milhões de toneladas de milho já foram exportadas para a China desde setembro, e isso já excede a quantidade total exportada na campanha de 2013/2014. Essas vendas já ultrapassaram a cota anual total de importação da China, de cerca de 7 milhões de toneladas. Portanto, o governo deve emitir novas cotas de permissão. Já houve relatos de que o governo aumentou essa cota em 5 milhões de toneladas. Também há um ponto importante em relação à China, que quer garantir a segurança alimentar em meio à pandemia, dadas as possíveis interrupções nas cadeias de abastecimento globais. Outro fator refere-se às metas ambientais de redução de carbono da China, que provavelmente serão implementadas em um estágio posterior, o que deve apoiar a demanda de milho, por exemplo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.