07/Dez/2020
A tendência de queda do dólar no Brasil está impactando diretamente na baixa dos preços da soja no mercado interno. Basicamente, esse é o único fator que está provocando a baixa do preço no Brasil. Se o dólar continuar recuando (o que poderá ocorrer), as cotações da soja seguirão em baixa. Fora a questão cambial, todos demais fatores são altistas para o preço da soja no longo prazo. As cotações futuras estão sustentadas na Bolsa de Chicago, com todos os vencimentos de 2021 acima dos US$ 11 por bushel. 60% da safra 2020/2021 (ainda em fase de plantio) já está negociada pelos produtores brasileiros e isso reduzirá a oferta de soja livre a partir da colheita em 2021. Os prêmios nos portos brasileiros estão acima da média histórica. Haverá forte demanda de importações por parte da China ao longo de 2021. Por fim, há problemas climáticos com o La Niña, que poderá provocar quebras em algumas regiões da América do Sul, como o sul do Brasil, Argentina e Paraguai.
No curto prazo, as chuvas nas principais áreas de cultivo da América do Sul estão pesando sobre as cotações futuras em Chicago. A desvalorização do dólar frente ao Real, a melhora nas condições climáticas na América do Sul e a menor demanda neste período de entressafra estão pressionando os valores interno e externo da soja. Alguns vendedores optam por negociar parte dos estoques, mas a liquidez se mantém baixa, porque os compradores estão retraídos, à espera de novos recuos. Diante dos baixos estoques no mercado interno, as indústrias brasileiras aumentaram as importações de soja em grão, elevando a disponibilidade doméstica de farelo e de óleo de soja. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em novembro, chegaram ao Brasil 122,5 mil toneladas de soja em grão, 25,8% acima do volume importado em outubro. 60% tiveram como origem o Paraguai, 40%, o Uruguai e apenas 1% veio da Argentina. No ano, as importações somam 748 mil toneladas, sendo o Mercosul o fornecedor de praticamente todo o volume.
As exportações de novembro, por sua vez, somaram 1,468 milhão de toneladas, sendo ainda a China o principal destino. No ano, os embarques totalizam 82,905 milhões de toneladas, se caracterizando como o segundo maior volume da história, abaixo apenas do de 2018, quando 83,6 milhões de toneladas foram escoadas pelo Brasil. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,1%, cotado a R$ 157,78 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra significativa queda de 5,3% nos últimos sete dias, a R$ 152,38 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram recuo de 3,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 4,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Quanto aos derivados, os preços de farelo de soja registram queda de 2,3% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo, com 12% de ICMS) apresenta baixa de 3,7% no mesmo período, indo para R$ 6.131,19 por tonelada.
A baixa nos preços domésticos é limitada pela estabilidade dos prêmios de exportação de soja e derivados. Na Bolsa de Chicago, o contrato Janeiro/2021 da oleaginosa acumula desvalorização de 1,3% nos últimos sete dias, a US$ 11,68 por bushel. Quanto ao farelo de soja, o contrato Dezembro/2020 registra queda de 1% no mesmo comparativo, a US$ 432,98 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja tem alta de 1,3%, indo para US$ 852,74 por tonelada. Essa alta está atrelada às expectativas de maior demanda da China, que mostra preferência em adquirir óleo de soja em detrimento do de palma. No campo, as recentes chuvas beneficiaram as lavouras de soja no Brasil, especialmente na Região Sul, onde a baixa umidade preocupava os produtores. Assim, o cultivo segue para a reta final. Segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 27 de novembro, a semeadura de soja no País havia atingido 86,2% da área esperada.
Em termos estaduais, as atividades somam 99% da área estimada em Goiás; 95% em São Paulo; 90% em Minas Gerais; 84% em Santa Catarina; 80% na Bahia e em Tocantins; 75% no Piauí e 49% no Maranhão. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que, até o dia 27 de novembro, a área semeada em Mato Grosso chegou a 99,6%. Em relação à comercialização, 99,6% da safra 2019/2020 e 64,3% do estimado para 2020/2021 foram negociados. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que a semeadura foi praticamente finalizada no Paraná, sendo que 82% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 12%, em floração, 4%, em germinação e 2%, em frutificação. Do total semeado, 72% estão em boas condições, 24%, em médias e 4%, ruins. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS aponta que, até o dia 3 de dezembro, a semeadura havia atingido 61% da área, contra 76% no mesmo período de 2019. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, na Argentina, a semeadura da soja avançou 8,9%, atingindo 48,2% da área total destinada à oleaginosa no país. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.