30/Nov/2020
Os preços da soja recuaram nas últimas semanas no mercado brasileiro, puxados principalmente pela queda acentuada do dólar. Praticamente não há mais soja para originação da safra de 2019/2020. Para a próxima temporada 2020/2021, entretanto, a tendência é altista para os preços da soja no Brasil, com 60% da safra comercializada antecipadamente, cotações futuras na Bolsa de Chicago em direção aos US$ 12 por bushel, demanda importadora aquecida por parte da China, fortes exportações dos Estados Unidos nos últimos meses deste ano e adversidades climáticas na América do Sul, com riscos de estiagens prosseguirem em áreas do Sul do Brasil, Paraguai e Argentina. No mercado spot, o significativo avanço do semeio de soja na América do Sul está pressionando os valores internos da oleaginosa. Entretanto, o baixo índice pluviométrico volta a preocupar, e os produtores se ausentam de novas vendas. Com as chuvas irregulares, parte das lavouras implantadas entre setembro e outubro, especialmente, apresentam estandes de plantas não homogêneas.
Assim, ainda há incertezas sobre a necessidade de replantio e a recuperação das plantas em desenvolvimento. O semeio segue para a reta final no Brasil, chegando a 79%. Em Mato Grosso, até o dia 20 de novembro, a área semeada com soja havia alcançado 98,5% do total, pouco acima do mesmo período da temporada passada. Em relação à comercialização, a estimativa é de que 64,4% do volume total da safra 2020/2021 já tenha sido negociada no Estado, expressivamente acima dos 36,0% do mesmo período de 2019. No Paraná, até o dia 23 de novembro, a área semeada havia alcançado 97% do esperado. Das lavouras já implantadas, 85% estavam em desenvolvimento vegetativo, 8%, em germinação, 6%, em floração e 1%, em frutificação. Do total semeado, 72% apresentavam boas condições, 24%, médias e 4%, ruins. No Rio Grande do Sul, o semeio atingiu 47% da área no dia 26 de novembro, contra 63% no mesmo período de 2019. Os produtores retomaram o semeio em regiões onde choveu, mas o tempo seco predomina em praticamente todo o Estado.
Segundo dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), deve chover em praticamente todo o Brasil nos próximos dias, com mais intensidade na Região Sul do País, o que deve aliviar a tensão dos produtores do Rio Grande do Sul. Na Argentina, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, recentes chuvas permitiram o avanço do semeio que, até o dia 26 de novembro, chegou a 39,3% da área destinada à oleaginosa. Considerando-se que 60% da produção, estimada em 134,9 milhões de toneladas pela Conab, já foi comercializada, os vendedores aguardam uma melhor definição da nova safra para fechar novos contratos. Além disso, os compradores estão à espera de preços menores. Nos últimos sete dias, os preços da soja registram recuo de 2,0% no mercado de balcão (pago ao produtor) e de 2,8% no mercado de lotes (negócios entre empresas). Entre as médias de outubro/2020 e de novembro/2020, as altas são de 5,5% e de 5,4%, respectivamente.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,7%, cotado a R$ 161,24 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,9% nos últimos sete dias, a R$ 160,85 por saca de 60 Kg. De outubro/2020 para novembro/2020, os Indicadores registram respectivas altas de 3,6% e 4,2%. Quanto aos derivados, nos últimos sete dias, os preços de farelo de soja registram recuo de 1,4%. O valor do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta queda de 5,9% no mesmo período, o que se deve ao aumento nas importações desse derivado. Mesmo com a finalização da colheita de soja nos Estados Unidos, os preços futuros da oleaginosa estão nos maiores patamares nominais desde agosto de 2014, quando os contratos futuros estavam acima de US$ 12 por bushel.
Esse cenário está atrelado à firme demanda externa. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), saíram dos portos norte-americanos 24,4 milhões de toneladas de soja de setembro/2020 até o dia 19 de novembro, 69,6% acima do escoado no mesmo período de 2019. Além disso, incertezas quanto ao volume de soja a ser produzido no Brasil têm sustentado a commodity nos Estados Unidos, uma vez que ambos os países são concorrentes no abastecimento global da oleaginosa. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento de soja (novembro/2020) apresenta valorização de 0,6% nos últimos sete dias, indo para US$ 11,84 por bushel. O contrato Dezembro/2020 do farelo de soja registra valorização de 0,8% no mesmo comparativo, a US$ 437,50 por tonelada. Para o óleo de soja, o contrato de mesmo vencimento acumula baixa de 1,6% nos últimos sete dias, indo para US$ 841,72 por tonelada. Entre a média de novembro/2019 e de novembro/2020, os preços do grão registram alta de 7,9%, os do farelo, 6,3%, e os do óleo de soja, expressivos 10,1%. O movimento de alta ainda é limitado por expectativas de cancelamentos de compras da China, diante da baixa margem de lucro das indústrias do país asiático. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.