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19/Nov/2020

Argentina: seca e negociações futuras atrasadas

As principais áreas produtoras de soja na Argentina voltam a registrar falta de umidade no solo para dar continuidade aos trabalhos de campo da nova safra. As últimas chuvas consideráveis foram registradas no final de outubro e, desde então, não chegam ao país de forma bem distribuída e com bons volumes. Paralelamente, as temperaturas continuam subindo. Assim como no Brasil, as precipitações na Argentina chegam ainda de forma pontual e mal distribuída. Segundo as previsões atualizadas da Bolsa de Comércio de Rosário, para este final de semana são aguardadas apenas ocorrências de chuvas no leste de Buenos Aires e no sul de Entre Rios. Para a próxima semana já se esperam chuvas mais significativas, com bons volumes chegando não só a partes Entre Rios e Buenos Aires, mas também em regiões importantes como o leste de Santa Fé, onde as reservas hídricas do solo vêm caindo de forma significativa.

No último final de semana, bons volumes também foram registrados, mesmo que de forma bem localizada, em Santa Fé, Córdoba, Santiago del Estero e partes do Chaco. Estão são áreas onde a seca tem castigado a produção de forma bastante severa. As precipitações não são suficientes para reverter a falta de umidade sofrida pelo trigo, mas são cruciais para dar andamento aos plantios. Mapas comparativos do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) mostram claramente a diferença das condições de umidade dos solos entre 26 de outubro e 16 de novembro. Sem dúvida essas condições estão colocando um freio no bom ritmo adquirido há pouco pelo plantio de soja e, pouco a pouco, limita também o avanço do ciclo do milho. No último final de semana, bons volumes também foram registrados, mesmo que de forma bem localizada, em Santa Fé, Córdoba, Santiago del Estero e partes do Chaco. Estão são áreas onde a seca tem castigado a produção de forma bastante severa.

O documento aponta ainda que nas áreas mais necessitadas de Santa Fé e Córdoba são necessários cerca de 100 a 150 milímetros de chuvas para repor as reservas hídricas do solo, enquanto as mesmas receberam algo entre 30 e 60 mm nos últimos quatro dias. Mas, estas chuvas recentes permitiram que as semeaduras de soja fossem reativadas, já que desde 14 de novembro estavam paralisadas em função do tempo seco. Nesta temporada, estas chuvas são chave para que não se atrase tanto o plantio e as janelas de plantio de percam. De acordo com o último boletim da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o plantio da soja está 20% concluído na Argentina, de uma área estimada em 17,2 milhões de hectares. Mais do que isso, em seu último Panorama Agrícola, reduziu a projeção para a colheita do país para 46,5 milhões de toneladas. Antes das complicações com a seca, as estimativas eram de uma área de 19 milhões de hectares e de uma produção de 55 milhões de toneladas. As previsões estão longe de suprir a deficiência hídrica das regiões mais afetadas.

Dias bastante claros, rajadas de vento, e altas temperaturas levaram embora a umidade da superfície, que é fundamental para o plantio. Em apenas uma semana, a água se tornou escassa nos solos em regiões como o leste de Córdoba e o centro-sul de Santa Fé, o que parou as atividades. Assim, a disponibilidade de água nos primeiros centímetros do solo irá marcar o ritmo das plantadeiras. O plantio da soja evolui em ritmo lento na Argentina bem com as vendas da oleaginosa. Dados oficiais mostram que o país tem apenas 69% da safra 2019/2020 (de 50 milhões de toneladas) vendidos, algo como 34,8 milhões de toneladas até o dia 4 de dezembro. Há um ano, este percentual era de 72%. A média dos últimos cinco anos para o mesmo intervalo, porém, é de 39,7 milhões. Para os chamados 'negócios a fixar' no país, o volume cresceu em 19% (6,8 milhões de toneladas) contra 14% da média plurianual.

Para a safra 2020/2021, da qual o Brasil já comprometeu mais de 60%, apenas 7% está comprometido com a comercialização, ou cerca de 3,7 milhões de toneladas de uma produção esperada em 50 milhões de toneladas. Do total, são 2,9 milhões de compras feita pelas indústrias locais e 800 mil destinada à exportação. A Bolsa de Comércio de Rosário atribui a lentidão das vendas a uma combinação de fatores que inclui o recente movimento de alta dos preços da oleaginosa na Bolsa de Chicago e na abismal diferença cambial entre o chamado "dólar soja" e o dólar 'oficial'. O avanço das vendas em outubro foi pouco significativo se comparado a setembro. Em relação a julho e agosto, quase nenhuma mudança foi registrada. Quando começaram as restrições à compra de dólares em 2011, houve uma mudança estrutural nos produtores, que passaram a ter mais estoques de grãos do que o normal até então. Diante da incerteza do mercado de câmbio, da impossibilidade de possuir ativos em dólares, há uma preferência por guardar a soja, é uma moeda de troca.

Esta é uma condição conhecida pelo mercado global de soja e que se intensifica diante de 'o mundo já estar muito vendido'. O mundo vendeu muito, então agora, naturalmente, as vendas seriam menores. Mas, na Argentina, isso se agrava com o menor poder de compra dos produtores argentinos (de uma série de produtos) e desta enorme desvantagem cambial. A tendência é de que a comercialização siga lenta no país e só retome um pouco mais do ritmo a partir do momento em que os produtores argentinos vejam sua safra e a do Brasil um pouco mais consolidadas. Neste quadro, as indústrias estão ainda mais apreensivas do que os produtores. A Argentina é responsável por 50% de toda a produção e exportação de farelo e óleo de soja do mundo e sem grãos, o processamento não caminha como deveria. Isso pode ser observado com as exportações brasileiras excelentes dos dois produtos, por exemplo, já que a Argentina praticamente saiu do jogo. Em outubro, os Estados Unidos também registraram um volume de soja esmagada recorde, com mais de 5 milhões de toneladas. Fontes: InfoCampo, Clarín e LaPolitica Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.