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16/Nov/2020

Tendência de estabilização para os preços da soja

A tendência é de estabilização para os preços da soja no mercado brasileiro, com a finalização do escoamento da safra 2019/2020, estabilização do dólar e melhoria das condições climáticas na maior parte das regiões produtoras no Brasil. No longo prazo, entretanto, a tendência é de sustentação das cotações, com 60% da safra 2020/2021 já negociadas pelos produtores, dólar acima do patamar de R$ 5, alta das cotações futuras na Bolsa de Chicago com vencimentos de 2021 acima dos US$ 11 por bushel e demanda internacional aquecida. O elevado consumo da China, a maior demanda da União Europeia, a menor produção nos Estados Unidos e a possível queda na produção da Argentina devem resultar na relação estoque/consumo final mais baixa das últimas sete temporadas, em termos mundiais. Esse cenário elevou significativamente os preços futuros de soja na Bolsa de Chicago, que está operando nos maiores patamares desde julho de 2016.

As recentes chuvas nas principais regiões produtores do Brasil, entretanto, limitaram a valorização externa e pressionaram os valores domésticos, que seguem praticamente nominais, devido ao baixo interesse de produtores em negociarem o remanescente da safra 2019/2020. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que a produção global de soja deve somar 362,6 milhões de toneladas, embora seja 1,6% inferior ao estimado no relatório passado, ainda é um volume recorde. A queda em relação à estimativa passada se deve à menor produção nos Estados Unidos, que foi revisada para 113,5 milhões de toneladas, queda de 2,3% sobre o relatório anterior. Dados do USDA também apontam que 91% da área cultivada com soja nos Estados Unidos havia sido colhida até o dia 8 de novembro, acima dos 61% em igual período de 2019 e dos 80% na média dos últimos cinco anos. A estimativa de produção na Argentina também foi reduzida em 4,7%, prevista agora em 51 milhões de toneladas. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires espera produção ainda menor na Argentina, projetada em 46,5 milhões de toneladas, devido às condições climáticas desfavoráveis ao cultivo de soja.

A Bolsa indica que 19,9% da área destinada à oleaginosa havia sido semeada até o dia 12 de novembro. As previsões do USDA para o Brasil se mantêm em 133 milhões de toneladas, um recorde e em linha com a produção indicada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), entre 133,6 milhões de toneladas e 134,9 milhões de toneladas, de 7% a 8% superior à safra passada. Embora o déficit hídrico tenha retardado o semeio da oleaginosa no Brasil, as chuvas em novembro têm favorecido o cultivo. Em algumas regiões, inclusive, os trabalhos estão mais adiantados do que no ano passado. Na Região Sul, o cultivo havia sido interrompido pela baixa umidade, mas agora já está em linha com a média dos últimos anos. Até o dia 6 de novembro, o semeio de soja estava em 30% em Tocantins; 20% no Maranhão; 16% no Piauí; 7% na Bahia; 17% no Rio Grande do Sul; 38% em Santa Catarina; 47% em Goiás; 50% em Minas Gerais; 60% em São Paulo; 78% em Mato Grosso do Sul e 79,1% no Paraná e em Mato Grosso.

As transações mundiais foram revisadas pelo USDA em 165,3 milhões de toneladas, um recorde. A China segue como principal consumidora mundial de soja, com 100 milhões de toneladas. A importação da União Europeia para a safra 2020/2021 foi revisada em 3,36% neste mês, prevista agora em 15,4 milhões de toneladas. O esmagamento foi reduzido em 0,4% sobre o relatório de outubro, mas ainda deve ser o maior da história, estimado em 320,9 milhões de toneladas. Essa revisão se deve ao menor esmagamento na Argentina, que deve somar 40 milhões de toneladas de soja. Diante da menor produção e da firme demanda, os estoques de passagem de soja foram reduzidos em 2,46% no último relatório, com previsão de 86,5 milhões de toneladas. Isso está atrelado ao menor estoque norte-americano, projetado em 5,1 milhões de toneladas, expressivos 34,5% inferior ao apontado no relatório passado e o menor volume desde 2013/2014. Os estoques da União Europeia também devem ser os menores desde a safra 2014/2015, estimados em 1,003 milhão de toneladas, 33,2% inferior ao indicado em outubro pelo USDA.

A desvalorização do dólar no mercado internacional atraiu compradores para os Estados Unidos, mas, em contrapartida, os afastou do Brasil. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2020 da oleaginosa registra valorização de 3,2% nos últimos sete dias, a US$ 11,40 por bushel. Referente ao farelo de soja, o contrato com vencimento em dezembro/2020 apresenta alta de 0,1% no mesmo comparativo, a US$ 427,80 por tonelada. Quanto ao óleo de soja, a valorização é de significativos 4,5%, indo para US$ 816,80 por tonelada. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 4%, cotado a R$ 162,27 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,6% nos últimos sete dias, a R$ 164,30 por saca de 60 Kg. Quanto aos derivados, os preços do farelo de soja acumulam alta de 0,9% nos últimos sete dias. O valor do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra leve recuo de 0,2% no mesmo período, cotado a R$ 6.996,37 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.