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09/Nov/2020

Tendência de sustentação para os preços da soja

A tendência é de sustentação dos preços da soja no mercado interno, com a queda do dólar sendo anulada pelas altas das cotações futuras em Chicago. As cotações para vendas futuras em 2020/2021 e 2021/2022 estão em alta, acompanhando as elevações dos contratos futuros. O Brasil exportou um recorde para um período de janeiro a outubro, com embarques de 82,763 milhões de toneladas de soja em grãos, 24,6% acima do mesmo período do ano passado. Diante da baixa disponibilidade doméstica e da retração de produtores, que não têm interesse em negociar o grão remanescente da safra 2019/2020, os consumidores brasileiros precisaram buscar novos lotes da oleaginosa no mercado externo. Assim, o volume de soja importado pelo Brasil em 2020 (de janeiro a outubro) foi o maior em 17 anos. Mesmo em ano de produção recorde, o Brasil importou 97,3 mil toneladas de soja em outubro, 91,4% a mais que em setembro/2020 e expressivamente acima do volume de outubro do ano passado, quando foram adquiridas apenas 1,4 mil toneladas.

De janeiro a outubro de 2020, foram importadas 605,8 mil toneladas de soja, o maior volume desde 2003. O principal fornecedor do Brasil é a Argentina, sendo origem de 94,2% da quantidade comprada. De farelo de soja, as importações somaram 2 mil toneladas em outubro, o volume mais elevado desde setembro do ano passado. No entanto, na parcial de 2020, a quantidade comprada no exterior soma 2,45 mil toneladas, 22,7% abaixo da adquirida no mesmo período de 2019. Quanto ao óleo de soja, as importações totalizam 66,9 mil toneladas em outubro (cinco vezes mais que em setembro/2020) e 103,7 mil toneladas na parcial deste ano (62,9% superior ao volume do mesmo período de 2019). Esse cenário é resultado justamente do elevado volume exportado nesta safra. A China foi destino de 73,1% das vendas brasileiras. As exportações de farelo de soja somaram 14,62 milhões de toneladas na parcial de 2020, também um recorde para os 10 primeiros meses de um ano. Os embarques de óleo de soja são os maiores desde 2018, totalizando 907,2 mil toneladas em 2020.

No último mês, as importações foram reforçadas também pela isenção nos impostos de países fora do Mercosul e pela boa margem de lucro das indústrias. Embora as demandas por farelo e óleo sigam elevadas, consumidores relatam, agora, maior facilidade nas aquisições desses subprodutos, o que trouxe um alívio para esses agentes. Diante deste contexto, mesmo com a desvalorização do dólar, os preços registram alta no Brasil. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 3,1%, cotado a R$ 168,97 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra elevação de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 168,77 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, os valores da soja apresentam alta de 2,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Quanto aos derivados, o farelo de soja registra valorização de 1,2% nos últimos sete dias. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta leve baixa de 0,6% no mesmo período, indo para R$ 7.061,02 por tonelada. Vale ressaltar que, para 2021, a paridade de exportação pelo Porto de Paranaguá (PR) indica preços de soja entre R$ 145,00 e R$ 150,00 por saca de 60 Kg, mas os produtores não mostram interesse em fixar novos lotes a curto prazo. Isso porque grande parte da próxima safra já foi comercializada e há incertezas quanto ao volume a ser produzido no Brasil. As comercializações com entrega em 2022 também estão diminuindo, mesmo com a paridade de exportação indicando preços acima de R$ 130,00 por saca de 60 Kg.

Como o Brasil, o principal fornecedor mundial de soja, passou de exportador para importador no segundo semestre deste ano, os consumidores globais, especialmente a China, se voltam para os Estados Unidos, que estão em período de colheita de soja e que já vinham com estoques elevados da safra passada. Nesta temporada (setembro a outubro), as exportações da oleaginosa norte-americana já superam em 73,6% as do mesmo período de 2019, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Esse contexto atrelado a chuvas irregulares na América do Sul, elevam com força os preços da soja na Bolsa de Chicago, que operam acima dos US$ 11 por bushel, patamar que não era visto desde julho de 2016. O contrato Novembro/2020 da oleaginosa registra valorização de significativos 4,8% nos últimos sete dias, a US$ 11,01 por bushel. Para o farelo de soja, o contrato Outubro/2020 apresenta alta de 2,9% nos últimos sete dias, a US$ 427,47 por tonelada. Quanto ao óleo de soja, a valorização é de significativos 7,3% no período, indo para US$ 781,97 por tonelada.

No campo brasileiro, as chuvas esparsas têm dificultado o avanço do semeio. No Paraná, nas regiões oeste e sudoeste, já há casos de replantio, devido ao déficit hídrico. Segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 4 de novembro, o semeio de soja soma 18% da área esperada em Tocantins; 19% no Maranhão; 2% no Piauí; 7% na Bahia; 50% em Goiás; 20% em Minas Gerais; 35% em São Paulo; 40% em Santa Catarina; 11% no Rio Grande do Sul; 48% em Mato Grosso do Sul; 65% no Paraná e 83,2% em Mato Grosso. Na Argentina, alguns produtores iniciaram o cultivo de soja após pancadas de chuvas na semana passada, mas a umidade do solo ainda é insuficiente. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 5 de novembro, o semeio havia atingido 4,1% da área estimada para a soja, de 17,2 milhões de hectares. Nos Estados Unidos, a colheita segue para a reta final, com 87% da área colhida até o último final de semana, acima dos 71% em igual período de 2019 e dos 83% na média dos últimos cinco anos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.