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03/Nov/2020

Tendência de alta para soja da safra 2020/2021

A tendência altista da entressafra de 2019/2020 deverá se estender para a próxima temporada 2020/2021, com mais de 60% da colheita negociada antecipadamente pelos produtores brasileiras, alta das cotações futuras com vencimento em 2021 na Bolsa de Chicago, dólar em patamares elevados e risco climático sobre a safra do Brasil e da América do Sul, com a confirmação do fenômeno climático La Niña. A temporada 2020/2021 avança com preços médios extremamente elevados frente aos da safra anterior, operando em níveis recordes reais em algumas regiões. A sustentação inicial veio das firmes demandas interna e externa, mas, especialmente, da expressiva valorização do dólar frente ao Real, que elevou as paridades de importação e exportação. Com fluxo crescente de exportações, os estoques domésticos estão baixos. Agora, o atual semeio da safra 2020/2021 em ritmo mais lento que em anos anteriores tem elevado as incertezas quanto ao volume a ser colhido, ao mesmo tempo em que as vendas antecipadas desta temporada estão em ritmo acelerado.

Com isso, os vendedores seguem resistentes em fechar novos negócios, seja envolvendo o grão remanescente da safra 2019/2020 ou da safra nova. Considerando-se a média das regiões produtores, de outubro/2019 para outubro/2020, o preço da soja pago ao produtor (balcão) subiu 88,2% e o preço de negócios entre empresas (lotes), 93,9%, em termos nominais. De outubro/2019 para outubro/2020, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá (PR), apresentou avanço de significativos 91,3%, com média de R$ 158,03 por saca de 60 Kg em outubro/2020, a maior, em termos reais, da série histórica, iniciada em julho/1997 (valores deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020). A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ também opera em patamar recorde real da série. Em outubro, a média deste Indicador foi de R$ 159,44 por saca de 60 Kg, 80,7% acima do registrado há um ano.

No final de outubro, a paridade de exportação de soja, pelo Porto de Paranaguá (PR), indicava preços a R$ 149,70 por saca de 60 Kg para fevereiro/2021 e a R$ 143,00 por saca de 60 Kg para março/2021, passando para R$ 146,00 por saca de 60 Kg em julho/2021. Para 2022, a paridade indica preços acima de R$ 130,00 por saca de 60 Kg. Com a recente isenção de impostos de importação de soja de países fora do Mercosul, algumas indústrias intensificam a importação do grão para continuar abastecendo o mercado nacional de farelo e óleo de soja. Segundo dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na parcial de outubro, o Brasil já importou 70,7 mil toneladas de soja, aumento de 39,2% sobre o volume do mês passado e mais de cinco vezes superior ao de outubro de 2019. Os preços dos derivados também seguem em alta. Os valores de farelo de soja avançaram significativos 92,8% entre outubro/2019 e outubro/2020, em termos nominais. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) mais que dobrou em um ano, passando de R$ 3.291,21 por tonelada para R$ 7.093,87 por tonelada.

Diante das recentes chuvas em algumas regiões e de previsões de novas precipitações em outras, os produtores nacionais intensificaram o cultivo de soja no Brasil. Inclusive, alguns produtores da região sudoeste do Paraná já finalizaram o semeio. Em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul, os trabalhos de campo foram interrompidos pela baixa umidade do solo. Os produtores dessas regiões esperam por novas precipitações, caso contrário, poderá haver necessidade de replantio em algumas áreas, especialmente em São Paulo. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), no Paraná, as áreas com o cultivo mais avançado são as de Francisco Beltrão (com 92% da área), Pato Branco e Laranjeiras do Sul (85%), Cascavel (83%), Toledo (82%) e Campo Mourão (80%). Na média do Estado, 61% da área destinada à soja foi cultivada. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, o baixo índice pluviométrico interrompeu o semeio, que avançou apenas 2% nos últimos dias. Assim, o cultivo somava 7% até o dia 29 de outubro, abaixo dos 11% de igual período do ano passado e dos 12% da média dos últimos cinco anos.

Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Mato Grosso, o semeio avançou com mais intensidade na região oeste. No entanto, as chuvas foram esparsas e não alcançaram todas as áreas de cultivo no Estado. Da área prevista, 24,87% foi cultivada até o dia 25 de outubro, abaixo dos 64,5% de igual período de 2019 e dos 48,7% na média dos últimos cinco anos. Os produtores de Mato Grosso do Sul aproveitaram as recentes chuvas para seguir com o semeio, que alcançou 30% da área. A baixa umidade em Minas Gerais e São Paulo interrompeu os trabalhos de campo, mas alguns produtores, atentos à previsão de chuvas para o final de semana, intensificaram o semeio “no pó”. Em São Paulo, alguns agricultores já cultivaram mais de 80% da área de soja na região da Mogiana. Em Itapeva (SP), o semeio se aproxima dos 70%. No Triângulo Mineiro (MG), cerca de 60% da área foi semeada. Os produtores de Goiás estão mais cautelosos, mas têm expectativa de avançar com o semeio nesta semana. Na região de MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), as precipitações ainda são insuficientes para o semeio.

Nos Estados Unidos, a colheita segue para a reta final. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, até o dia 25 de outubro, 83% da área com soja já havia sido colhida, avanço de 8% ante a semana anterior, e acima dos 57% colhidos no mesmo período de 2019 e dos 73% da média dos últimos cinco anos. Segundo dados de inspeção e exportação do USDA, 14,34 milhões de toneladas de soja foram exportadas pelos Estados Unidos de setembro até 22 de outubro, 77,6% superior ao volume escoado no mesmo período de 2019. A maior oferta e a segunda onda de Covid-19 na Europa pressionaram os valores futuros nos últimos dias. Na média de outubro, no entanto, os preços de soja e farelo ainda registraram alta, influenciados pela firme demanda externa e pelo atraso do semeio no Brasil. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento de soja se valorizou 14% entre outubro/2019 e outubro/2020. O contrato de primeiro vencimento do farelo de soja subiu 20,7% em um ano. Para o óleo, os preços futuros subiram 10,4% na comparação anual. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.