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29/Out/2020

Biodiesel: demanda por soja e dólar elevam preço

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) rebateu críticas de sindicatos do setor de revenda de combustíveis à indústria do biodiesel. É infundada a afirmação de que os produtores de biodiesel, em busca de lucro, estejam elevando os preços ao consumidor. Os sindicatos de postos revendedores de combustíveis reclamaram da alta do preço do biocombustível e afirmam que "a sanha por exagerados lucros imposta pelas grandes multinacionais produtoras de biodiesel parece não ter limites". A Abiove afirma que o aumento do preço do biodiesel é justificado pela forte demanda internacional pela soja, principal matéria-prima do biocombustível, cujos preços são cotados na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, sem qualquer controle das indústrias.

A associação também aponta que o preço da soja e de seus derivados, entre eles o biodiesel, tem sido influenciado pela desvalorização do Real ante o dólar ao longo de 2020. A maior parte (70%) do aumento do preço da soja de janeiro a setembro deste ano resulta da desvalorização do Real. Mesmo com a alta de 67% no preço do biodiesel ao longo deste ano, o aumento é inferior ao salto de preço do matéria-prima, que atingiu 72% no mesmo período. A volatilidade de preços do biodiesel, inclusive, é menor que do óleo de soja, justamente graças ao sistema estável de comercialização em leilões. A associação afirma ainda que esses pontos já foram apresentados ao setor de revenda de combustíveis nos fóruns adequados. Ainda de acordo com a associação, o setor de revenda de combustíveis atua publicamente para prejudicar a imagem do biodiesel a fim de reduzir a participação deste biocombustível no diesel comercial para então aumentar o consumo doméstico de diesel A, um combustível importado e altamente poluente.

A indústria brasileira da soja e do biodiesel tem compromisso de contribuir para uma matriz energética mais limpa e menos dependente de importações de combustíveis fósseis. O setor deve terminar o ano com processamento de 44,6 milhões de toneladas de soja e que, até setembro, o crescimento do volume processado foi de 8,3% ante igual período de 2019. A produção de biodiesel em 2020 totaliza 6,4 bilhões de litros, 8,5% superior na comparação com o ano passado. Vários sindicatos de postos revendedores de combustíveis afirmaram que o preço do biodiesel teve em 16 de outubro mais uma “inadmissível” majoração de preços no leilão promovido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Segundo os postos, o biodiesel subiu de R$ 2,7130 por litro em maio para R$ 5,5806 por litro atuais.

Esses sucessivos aumentos já provocaram inúmeros reajustes no preço final do óleo diesel comercializado nas bombas dos postos. Com o novo aumento do leilão da ANP, mais um reajuste no preço ao consumidor deverá ocorrer a partir de novembro/2020. Os sindicatos afirmam que o preço do diesel puro custa na refinaria R$ 1,9952 por litro (sem o ICMS), enquanto o biodiesel foi comercializado no leilão por R$ 5,5806 por litro (sem o ICMS), e que, com a mistura obrigatória de 11% de biodiesel ao diesel, o consumidor pagará um custo adicional de R$ 0,3585 por litro. Trata-se de uma alta parcela, especialmente ao considerar que o biodiesel tem poder energético menor que o diesel mineral puro, disseram os sindicatos, que pedem às autoridades brasileiras que encontrem uma forma rápida e eficiente de evitar o aumento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.