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19/Out/2020

Tendência de altas externas e internas para a soja

A tendência é altista para os preços da soja, farelo e óleo no Brasil, tanto no mercado disponível, quando para vendas futuras, com a forte elevação das cotações futuras em Chicago, após a divulgação do Relatório de Oferta e Demanda dos Estados Unidos (USDA) de outubro/2020 reduzir as projeções de produção e de estoques finais do país na atual safra 2020/2021. Na Bolsa de Chicago, o contrato maio/2021 acumula uma forte alta de 26,1% entre o final de abril e a primeira quinzena de outubro, para o patamar dos US$ 10,50 por bushel. Além da redução da projeção de produção e estoques finais nos Estados Unidos em 2021/2022, há um aumento das exportações de soja em grãos dos Estados Unidos para a China, um prêmio de risco climático embutido nos futuros com a confirmação do fenômeno La Niña e as chances de ocorrência de estiagens no sul da América do Sul e projeção de importações recordes pela China. A China deverá importar um recorde de 100 milhões de toneladas na temporada 2020/2021. A soja brasileira começa a ficar menos atrativa aos importadores neste período de entressafra, já que a disponibilidade é baixa e os preços internos estão em patamares recordes.

Assim, a demanda se volta aos Estados Unidos, onde a colheita está em ritmo intenso, favorecida pelo clima quente e seco. No Brasil, demandantes têm dificuldades em realizar aquisições de novos lotes. Com isso, os preços ofertados no mercado interno se aproximam dos verificados nos portos brasileiros. Nos últimos sete dias, os valores registram a menor diferença desde janeiro de 2015. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,2%, cotado a R$ 156,62 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 157,01 por saca de 60 Kg. No Porto Santos (SP), a soja é negociada a R$ 152,69 por saca de 60 Kg e, no Porto de Rio Grande (RS), a R$ 153,32 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, os valores da soja registram alta de 1,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,0% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Mesmo as indústrias nacionais aceitando pagar preços maiores por lotes de soja, estas não encontram a matéria-prima, o que, por sua vez, também implica em menores ofertas de farelo e óleo de soja. Grandes indústrias das Regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil relatam não ter mais lotes do coproduto para comercializar em outubro. Outras indústrias já limitam as ofertas de farelo de soja a granel, dando prioridade aos lotes ensacados. O que preocupa é que parte dos consumidores de farelo de soja só tem lotes para adquirir no curto prazo. Outra parcela, que está abastecida até janeiro de 2021, já se preocupa com o abastecimento no próximo ano. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os estoques brasileiros de farelo de soja finalizaram a temporada 2019/2020 (em setembro) nos menores volumes desde 2009/2010.

Com isso, os preços de farelo de soja registram alta significativa de 5,2% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta aumento de 0,2% no mesmo comparativo, indo para R$ 7.078,56 por tonelada. Segundo dados preliminares da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), nos oito primeiros meses de 2020, as indústrias associadas adquiriram 6,5% a mais de soja em grão frente ao mesmo período de 2019. Como as estatísticas representam 85% do processamento, pode-se extrapolar que as compras superam em 25% as de 2019, somando mais de 101 milhões de toneladas. Entretanto, o processamento subiu 8,3% na parcial do ano (para 31,7 milhões de toneladas), enquanto as exportações da matéria-prima, 38%, para 54 milhões de toneladas. Para os derivados, os dados apontam elevação das exportações deste ano em relação aos oito primeiros meses de 2019, enquanto o consumo interno teve queda. No relatório de outubro, o USDA estima que a produção global de soja em 2020/2021 some 368,47 milhões de toneladas, 0,3% abaixo da apontada no relatório de setembro, devido especialmente à queda de 1,04% na colheita dos Estados Unidos, prevista em 116,15 milhões de toneladas.

O esmagamento mundial deve totalizar 322,4 milhões de toneladas, um recorde. Os Estados Unidos devem escoar na safra 2020/2021 volume recorde de soja, estimado em 59,87 milhões de toneladas, 3,53% acima do relatório de setembro. Esse aumento está atrelado às expectativas de maior demanda da China, que deve importar 100 milhões de toneladas de soja, 1% a mais que o apontado no relatório passado e um recorde. Diante disso, a previsão é de queda nos estoques de passagem dos Estados Unidos, que devem somar 7,9 milhões de toneladas em agosto/2021, expressiva redução de 36,9% em relação ao estimado em setembro e o menor volume desde a temporada 2015/2016. Esse cenário está impulsionando os preços futuros de soja e derivados na Bolsa de Chicago. O contrato Novembro/2020 da oleaginosa apresenta valorização de 1,2% nos últimos sete dias, a US$ 10,50 por bushel. Referente ao farelo de soja, o contrato com vencimento em dezembro/2020 registra avanço de 3,48% nos últimos sete dias, a US$ 410,17 por tonelada.

Quanto ao óleo de soja, a valorização é de 0,5% no mesmo comparativo, a US$ 731,27 por tonelada. Nos Estados Unidos, a colheita segue sendo favorecida pelo clima. O USDA aponta que, até o dia 11 de outubro, 61% da área já havia sido colhida, avanço de 23% em uma semana e acima dos 23% colhidos no mesmo período de 2019. No Brasil, os trabalhos de semeio estão em ritmo mais lento, mas, com as recentes chuvas nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Norte, há expectativa de que as atividades sejam intensificadas nos próximos dias. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o semeio de soja em Mato Grosso chegou a 3,02%, significativamente abaixo dos 18,78% cultivados no mesmo período de 2019 e dos 16,6% na média dos últimos cinco anos. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), o semeio atingiu 16% da área do Paraná, contra 33% no mesmo período do ano passado. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.