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28/Set/2020

Tendência é altista com estoques baixos no Brasil

A tendência é de alta dos preços da soja no mercado físico brasileiro, com a oferta muito escassa do grão no disponível, alta do dólar, cotações futuras em patamares mais elevadas e disputa de mercadoria entre compradores de esmagadoras e exportadores, mantendo os valores pagos em alguns pontos do interior do Brasil acima da paridade de exportação nos portos. O dólar à vista fechou a sexta-feira em alta de 0,74%, a R$ 5,5538, a quinta alta em seis sessões. Na semana, o ganho acumulado foi de 3,3%, terceira semana consecutiva de valorização. Com o movimento dos últimos cinco dias, o dólar passou a acumular alta de 1,3% em setembro, elevando os ganhos em 2020 para 38,4%. Entre janeiro e o acumulado de setembro, as exportações brasileiras de soja em grãos atingiram 79,040 milhões de toneladas, 30% acima do mesmo período do ano passado (60,779 milhões de toneladas). Pancadas de chuvas registradas na semana passada incentivaram alguns produtores a iniciarem o cultivo da nova temporada de soja (2020/2021).

Assim, as atividades foram iniciadas em parte das regiões de Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Muitos produtores, contudo, estão cautelosos e ainda aguardam um maior volume de precipitação para começar e/ou avançar com os trabalhos de campo. Previsões do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) apontam possibilidades de chuvas mais intensas somente em outubro, o que já deixa os sojicultores em alerta. Enquanto isso, com baixos estoques, os preços seguem em alta, se aproximando dos recordes reais. Assim, muitos agentes seguem efetivando contratos antecipados, com dados apontando que 60% da oferta esperada para a temporada 2020/2021 já foi comercializada no Brasil. Certamente, a venda antecipada dará suporte aos preços no Brasil no médio prazo, deixando pouco espaço para quedas bruscas, mesmo com possível safra recorde.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta expressiva de 8,4%, cotado a R$ 150,86 por saca de 60 Kg. Esse é o maior valor nominal da série iniciada em março de 2006 e está apenas um pouco abaixo do recorde real, de R$ 153,40 por saca de 60 Kg, registrado no dia 31 de agosto de 2012 (valores deflacionados pelo IGP-DI de agosto/2020). A média mensal parcial deste Indicador em setembro/2020 está em R$ 136,90 por saca de 60 Kg, a maior desde setembro/2012, quando atingiu recorde real, de R$ 144,59 por saca de 60 Kg. Vale destacar que os preços no interior também estão em alta, operando na casa de R$ 150,00 por saca de 60 Kg em regiões do Centro-Oeste e no interior do Rio Grande do Sul, mas são valores nominais, ou seja, com quase nenhuma efetivação de negócios. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço significativo de 5,9% nos últimos sete dias, a R$ 144,88 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, os valores da soja apresentam alta de 4,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 4,9% no mercado de lotes (negociação entre empresas). A alta do grão segue desafiando as indústrias brasileiras. O lado bom é que esses demandantes indicam estar conseguindo repassar a valorização do grão aos derivados, diante da firme procura por farelo e óleo de soja. Os valores do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registram avanço expressivo de 6,5% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.821,08 por tonelada, recorde nominal da série iniciada em julho/1998. Quanto ao farelo, os preços apresentam alta de 6,8% no mesmo período. A alta nos preços domésticos se deve também à valorização do dólar frente ao Real, que torna os produtos brasileiros mais atrativos aos importadores, cenário que voltou a elevar a competitividade entre consumidores domésticos e externos. Por outro lado, a valorização do dólar torna as commodities dos Estados Unidos menos atraentes aos consumidores mundiais, o que está pressionando os valores futuros da soja na Bolsa de Chicago.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as exportações de soja dos Estados Unidos caíram 19,3% entre as duas últimas semanas, mas subiram 41,5% frente às de período equivalente de 2019. No ano-safra (que teve início neste mês), o país exportou 3,56 milhões de toneladas de soja, 64,5% acima do mesmo período da temporada passada. O movimento de queda na Bolsa de Chicago esteve atrelado também ao clima quente e seco, que favoreceu o início da colheita de soja nos Estados Unidos. Segundo o USDA, 6% da área cultivada com soja havia sido colhida até o dia 20 de setembro, contra 2% em 2019. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2020 registra desvalorização de 2,8% nos últimos sete dias, cotado a US$ 10,00 por bushel. O contrato Outubro/2020 do óleo de soja apresenta redução expressiva de 7,3% no período, indo para US$ 713,41 por tonelada). O contrato Outubro/2020 do farelo de soja apresenta alta de 1%, a US$ 367,95 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.