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21/Set/2020

Preço recorde e tendência de novas alta para soja

A tendência é altista para os preços da soja no Brasil, tanto no mercado disponível, quando para as vendas futuras, com a forte elevação das cotações em Chicago, ocorridas após a divulgação do Relatório de Oferta e Demanda dos Estados Unidos (USDA) reduzir a projeção de produção e de estoques finais do país na atual safra 2020/2021. Os preços no interior já chegam a R$ 147,00 por saca de 60 Kg no interior do Rio Grande do Sul, superando a cotação no porto. Na Bolsa de Chicago, as cotações atingem o maior patamar dos últimos dois anos e meio, ultrapassando os US$ 10,40 por bushel, com o contrato março/2021 acumulando alta de 22,1% desde abril. Além desses fatores, o início da safra 2020/2021 no Brasil enfrenta alguns problemas com falta de chuvas e com a confirmação de La Niña, que também dá suporte para as cotações. A China voltou a demandar maiores volumes de soja dos Estados Unidos, o que é um fator de sustentação para as cotações futuras em Chicago e a nação asiática deve importar um recorde de 99 milhões de toneladas na temporada 2020/2021.

Entre janeiro e agosto de 2020, o Brasil exportou 75,1 milhões de toneladas de soja em grãos, um recorde, 34% acima do mesmo período do ano anterior. As exportações de farelo de soja também cresceram 6%, entre janeiro e agosto de 2020, ante o mesmo período do ano anterior. 92% da safra 2019/2020 já foram comercializados e há forte disputa entre exportadores e as indústrias domésticas, estreitando a diferença entre os valores pagos nos portos e interior. Para a safra 2020/2021, 62% da estimativa de colheita estão com preços fixados. Da safra 2021/2022, 8% da safra está fixada e, da safra 2022/2023, embora com apenas 4% da safra esperada já negociada, chama a atenção é o fato inédito de vendas a longo prazo. A Cofco, por exemplo, está revendendo cargas brasileiras de soja para o mercado interno e comprando o grão nos Estados Unidos, operação típica de arbitragem. Os preços de soja e derivados seguem renovando as máximas nominais no Brasil.

A sustentação vem da valorização externa (devido à menor produção nos Estados Unidos), da alta dos prêmios de exportação (por conta do baixo excedente interno) e da firme demanda doméstica. Além disso, estimativas indicando queda na relação mundial estoque/consumo final de soja em grão, indo para a menor das últimas cinco temporadas, também sustenta os valores. Nos últimos sete dias, o preço da soja no Porto de Paranaguá, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), apresenta alta de 2,5%, cotado a R$ 143,00 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, do Indicador CEPEA/ESALQ, registra avanço de 3,7% nos últimos sete dias, a R$ 138,04 por saca de 60 Kg. Agora, a diferença entre os Indicadores é a menor desde janeiro de 2015, mostrando a proximidade dos valores do interior com os do porto. Nos últimos sete dias, os preços da soja subiram 2,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 3,0% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Os valores do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registram avanço de expressivos 5,1% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.405,57 por tonelada, recorde nominal da série iniciada em 1998. Quanto ao farelo, as cotações apresentam alta de 1,2% no mesmo período. Embora a produção mundial de soja seja recorde (369,74 milhões de toneladas), as transações globais devem continuar crescendo, estimadas em 166,3 milhões de toneladas, um recorde, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Isso está atrelado, especialmente, às expectativas de expansão na capacidade de esmagamento em diversos países, somando 320,8 milhões de toneladas do grão. A estimativa de produção norte-americana da safra 2020/2021 recuou 2,5% entre os dois últimos relatórios do USDA, mas ainda deve superar em 21,4% a da temporada anterior. Se o clima favorecer, a colheita pode ser iniciada nos próximos dias nos Estados Unidos.

No Brasil, a estiagem tem deixado os produtores em alerta. Nas Regiões Sul e Centro-Oeste, os produtores devem iniciar o semeio assim que as chuvas retornarem. As previsões indicam que o fenômeno climático La Niña seja mais intenso entre novembro/2020 e janeiro/2021, o que pode limitar a produtividade da soja brasileira. O consumo global de farelo de soja é estimado em 249,49 milhões de toneladas e o de óleo de soja, em 58,88 milhões de toneladas, ambos recordes. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2020 da soja registra valorização de expressivos 5,2% nos últimos sete dias, a US$ 10,43 por bushel, o maior valor nominal para um primeiro vencimento desde maio de 2018. O contrato Outubro/2020 do farelo de soja apresenta avanço de 5,7%, a US$ 364,20 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja acumula alta de 5,7% nos últimos sete dias, indo para US$ 769,63 por tonelada. A alta externa se deve também à desvalorização cambial. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.