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14/Set/2020

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no Brasil, tanto no mercado disponível, quando para vendas futuras, com a forte elevação das cotações futuras em Chicago, após a divulgação do Relatório de Oferta e Demanda dos Estados Unidos (USDA) reduzir a projeção de produção e de estoques finais no país em 2020/2021. Na Bolsa de Chicago, na sexta-feira (11/09), as cotações subiram para o patamar de US$ 10 por bushel, mas recuaram um pouco no final da sessão, com o contrato março/2021 batendo em US$ 9,96 por bushel. Há espaço para que o mercado teste novamente o patamar de US$ 10 por bushel. Além do Relatório do USDA, o início da safra 2020/2021 no Brasil enfrenta alguns problemas com falta de chuvas e com a confirmação de La Niña, outro fator de suporte para as cotações. A China voltou a demandar maiores volumes de soja dos Estados Unidos, o que também valorizou a commodity norte-americana, que está operando nos maiores patamares nominais em mais de dois anos.

Esse cenário evidencia um progresso na “Fase 1” do acordo comercial entre o país asiático e os Estados Unidos, realizado em janeiro deste ano. Com isso, a demanda externa pela soja brasileira diminuiu, pressionando, assim, os valores nos portos brasileiros. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as exportações norte-americanas de soja da safra 2020/2021 somaram 1,295 milhão de toneladas na última semana, 60,2% a mais que no período anterior e 32,47% acima do volume do mesmo período de 2019. A alta externa está atrelada também à desvalorização do dólar no mercado internacional, que torna a commodity norte-americana mais atrativa aos importadores. O dólar se desvalorizou 1,3% frente ao Real entre os dias 3 e 10 de setembro, indo para R$ 5,31. Esse cenário de melhora na relação comercial entre os Estados Unidos e a China, somada à queda do dólar, resulta em diminuição na demanda externa pela soja brasileira.

Em agosto, o Brasil escoou o menor volume de soja e derivados desde fevereiro deste ano. Do grão, foram exportadas 6,23 milhões de toneladas, de farelo, 1,49 milhão de toneladas e de óleo de soja, 68,55 mil toneladas. Ressalta-se, no entanto, que, com a dificuldade nas compras internas, algumas indústrias domésticas seguem importando a oleaginosa. Embora o volume de importação tenha sido menor em agosto, de 78,9 mil toneladas, a quantidade adquirida na parcial do ano (de janeiro a agosto) já é a mais elevada desde 2014. O principal fornecedor do Brasil é Paraguai, mas o Uruguai, a Argentina e os Estados Unidos também embarcaram soja ao País no último mês. Com isso, os preços de soja nos portos brasileiros e no mercado doméstico estão em direções opostas. Muitas indústrias nacionais estão ativas nas compras, sendo que algumas pagam preços acima dos da paridade de exportação.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, está cotado a R$ 137,40 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 1,2% nos últimos sete dias, a R$ 131,94 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram alta de 1,2% no mercado de balcão e de 0,8% no de lotes. Os preços de derivados seguem em alta, influenciados pela valorização da matéria-prima e pela baixa disponibilidade de farelo e óleo. Os valores do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) registram expressivo avanço de 6,8% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.094,62 por tonelada. Quanto ao farelo, os preços apresentam valorização de 0,5% no mesmo período. Agora, a atenção dos produtores está voltada às condições climáticas nos Estados Unidos, que devem começar a colheita nos próximos dias e, no Brasil, que já pode dar início ao semeio da oleaginosa.

Nos Estados Unidos, o relatório de acompanhamento de safras dos Departamento de Agricultura dos Estados Unidos indica que 20% das lavouras já tiveram quedas de folhas até o dia 6 de setembro, aumento de 12% em uma semana e acima dos 7% no mesmo período da temporada passada. Na média dos últimos cinco anos, neste mesmo período, 16% das lavouras já haviam tido quedas de folhas. Até o início desta semana, 65% das lavouras estavam entre condições boas e excelentes, queda de 1% em relação ao período anterior. Em condições médias estão 25%, acima dos 24% na semana passada e, entre ruins e muito ruins, 10%. No Brasil, a preocupação dos agentes é que o fenômeno climático La Niña se configure, o que pode manter as altas temperaturas e o baixo índice de chuvas nas principais regiões produtoras no último bimestre deste ano. Segundo dados da Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), pode haver pancadas de chuvas nesta semana, mas apenas na Região Sul do Brasil. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.