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09/Set/2020

Preocupação com retirada da tarifa de importação

Os produtores de soja, milho e arroz estão preocupados com a possível retirada temporária das tarifas de importação para esses produtos, que vem sendo sinalizada pelo governo desde o mês passado e poderá ser avaliada no fim desta semana. A possibilidade de inclusão temporária do arroz, do milho e da soja na Lista de Exceção à Tarifa Externa Comum (LETEC) está em análise técnica no âmbito da Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), segundo o Ministério da Economia. A pauta das reuniões Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), núcleo executivo colegiado da Camex, não é divulgada antecipadamente, mas existe a expectativa de que o pleito possa ser analisado na próxima reunião, prevista para ocorrer na sexta-feira (11/09), com prazo para decisão até o dia 14 de setembro. Para a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), a discussão é delicada, pois muitos concorrentes do Brasil subsidiam a agricultura. É preciso fazer uma proteção para, ao menos, igualar o subsídio que estão dando com tarifas correspondentes.

No caso específico do milho, os 8% (tarifa de importação) são muito inferiores ao que estão subsidiando nos Estados Unidos e na Europa. Na China não tem como medir, mas há subsídio, direto ou indireto. O Brasil, naturalmente, tem que ter um certo cuidado. Na semana passada, em reunião por videoconferência da Câmara de Entidades e do Grupo de Trabalho do Milho (GT do Milho) da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a Abramilho ouviu das indústrias de carnes preocupação com o preço elevado do cereal, mas pondera que, provavelmente, haverá aumento da produção na safra 2020/2021. O milho tem um momento de mercado aquecido e preços remuneradores. Isso significa que deve crescer mais no ano que vem, porque a lavoura vai compensar. Tem investimento e a produção vai aumentar. A entidade também defende uma intensificação das aquisições antecipadas de milho por parte dos compradores internos. Para a soja que vai ser colhida em 2021, 50% a 60% da produção está vendida.

No milho, é preciso ter compras futuras mais firmes. Ainda assim, os produtores e consumidores se propuseram a trabalhar conjuntamente para dimensionar estoques, necessidades de milho para consumo interno e perspectiva de exportação em 2020. A possibilidade de retirada temporária da tarifa de importação de países fora do Mercosul não foi debatida no GT do Milho e os produtores tampouco fecharam uma posição contrária à medida, mas avaliam que ela precisa ser analisada com cuidado, uma vez que o Brasil já tem a possibilidade de trazer milho do Mercosul. Do Paraguai, o Brasil já vem comprando, especialmente Santa Catarina e Paraná. Só não está ocorrendo o mesmo com o milho da Argentina neste momento porque ele chegaria ao Brasil a um valor igual ou mais alto do que o brasileiro. São necessários incentivos para que a produção de milho aumente ainda mais no País. A demanda internacional vai ser crescente e o País tem que produzir mais 10% por ano até 2050. Neste ano, o Brasil produziu 6% a mais. Poderia haver financiamentos de longo prazo para melhoria das terras a fim de elevar a produtividade.

A busca é por sair 4.800 quilos por hectare e chegar perto dos patamares dos Estados Unidos, que fazem 12 mil quilos por hectare. A retirada temporária de tarifas, se autorizada, tende a durar poucos meses e pode conter a intensidade de alta de preços, mas não impedir uma valorização. O estoque vai ficar baixo mesmo com a boa 2ª safra de 2020. A opção seria a irrigação, para fazer três safras de milho. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) avalia que a possibilidade de retirada de tarifas de importação não vai equilibrar o mercado. A medida é um pleito da indústria de proteína animal, mas poderia ser evitada com melhor planejamento de suprimento. As vendas para as safras 2021 e 2022 estão abertas. A sugestão é para que a indústria brasileira entre no mercado e faça as suas compras como qualquer outra empresa mundial. A produção brasileira é uma das maiores do mundo, falta só planejamento. Uma eventual redução das tarifas pode ter um impacto psicológico sobre os preços do milho, que acabou de ter a 2ª safra de 2020 colhida. A indústria vai querer se aproveitar e tentar pressionar os preços. Mas, o que está fazendo o preço subir é o dólar.

Se vier produto do exterior, ele vai chegar com preço alto no Brasil, pois são commodities agrícolas. A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) informou que a retirada temporária da tarifa para o arroz importado de países de fora do Mercosul foi tema de reunião da Câmara Setorial do Arroz. No encontro virtual, que teve representantes de produtores, indústrias, cooperativas e governo, a medida teve 16 votos contrários e 6 favoráveis, além de uma abstenção. Em comunicado anterior, a Federarroz havia manifestado a mais absoluta e total contrariedade ante a possibilidade de retirada das tarifas de importação. Para a entidade, inexiste risco ao regular abastecimento de arroz ao mercado consumidor. A medida poderia causar prejuízos e falta de competitividade para indústrias de pequeno porte e cooperativas. A nota ressalta ainda que os preços ao produtor do arroz são, após anos de prejuízo, remuneradores, mas o arroz ofertado ao consumidor no varejo se revela acessível a todas as classes sociais. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.