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08/Set/2020

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, mesmo com o dólar em patamares mais baixos, mas com escassez de oferta de grão para esmagamento no mercado interno, exportações recordes no acumulado de janeiro a agosto, prêmios elevados nos portos brasileiros, cotações no interior descoladas da paridade de exportação nos portos e alta dos valores internos dos coprodutos (farelo e óleo de soja). Além disso, o clima adverso nos Estados Unidos e o aumento das importações de soja norte-americana pela China está impulsionando as cotações futuras na Bolsa de Chicago. Mesmo com a desvalorização cambial, a demanda segue se sobressaindo à oferta de soja e derivados no Brasil, elevando os preços. Os produtores, por sua vez, se capitalizaram no início da safra e, atualmente, não mostram interesse em comercializar grandes lotes. Agora, esses agentes se voltam às condições climáticas no Brasil, porque o cultivo deve se iniciar nos próximos dias.

No Brasil, as regiões norte de Mato Grosso e oeste do Paraná, são, historicamente, as primeiras a iniciarem o semeio da oleaginosa. Porém, segundo dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), não há previsão de chuvas no norte de Mato Grosso nos próximos 15 dias. Por outro lado, a partir da segunda quinzena de setembro, na região oeste do Paraná, pode haver pancadas de chuvas. Caso as precipitações se confirmem, a umidade pode favorecer o início do cultivo da oleaginosa nessa região. Em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, também não há previsão de chuvas na próxima quinzena. Esse cenário deixa os produtores domésticos ainda mais retraídos na comercialização, o que segue desafiando indústrias que têm baixo estoque do grão. A estratégia de algumas empresas é trabalhar com lotes agendados de farelo e óleo de soja, ou seja, contratos a termo, a fim de garantirem sua margem de lucro. Algumas indústrias chegaram a pagar R$ 140,00 por saca de 60 Kg no interior de São Paulo, do Paraná de Rio Grande do Sul e outras até indicaram esses valores na compra, mas não obtiveram retorno de vendedores.

O lado bom para as indústrias domésticas é que, com a proximidade da entrada da safra 2020/2021 norte-americana de soja e a desvalorização do dólar no mercado internacional, parte dos importadores se volta para os Estados Unidos, reduzindo, assim, a competitividade entre consumidores domésticos e externos. O Brasil exportou em agosto 6,232 milhões de toneladas de soja. Embora este volume seja 39,9% inferior ao registrado em julho, está 17,1% maior que o enviado ao exterior no mesmo período de 2019. Na parcial do ano, de janeiro a agosto, o Brasil embarcou 75,980 milhões de toneladas, 35,3% a mais que no mesmo período de 2019 e 23% superior ao escoado em 2018, ano em que as exportações brasileiras atingiram recorde. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,4%, cotado a R$ 134,08 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 129,89 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram alta de 1,8% no mercado de balcão (preço pago aos produtores) e de 1,6% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Quanto ao farelo de soja, os consumidores domésticos têm buscado novas alternativas para substituir esse coproduto na ração animal, diante dos preços elevados. Uma opção tem sido o DDG (grãos secos por destilação), entretanto, os agentes sinalizam que a oferta de DDG já está baixa, devido à alta procura. As empresas que ainda não utilizam esse produto têm feito análises para comparar preço/rendimento. Nos últimos sete dias, os preços de farelo de soja apresentam alta de 1,1%. Os consumidores de óleo de soja também sinalizam dificuldade de aquisição, e os preços estão em alta. Os valores do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) apresentam alta de 2,2% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.704,15 por tonelada.

Os preços de soja e derivados também estão avançando nos Estados Unidos, impulsionados por expectativas de aumento nas aquisições da China na temporada 2020/2021 e pela piora na qualidade das lavouras norte-americanas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2020 da soja apresenta valorização de 3,3% nos últimos sete dias, a US$ 9,68 por bushel, o maior valor nominal para o primeiro vencimento desde 8 de junho de 2018. O contrato de mesmo vencimento do farelo registra avanço de 3,5% nos últimos sete dias, a US$ 336,42 por tonelada. O contrato Setembro/2020 do óleo de soja registra leve alta de 0,5%, indo para US$ 737,88 por tonelada. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em linha com a média dos últimos cinco anos, 8% das lavouras nos Estados Unidos tiveram queda de folhas até 30 de agosto, acima dos 4% registrados na semana anterior e dos 3% no mesmo período do ano passado.

Por outro lado, as condições das lavouras nos Estados Unidos seguem piorando. Até o dia 30 de agosto, 66% das lavouras estavam entre condições boas e excelentes, queda de 3% em relação à semana anterior. Em condições médias estavam 24%, pouco acima dos 23% da semana passada, e entre condições ruins e muito ruins estão 10% das lavouras, acima dos 8% do período anterior. Ainda assim, as expectativas são de safra volumosa nos Estados Unidos na safra 2020/2021. As exportações norte-americanas da safra 2019/2020, que finalizou em agosto, foram menores que as da temporada anterior. Segundo dados de inspeção e exportação do USDA, os Estados Unidos embarcaram 804,6 mil toneladas da oleaginosa na última semana, 34,2% inferior ao escoado no período anterior e 37,6% abaixo do embarcado no mesmo período de 2019. No ano-safra (setembro/2019 a 20 de agosto/2020), as vendas externas totalizaram 43,1 milhões de toneladas, 5,7% inferiores às do mesmo período da temporada anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.