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31/Ago/2020

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com escassa oferta de grão, exportações recordes, disputa de produto entre esmagadores e exportadores e alta expressiva das cotações futuras na Bolsa de Chicago. As cotações futuras da soja na Bolsa de Chicago vêm intensificando ganhos e atingiram os maiores níveis em 11 meses, ultrapassando o patamar de US$ 9,50 por bushel. Há preocupações com alguns problemas de clima nos Estados Unidos e com as próximas estimativas de safras do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) no relatório de setembro. A falta de chuvas em agosto e mais o calor se estendendo por mais tempo atingiu a soja em desenvolvimento em diversas áreas. O mercado se mantém focado entre o clima no Meio Oeste dos Estados Unidos e as importações de soja por parte da China, com ambos os fatores dando suporte às cotações futuras. O dólar em queda atenuou um pouco a pressão de alta dos preços no mercado interno. O dólar fechou a sexta-feira (28/08) cotado a R$ 5,40, forte desvalorização de 2,9% em relação à quinta-feira (28/08).

As boas margens de esmagamento e os baixos estoques de matéria-prima estão fazendo com que as indústrias domésticas se disponham a pagar por novos lotes de soja o equivalente aos valores do produto nos portos. Essa é uma ação que tem levado os vendedores a optar, em alguns casos, por ofertar o grão no mercado interno em detrimento do externo. Em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, a soja é negociada a R$ 132,63 por saca de 60 Kg. Em Mato Grosso, na região de Rondonópolis, a cotação é de R$ 130,30 por saca de 60 Kg. Em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, a cotação também é de R$ 130,30 por saca de 60 Kg. Em São Paulo, na região de Campinas, a soja é comercializada a R$ 135,83 por saca de 60 Kg. No Paraná, na região oeste, o valor é de R$ 132,78 por saca de 60 Kg e, no Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, R$ 133,11 por saca de 60 Kg. Nos portos de Santos (SP) e de Rio Grande (RS), a soja é comercializada a R$ 132,29 por saca de 60 Kg e a R$ 133,58 por saca de 60 Kg, respectivamente.

Essa igualdade entre os valores no interior e no porto é um fato inédito. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram alta de 2,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,8% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Entre a média de julho e a de agosto, o avanço nos preços é de expressivos 8,5% no mercado de balcão e de 10,1% no de lotes. Entre agosto/2019 e agosto/2020, a valorização da oleaginosa chega a 52,5% no mercado de balcão e a 56,1% no de lotes, em termos nominais. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,2%, cotado a R$ 136,63 por saca de 60 Kg. A média de agosto supera em 10,1% a de julho e em 50,1% a de agosto/2019. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,2% nos últimos sete dias, a R$ 130,31 por saca de 60 Kg.

A média deste mês está 11,2% acima da de julho e 54,5% maior que a média de agosto/2019. Diante dos elevados preços, que operam nas máximas nominais e se aproximam dos recordes reais em algumas regiões, e da baixa disponibilidade interna de soja, que é estimada em menos de 5% no Brasil, o Mistério da Agricultura estuda isentar, temporariamente, a Tarifa Externa Comum (TEC) que é cobrada em 8% sobre as importações de soja de países fora do Mercosul. Entretanto, caso essa esta ação seja implementada, dificilmente terá efeitos práticos, pois é a taxa de câmbio que está elevando os preços em Reais. Na parcial de agosto/2020, o valor médio das exportações em dólar é igual ao de agosto/2019. Já em moeda nacional, a média recebida pelo exportador em Reais está 36% acima neste mês em relação à de agosto/2019. O interesse das indústrias está relacionado às boas margens, diante da receita dos derivados, os quais também estão sendo negociados em patamares nominais recordes.

Nos últimos sete dias, os preços de farelo de soja registram alta de 3,6%. No mês de agosto, a média desse derivado supera em 5,1% a de julho e em expressivos 49,8% a média de agosto/2019. Para o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso), os valores apresentam avanço de 1,8% nos últimos sete dias, indo para R$ 5.578,90 por tonelada. Na média de agosto, as altas são de 13% sobre julho e de 57,5% sobre agosto/2019. Os consumidores de óleo relatam ter dificuldade nas aquisições do coproduto, o que têm motivado os contratos a termo de óleo de soja. Quanto à safra 2020/2021, em 15 dias, o plantio de soja poderá ser iniciado no Paraná, em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Antes mesmo do semeio se iniciar no Brasil, as negociações da safra 2020/2921 já passam de 50%, um recorde para o período. Esse cenário tem acontecido porque a margem de lucro segue atrativa ao produtor, uma vez que as aquisições de insumos e de fertilizantes também estão bastante adiantadas.

A paridade de exportação indica preços a R$ 126,00 por saca de 60 Kg para fevereiro/2021, a R$ 123,64 por saca de 60 Kg para março/2021, a R$ 122,00 por saca de 60 Kg para abril/2021 e acima de R$ 125,00 por saca de 60 Kg, para embarques entre junho e julho de 2021 (para este cálculo, foi considerado o dólar futuro negociado na B3). Para a safra 2021/2022, as comercializações com entrega em 2022 seguem crescendo, cenário nunca visto antes na história. Inclusive, as comercializações com embarque no primeiro trimestre de 2022 estão entre R$ 115,00 e R$ 120,00 por saca de 60 Kg, valores próximos aos de 2021. Neste caso, a paridade de exportação indica preços a R$ 118,98 por saca de 60 Kg para entrega em abril de 2022, considerando-se o dólar referente ao contrato abril/2022 negociado na B3. Nos Estados Unidos, os preços de soja e derivados também estão em alta, devido ao aumento na demanda externa e à piora na qualidade das lavouras do país. Na Bolsa de Chicago, na média de agosto, o contrato de primeiro vencimento acumula alta de 0,5% sobre julho e 5,1% sobre a média de agosto/2019.

Referente ao farelo de soja, o contrato Setembro/2020 apresenta avanço de 0,4% nos últimos sete dias. Na média do mês, no entanto, há queda de 0,2% sobre julho e de 1,6% sobre agosto/2019. Quanto ao óleo de soja, as valorizações são de 6,4% nos últimos sete dias, de 8,5% no mês e de 10,9% no ano. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as exportações norte-americanas cresceram 24,5% entre as duas últimas semanas e 19,1% quando comparado aos embarques do mesmo período de 2019. Ainda assim, no ano-safra (setembro/2019 a 20 de agosto/2020), as vendas externas totalizaram 42,24 milhões de toneladas, 5% inferiores às do mesmo período da temporada anterior. De acordo com relatório semanal de acompanhamento de safra do USDA, divulgado no dia 24 de agosto, 55% das lavouras de soja nos Estados Unidos estavam em condições boas e 14%, em excelentes, abaixo dos 56% e 16%, respectivamente, na semana anterior. Em condições ruins e muito ruins estavam 8% das lavouras, acima dos 7% na semana anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.