26/Ago/2020

A Cargill pode rever investimentos na produção de biodiesel no Brasil caso seja reavaliado o aumento progressivo do percentual do biocombustível no diesel ou reduzida a mistura obrigatória. Os planos podem, eventualmente, ser revistos por causa dessa nova incerteza em relação à aplicação dos mandatos. Distribuidoras de combustíveis têm defendido a redução na mistura do biodiesel no diesel argumentando que a oferta é insuficiente para atender à demanda, o que é contestado por associações de produtores do biocombustível. O governo reduziu de 12% para 10% a mistura do biodiesel ao diesel para as entregas em setembro e outubro do Leilão 75 (L75).

O leilão foi interrompido na terceira etapa pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), chegou a ter sua retomada suspensa por decisão judicial, mas acabou sendo reiniciado na etapa 3 no dia 20 de agosto. A redução no percentual desagradou aos produtores. Foi criado um comitê interministerial que terá integrantes dos produtores e distribuidoras, além da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Ministério das Minas e Energia (MME), para acompanhar a oferta e demanda de diesel B e biodiesel para os próximos meses. A legislação atual fixa porcentuais crescentes de mistura obrigatória do biodiesel no diesel, de 13% (B13) em março de 2021, 14% (B14) em março de 2022 e 15% (B15) em março de 2023.

A Cargill está acompanhando as discussões, mas preocupa bastante a possibilidade de retrocesso no mandato em um momento em que esmagadores se preparam para atender ao aumento da mistura até 2023. É suficiente para gerar atenção sobre a necessidade de mais estudo e conforto para ver se a rota esperada se mantém. A expectativa do setor é de que o plano de percentuais crescentes de adição do biodiesel ao diesel siga o programado. Não há tranquilidade para uma empresa que planeja investir, aumentar a sua capacidade, pois pode haver um retrocesso no mandato. Isso não está alinhado com o que se espera de um mercado claro e com previsibilidade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.