ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

24/Ago/2020

Tendência de alta e de preços recordes para a soja

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com oferta escassa para esmagamento e produção de coprodutos (farelo e óleo), dólar em alta, prêmios subindo nos portos brasileiros, exportações aceleradas neste ano e disputa de matéria prima (grão) entre as indústrias de esmagamento e exportadores. Os preços da soja em grão seguem renovando as máximas nominais no Brasil. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta significativa alta de 5,5%, cotado a R$ 133,20 por saca de 60 Kg, recorde nominal da série histórica. Em termos reais, esse valor se aproxima do patamar recorde, de R$ 139,20 por saca de 60 Kg, registrado em setembro de 2012 (médias mensais deflacionadas pelo IGP-DI de julho/2020).

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 5% nos últimos sete dias, a R$ 126,96 por saca de 60 Kg, também máxima nominal e o maior patamar real desde setembro/2012, quando a média mensal foi de R$ 132,95 por saca de 60 Kg. O recorde real dessa série, por sua vez, de R$ 149,71 por saca de 60 Kg, foi registrado em outubro de 2002. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram alta de 3,6% no mercado de balcão e de 3,7% no mercado de lotes. Além do baixo excedente interno, o movimento de alta está atrelado à apreciação do dólar frente ao Real. O dólar voltou a subir e ultrapassou os R$ 5,60, também se aproximando do recorde nominal, verificado em maio deste ano, o que mantém a commodity brasileira mais atrativa aos importadores. Apesar desse cenário, a liquidez para entrega no spot nacional está lenta, uma vez que a disponibilidade de grão é baixa e os produtores não têm interesse em comercializar novos lotes da safra 2019/2020.

As negociações envolvendo a temporada 2020/2021 estão mais aquecidas, favorecidas por valores de vendas antecipadas bastante elevados. A paridade de exportação indica preços a R$ 122,67 por saca de 60 Kg para fevereiro/2021; a R$ 119,80 por saca de 60 Kg para março/2021; a R$ 118,79 por saca de 60 Kg, para abril/2021; a R$ 122,19 por saca de 60 Kg, para junho/2021 e a R$ 122,31 por saca de 60 Kg, para julho/2021 (foi considerado o dólar futuro negociado na B3). Com o mercado atrativo, os produtores devem elevar a área com soja na temporada 2020/2021, que pode começar a ser semeada em setembro em alguns Estados brasileiros. Em Mato Grosso, mais de 50% da safra 2020/2021 foi comercializada em Mato Grosso. As vendas para entrega entre fevereiro e julho de 2022 também já vêm sendo verificadas (safra 2021/2022). Ressalta-se que esse tipo de comercialização envolvendo o produto que será colhido daqui duas safras é um fato inédito. 1,3% da safra a ser produzida em Mato Grosso na temporada 2021/2022 já foi negociada.

Mesmo com a alta no preço da matéria-prima, as indústrias têm conseguido repassar o custo para os derivados e seguem ativas nas compras de novos lotes de grãos. Isso porque a demanda por farelo e óleo de soja continua aquecida. Inclusive, quando considerados os preços FOB de soja, farelo e óleo de soja, pelo Porto de Paranaguá (PR), o crush margin com embarque em outubro/2020 registra expressiva alta de 21,4% nos últimos sete dias. Os consumidores domésticos que estavam resistentes em fechar novos negócios, agora, mostram necessidade de adquirir lotes para o curto prazo. Assim, os preços de farelo de soja apresentam avanço de 4,5% nos últimos sete dias. A média da parcial de agosto supera em expressivos 35% a de agosto/2019, em termos reais. Em São Paulo, na região de Campinas, o farelo é negociado no maior patamar real desde dezembro/2013. Em Santa Catarina, na região de Chapecó, os preços são os maiores desde fevereiro/2014 e, em Goiás, na região de Rio Verde, no Paraná, na região de Ponta Grossa e norte e oeste do Paraná, desde junho/2016.

A comercialização de óleo de soja está aquecida, com entrega em setembro e outubro deste ano. As indústrias têm feito compras agendadas. Ainda assim, demandantes nacionais relatam grande dificuldades nas aquisições desse derivado, o que tem feito com que alguns importem lotes de óleo de soja do Paraguai. Os preços do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), registram leve recuo de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 5.481,16 por tonelada. O produto com 7% de ICMS, posto em São Paulo, já está mais caro que o com 12% de ICMS, a R$ 5.517,50 por tonelada, cenário atípico. As indústrias não têm diferenciado os preços de venda entre esses dois tipos de negócios. Na Bolsa de Chicago, os futuros estão em alta nos últimos sete dias, impulsionados pela piora na qualidade das lavouras norte-americanas e por expectativas de maiores vendas para a China na próxima temporada, que se inicia em setembro.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 16 de agosto, 56% das lavouras de soja nos Estados Unidos estavam em condições boas e 16%, em condições excelentes, abaixo dos 57% e 17%, respectivamente, na semana anterior. Em condições ruins e muito ruins estavam 7% das lavouras, acima dos 5% na semana anterior. Vale observar que, no mesmo período do ano passado, 14% das lavouras estavam em condições ruins e muito ruins. Diante disso, o contrato Setembro/2020 da soja registra valorização de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 9,03 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo apresenta avanço de 0,6%, a US$ 323,86 por tonelada. O contrato Setembro/2020 do óleo de soja acumula leve alta de 0,2%, indo para US$ 690,04 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.